terça-feira, 31 de julho de 2007

Um dedo de prosa dentro da poesia!

AH! QUE MUNDO ERÓTICO!

Há flores nos seus olhos, nas pupilas há um jardim
Um mundo novo e colorido que há dentro de si

Deixa-me desvendar cada mistério
Cada lugar, cada curva e cada cicatriz
Deixa-me sonhar se ainda posso ser feliz
Tira-me desse cemitério
De falsas vidas
De vidas falsas
De valsas sem danças
E danças sem valsas

Tira-me desse cárcere ao ar livre
Quero asas de poesia
Quero beber em demasia
Dormir na sua lembrança
Devorar sua companhia
Enforcar-me nas suas tranças
E morrer na sua orgia!

Há flores nos seus olhos, nas pupilas há um jardim
Um mundo novo e colorido que há dentro de si

Deixa-me flutuar na sua órbita psicodélica
Explorar cada centímetro de você
Quero vê-la derretendo de prazer
Na nossa devassidão homérica.

Há flores nos seus olhos, nas pupilas há um jardim
Um mundo novo e colorido que há dentro de si

sexta-feira, 27 de julho de 2007

NOTA DE SOLIDARIEDADE

Essa nota de solidariedade ao meu amigo de longas datas Orfeu Junior, uma pessoa íntegra e um grande profissional

FAROESTE JAGUARUANENSE


Soube da notícia através do Portal de Notícia do Planeta Agito:
(http://www.planetagito.com.br/portal/index.php?pg=noticia&id=30) de um acontecimento que me deixou indignado. De antemão, não quero aqui entrar no mérito da questão que originou esse atentado – independente disso – as autoridades públicas do município têm as suas parcelas de culpa. Sei que insegurança é um fato que permeia todo o território nacional e que se tornou um problema endêmico, porém não é por essa razão que as autoridades devam tratar a insegurança como um fato consumado e/ou algo sem uma solução definitiva. Apavoro-me com a onda de criminalidade que ronda em nosso município e a inoperância de nossas autoridades que são incapazes de combatê-la na mesma intensidade. Falta inteligência? Não sei! Falta competência? Talvez! A verdade que a população clama por um posicionamento nítido de nossas autoridades e não esse jogo de “boca fechada não entra mosca”. Todos os poderes executivo, legislativo e judiciário têm o dever constitucional de trabalhar pelo bem comum e a integridade do cidadão. O silêncio é para os covardes, a letargia é para os ociosos e a inoperância é para os incompetentes ou tolos, meu amigo Orfeu Junior por não possuir nem desse defeito foi gravemente lesionado por facínoras, cujas identidades ainda são desconhecidas. Será vingança? Ameaça? Violência pura? Seja qual for o motivo, o mesmo anula-se quando é um atentado a vida de um ser vivo. Meu pai me ensinou que mesmo em legitima defesa não há justificativa cabível para se tirar à vida de um ser humano, sendo a vida uma dádiva de Deus e sempre que acontecer tal atrocidade devemos nos indignar-se, buscando com os dispositivos legais que a justiça prevaleça. Não sou jurista! Mas creio que se toda autoridade jurídica e/ou política tivesse essa mentalidade que meu pai me ensinou, certamente haveria mesmo insegurança nesse país tanto na terra, no mar e no ar.
Voltando ao assunto do atentando ocorrido com meu amigo Orfeu Junior, há rumores que isso tenha sido fruto de uma ameaça passada. Se as investigações levarem para essa constatação, aí minha indignação ficará ainda maior por saber que o banditismo está literalmente governando a minha cidade. A cessação de liberdade que já é bem típica em Jaguaruana terá atingido o seu limite máximo e voltaremos a vivenciar os momentos sombrios pelos quais passaram os que viveram em 64 (se é que já não vivemos, fica essa dúvida no ar).Se o atentado tiver ligação com essa ameaça os culpados independentes de suas posições sociais e políticas deveram ser punidos dentro dos parâmetros da lei, porque ao contrários desses facínoras nós que vivemos num estado democrático de direito, clamamos apenas por justiça.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

LETRAS QUE PODEM SER MUSICADAS

SAIA MEU AMOR!

Saia do seu castelo marfim
Venha me ver
Conhecer o melhor de mim

Vou te fazer todas as vontades
Tu não sabes de mim
Nem a metade... Da metade do meu ser

Saia do seu castelo de marfim
Vem mergulhar
Nesse mar que fiz pra ti

E deságua mim... Deságua mim

Saia do seu castelo de marfim
Conheça a vida
Que há além do seu jardim

Um sol brilhante que arde lá no céu
Num horizonte de papel
Que foi pintado por mim

Esqueça tudo que há ao seu redor
Ouça canção que eu canto para ti
Eu digo mi, eu digo sol, eu digo lá
Eu digo Ré, eu digo fá, eu digo si
Eu digo dó.

Palavras ao Vento

“Cada vez mais os seres humanos do mundo todo têm se “harmonizado” para promover, simplesmente, uma extinção em massa. Eis o milagre da Globalização!”
Nick Walken

terça-feira, 24 de julho de 2007

segunda-feira, 23 de julho de 2007

UM ABOIO

CRISE AÉREA: UM PROBLEMA NACIONAL


Luis Inácio Lula da Silva precisa urgentemente de uma assessoria competente. Ultimamente, o Presidente tem se mostrado desorientado com os acontecimentos do país. O seu pronunciamento demasiadamente tardio, cerca de três após o maior desastre aéreo do Brasil, demonstrou que o governo dormiu no ponto perante a comoção nacional que exigia uma reação do governo. As medidas proferidas pelo Presidente, em cadeia nacional de rádio e televisão, para sanar definitivamente a crise aérea no país não foi nada convincente. A solução não está na construção de um novo aeroporto e/ou diminuição do tráfego em Congonhas, tem que ser promover ações que tem um raio de ação para todo o território nacional. Ou teremos que esperar acontecer em cada estado da Federação um acidente aéreo para se tomar às devidas soluções? O caos aéreo é um problema nacional, não é exclusivo de São Paulo ou Congonhas... Tem que se acabar com esse discurso pela metade. O Brasil tem que parar com essa atitude de só tomar medidas importantes diante de um desastre ou calamidade. Assim foi com o apagão elétrico e está sendo com o apagão aéreo, é hora de acabar com essa pouca vergonha e mostrar respeito com o povo brasileiro que pagam muito caro por um governo de fantasmas. Não estou aqui só me referindo a Lula, mas a todos que passaram pelo governo e adormeceram sobre suas vaidades, esquecendo dessa nação deverás sofrida.

Um dedo de prosa dentro da poesia!

MINHA BOSSA ESCATOLÓGICA (COMPLETAMENTE DESAFINADA)


Sinto o seu olhar sobre meu
Como um barco que ancora
E quietinho se escora
No porto do coração
Sinto cada vez a sensação
De ser seu nesse olhar
E consigo compartilhar
Os segundos de momentos.

O seu corpo em movimento
Deixa-me ebulição
Ai! Meu pobre coração
A pulsar na melodia
Tendo a sua companhia
Na minha vida colorida

Ela é a vida
Ela é a vida

Eu vivo apartir de você
E sem você não sei viver

Ela é a vida
Ela é a vida

Todo o ar que eu respiro
Eu sinto você comigo

Como um sonho bom de amor.

UM ABOIO

"Ouvi o solfejo do vento-leste que me trouxe saudade de Aracati... E a solidão que ora me acalenta acabou por me deixar mais triste. Sinto algo dentro de mim que me remete àquela cidade. Ah! Que saudade dos Bons Ventos a afagar meu rosto e o seu cheiro de mar descortinando por todos os lados. Saudade dos casarios que são velados pelo egocentrismo de suas autoridades e a cegueira de sua população, das noites profanas e religiosas de São Sebastião, das manifestações artísticas de seus brincantes mais humildes. Preciso vê-lo e devorá-lo numa cumbuca de barro."

sexta-feira, 20 de julho de 2007


UM ADEUS A ACM


O senador democrata Antônio Carlos Magalhães (ACM) faleceu às 11h40 nessa sexta (20), ao 79 anos, "em decorrência de falência de múltiplos órgãos secundária à insuficiência cardíaca" conforme nota divulgada pela Assessoria do Incor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas). O cerimonial fúnebre será em Salvador e a Presidência da República já disponibilizou um avião FAB (Força Aérea Brasileira) para fazer o translado. O falecimento do maior ícone político da Bahia e do Nordeste, que pegou de surpresa um Brasil ainda traumatizado com o desastre da TAM, tem uma repercussão muito grande no meio político Brasileiro. ACM que atravessou as épocas mais representativas da história política do Brasil, representava o poder quase hegemônico de um homem que sempre soube trilhar com competência os caminhos tortuosos da política. Passando pelos governos militares, redemocratização e estabilidade econômica, ACM deixou sua marca (boa ou ruim) em todas essas etapas importantes da vida de nossa nação. Admirado e odiado Antônio Carlos Magalhães solidificou uma das maiores oligarquias do Brasil, o “carlismo” na Bahia só viria a ser sobrepujado nessas últimas eleições pelo PT na figura do governador eleito Jacques Wagner. Mesmo derrotado ACM como um general audaz que não se entrega em batalha, certa vez sentenciou: “Daqui a pouco, vossas excelências vão ver o desastre do governo baiano e a volta triunfal do carlismo" prenunciou.


Palavras do Aboiador: Quem pensar que o Carlismo desfaleceu junto com o seu maior Cacique está redondamente enganado. Faço minhas as palavras do Cientista Político Paulo Fábio Dantas Neto (vide a entrevista dele no site: http://g1.globo.com/Noticias/Politica/0,,MUL56648-5601,00.html)

quinta-feira, 19 de julho de 2007

UM ABOIO

MEDO DE AVIÃO


Parafraseando o título de uma das mais famosas músicas de Belchior, intencionalmente, refiro-me a um sentimento que toma todo o território nacional, desde o apogeu da crise aérea até a recente tragédia área que se abateu em Congonhas. O fatídico acidente do “Airbus” A320 da TAM que se chocou com um prédio de Carga e Descarga da Companhia Área, configurando-se como o maior acidente da aviação Brasileira e revelando a insegurança aérea que sobrevoa o céu tupiniquim. Desde o caso Legacy, o país afundou numa crise sem precedentes na história, a pane de sistema, atraso em aeroporto, filas e CPI. O presidente, figura apagada, parece assistir a tudo com parcimônia, suas ordens são palavras ao vento que passam distantes dos seus subordinados (se é que esses não fazem ouvido de mercador). A verdade é que se antes o pobre é desprotegido, hoje a classe média e alta encontra-se no mesmo patamar com as sucessivas crises. O governo agora vai acordar só porque morreu deputado, empresário, magnata... Se fosse um pau-de-arara e morressem 500 pessoas, o governo não se portaria em pelo menos consertar as estradas. É o velho negócio, você só vale o que tem. No mais, uma coisa eu sei, para a morte não tem esse negócio de classe social... passou pelo seu crivo pode dizer adeus.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

DIVINA COMÉDIA URBANA


Quero a cidade!



Quero debruçar-me no jardim da cidade
Cheirar suas flores metálicas
Podar suas folhas enferrujadas
Olhar a sua grama de concreto

Quero debruçar-me no jardim da cidade
Escalar suas árvores de arranha-céu
Provar dos seus frutos genitais
E cada orvalho etílico

Quero desligar seu sol no abajur
Invocando a noite com o luar
Quero sair e conhecer seu jardim
Entorpecido pelo sopro do seu bafo

Quero debruçar-me na sua areia
Desenhar com o meu corpo minhas vontades
Quero ser seu parceiro, um ombro amigo
Quero debruçar-me no jardim da cidade.

UM ABOIO


O milagre dourado do Brasil


A primeira medalha Brasileira veio de onde talvez o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) menos esperava e pelo perfil de um atleta que eles também não previam. O ouro veio pelas mãos de um negro cujo sobrenome é marca de um autêntico brasileiro: Diogo Silva. Sem apoio nem mesmo de sua Confederação que devia defender seus direitos, o Diogo superou a maior luta que todo atleta brasileiro enfrenta dia-a-dia: má distribuição de renda até nas políticas desportivas. O atleta ganha a quantia de R$ 600,00 mensais, quando não atrasava e ainda tinha um tratamento discriminatório... Essas atitudes desonrosas eram tão comumente praticadas, que ele (Diogo Silva) chegou a faz o gesto dos “Panteras Negras” nas Olimpíadas da Grécia, quando na ocasião ganhou a medalha de bronze. A sorte de Diogo e de uma parte dos atletas brasileiros é o que chamo de milagre brasileiro, só o milagre faz esses atletas vencerem apesar de todas as adversidades que existem nesse país. A falta de apoio, patrocínio e respeito para com os atletas, era para o nosso país figurar nas últimas posições nos ranking’s das competições. Temos que comemorar o ouro desse negro lutador, mas devemos olhar esses atletas com mais zelo e respeito que magistralmente honram a bandeira desse país.

UM ABOIO

As vaias podem ser sinal de uma coisa boa!


Não entendo muito o porquê do medo das vaias. Tudo bem que ninguém goste de ouvi-la por mais merecidas que seja. Porém, a vaia pode ocultar no seu manifesto a insastifação, a vontade popular que foi postergada e/ou mal executada. Essa manifestação desagradável, mas legítima num Estado de direito e democrático, pode servir de subsídio para a mudança nas diretrizes de um governo, que ouve e respeita as manifestações populares. O brado monossílabo e prolongado do som: “uh!”, nos últimos dias espatifou os brios do Presidente Luis Inácio Lula da Silva na cerimônia de abertura do Pan, impossibilitando-o de pronunciar: “Está aberto os Jogos Pan-americanos”. É verdade que ouvir vaias num Macaranã lotado e perante as lentes, gravadores e repórteres de todo o mundo é muito vexatório, creio que mexeria com os brios de qualquer um. Algumas pessoas do governo afirmaram que as vaias foram “orquestradas”, suspeitas a parte, bem que o Presidente podia tirar um bom proveito daquilo tudo. Talvez o “Pan” está sendo bom para o Seu Nuzman, César Maia e uma cambada de pessoas que se beneficiaram com esse investimento bilionário, mas a população em geral é quem tem sofrido com a violência, a má distribuição de renda e miséria na cidade do Rio de Janeiro... Desde de quando fazer Estádios e/ou espaços olímpicos vão resolver os problemas de nossa terra, esses espaços luxuosos feitos com o dinheiro público servirão exclusivamente para uma minoria de atletas. O acesso da população será através de um ingresso, vendido a preços exorbitantes. Se Lula tivesse analisado as vaias, teria ouvido nas entrelinhas do brado monossílabo o seguinte recado: “o que foi que o senhor fez o com nosso dinheiro?”, “Que fria, hein presidente! Jogando bilhões pelo ralo da privada!”. Ao invés da melancolia admitida em seu próprio programa “Café com Presidente”, Lula devia ter o ouvido as vaias e dito no mesmo instante: “Não está aberto os Jogos Pan-americanos, devolvam o dinheiro do povo”, talvez naquele instante as vaias tivessem se transformando num sonoro aplauso de alívio dos diversos contribuintes que estavam nas arquibancadas. Mas isso é apenas minha versão analítica do fato. Como toda análise podem-se apresentar várias versões e o Presidente aproveitando esse momento importante, deveria tentar descobrir o porquê de tanta insatisfação de sua figura. Sejam vaias orquestradas ou não... E desse momento tirar uma lição de humildade: “o aplauso é fugaz, mas a vaia é a eterna”. Às vezes é preferível ser vaiado por uma minoria abastarda do que por todo povo pobre do Brasil!

sexta-feira, 13 de julho de 2007

UM ABOIO

SERÁ A IGREJA CATÓLICA A ÚNICA IGREJA DE CRISTO?

"Repostas a questões relativas a alguns aspectos da doutrina sobre a Igreja"

Um dos textos mais polêmicos que já foi publicado pela Santa Fé saiu do prelo no dia 10 de Julho de 2007 e ganhou o mundo, subsidiando as mesas de debate do mundo religioso. O documento cujo título é: "Repostas a questões relativas a alguns aspectos da doutrina sobre a Igreja", traz em seu conteúdo uma afirmação direta que a Igreja Católica é a única igreja deixada por Cristo, quando de sua passagem aqui na terra. “Cristo “constituiu sobre a terra” uma única Igreja e instituiu-a como “grupo visível e comunidade espiritual”, que desde a sua origem e no curso da história sempre existe e existirá, e na qual só permaneceram e permanecerão todos os elementos por Ele instituídos. “Esta é a única Igreja de Cristo, que no Símbolo professamos como sendo una, santa, católica e apostólica […]. Esta Igreja, como sociedade constituída e organizada neste mundo, subsiste na Igreja Católica, governada pelo Sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele” relata o texto. Essa afirmação documental caiu como uma bomba nos movimentos religiosos, sobretudo nos protestantes e ortodoxos. E o texto vai além quando declara que a Igreja Católica é a única que dispõe dos meios de salvação, renomeado as outras igrejas com a alcunha de “comunidades eclesiais”. A ousadia do pontífice Bento XVI pode dificultar as frágeis relações ecumênicas que a Igreja Católica atualmente mantém com os diversos segmentos religiosos. Em todo mundo os líderes religiosos têm se manifestado contra esse documento e ameaçado postergar suas relações com os católicos, se não houver uma remissão pública por parte do Vaticano.


Palavras do Aboiador: Nas próximas postagens do diário virtual estarei voltando ao assunto, depois de uma pesquisa criteriosa, para dar o meu juízo de valor sobre o assunto. Nos próximos dias, vou me debruçar sobre os livros, sobretudo a Bíblia, e de uma maneira lúcida redigirei um artigo a respeito disso. De antemão afirmo que tenho muito medo quando uma instituição seja religiosa ou estatal sustenta o discurso da superioridade, isso tem o cheiro belicoso de intolerância... espero que eu esteja enganado!

DOIS PONTOS INVERSOS - II

DISCURSO DE UM APAIXONADO


Prefiro não ver com os olhos. Olhos são traiçoeiros, completamente imprecisos. Busco o além do além que existe em cada coisa. Ponho os pés no riacho, entrego-me a incerteza de viver. Nada para mim se reduz a uma expressão algébrica, logarítmica ou exata. Tenho uma paixão desmedida pelo mistério... Bebo compulsivamente da poesia. Ah! Poesia a bebida dos rebeldes, dos impuros, das ovelhas que se perdem! Não me contento com o horizonte, quero mais. O limite é algo que não existe, não há barreiras quando suas asas são feitas de sonhos, podemos voar e transpor todas as galáxias num estalar de dedos. Quem quiser que fique com a facilidade do certo, do que concreto. Eu prefiro o risco, o constante perigo de viver... A embriaguez da ousadia... Não há nada mais tentador, mas apaixonante. Aliás, como é bom entregar-se as paixões, ao que se não entende, ao que faz borbulhar dentro do corpo inexplicavelmente. Creio que a evolução humana veio do sonho, do impossível e da poética ousadia humana de ser algo mais... Aqueles homens na caverna amedrontados com o que os olhos viam, enfunavam-se nas cavernas fugindo das peripécias naturais e dos perigos que estava reservado ali! A ilógica salvou o homem, quando as condições ao seu redor mandavam-lhe se proteger, algo dentro dele (sem explicação) mandava enfrentar.
Amo a poesia pela sua pouca clarividência, por colocar a vida como enigma e não como uma solução redonda sem decimais. A poesia bofeteia-nos com um turbilhão de interrogações, mas também mostra a plenitude das coisas simples, rudes e inatura. E aí está o enigma, enquanto se buscam as grandes coisas com estardalhaço, a natureza mostra que a simples função do micróbio regulamenta o mecanismo da vida de todos. Isso é pura poesia!

quinta-feira, 12 de julho de 2007

DOIS PONTOS INVERSOS - I

DISCURSO DE UM HOMEM DE CIÊNCIA

Meus olhos não vêem além do que me dizem, do que eu consigo alcançar através da razão cartesiana. Não acredito no pote de ouro no fim do arco-íris, nem no que está além do horizonte. O céu é o limite, o que há além dele não é do meu feitio. Aonde não houver racionalidade não existe nada! O abstrato é uma coisa fantasiosa para contrapor tudo que é legítimo e racional. Não há espaço para o achismo, a poesia, o devaneio, a filosofia e as incertezas nascidas dessa fraqueza humana de buscar o mistério. Apesar dessa material biológica que carrego, sinto-me de aço, chip, plasma e fios. Viva o contemporâneo, a digitalização da vida e a virtualidade do cotidiano. A ciência cuida da minha vida, protegendo-me do obscurantismo e das abstrações, sobretudo, poéticas. Pra quê a poesia?
Poesia não faz carros, nem casa e nem prédio. Poesia não traz conforto e nem acesso à Internet. Poesia traz dúvida, nega axiomas, perturba a cabeça e quase indecifrável!

UM ABOIO

A cultura popular, acima de tudo, é um tesouro de valor incalculável. Nossa identidade e essência como nação não pode ser construída sem a premissa cultural, ainda mais se esta estiver arraigada ao legado de nossos ancestrais. O imaginário religioso de nossa gente – parte preponderante da cultura nordestina – tem que ser preservada e difundida nas novas gerações, com escopo de reforçar nossa alicerce histórico e social. O zelo e respeito as manifestações culturais tem que ser a missão primeira de todo e qualquer cidadão, compromissado com o bem-estar e desenvolvimento humano de um país.
É preciso conhecer nossas raízes e mergulhar de cabeça em nossa história, só desta forma entenderemos nossa identidade como nação. A religiosidade nordestina é um mosaico de manifestações culturais, donde se ver nitidamente o sagrado e o profano juntos celebrando a sabedoria popular construída através do tempo. Tornando-se também um campo fértil para práticas empíricas, visto que suas raízes nos remete ao um Brasil Cabralino e Jesuíta. Zelar essas heranças imateriais tornou-se algo importantíssimo no processo histórico de qualquer nação. O teatro e toda as suas vertentes, bem como a cultura popular e suas ramificações (cordel, bumba-meu-boi, vaquejadas, pastoris, quadrilhas e etc.), decerto é uma fonte inesgotável de investigação empírica. Partindo desse prisma, construiríamos uma miscelânea histórica do Brasil, apartir da visão popular dos que ficaram sempre à margem da História padrão.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

DIVINA COMÉDIA URBANA

ALGUMAS FACES DA CIDADE

Estou nos olhos do mendigo
Nas mãos estendidas de uma pedinte
No nariz escorrido de uma criança
Às vezes sou esperança,
Outras horas sou pessimismo
Escondo-me no cinismo
Da prostituta
Do vendedor
Do bicheiro
À noite sou jogador
Pelo dia, biscateiro.

Estou nas palavras da cigana
Na leitura de sua mão
Nas cartas de baralho
Só não estou no teu futuro
Sou liberdade, sou muro
Um oceano e uma gota
Mariposa, mosquito e mosca
Sou nada, sou tudo
Resto, lixo e luxo.

UM ABOIO

COMENTÁRIOS A RESPEITO DA MINHA CIDADE



Minha cidade tem o cheiro podre de um passado, que resiste no presente como uma herança maldita e perpétua. O nosso legado político é como um câncer que enfraquece a nossa história, emperra o desenvolvimento e a qualidade de vida. As administrações temerárias, que tivemos durante toda nossa história, foram responsáveis diretamente pelo nosso atraso e por todos problemas sociais que enfrentamos nos dias de hoje. O despreparo dos governantes, a incompetência, a negligência, o mau uso do dinheiro público são os principais ingredientes que permearam todos os governos municipais. Jaguaruana amarga um retardamento vergonhoso. Por culpa desses tropeços administrativos e principalmente o voto errado do povo contribuiu e muito para essa situação. Isso é uma verdade. O povo tem se seduzido pelo dinheiro, pela posição social e pela mentira descabida. As figuras políticas da cidade, em época de eleição, vestem-se de cordeiros e saem por aqui ludibriando todos ao seu redor. Vocês já perceberam que na eleição essas figuram andam no meio do povo, tomam café de pobre, tomam cachaça, comem feijão com gorgulho, beijam, abraçam e choram. Depois da eleição, independente de eleito ou não, viram as costas para os seus eleitores e trancam-se em seus casulos dourados, só voltando a dar o ar da graça depois de quatro anos.
Jaguaruana atualmente sofre de um mal endêmico que é provocado pela desinformação e pelas falsas verdades que aprendemos nas corridas políticas, tais como: “Se não tiver dinheiro não ganha eleição” “Fulano é bom porque é rico” “Sicrano é ruim porque é liso” “Se fosse eu roubaria também” entre outras. Precisamos de um antídoto para acabar com esse mal de uma vez por toda, pelo bem de nosso povo e pelo bem de nossa história.

Um dedo de prosa dentro da poesia!

EM OUTRAS PALAVRAS

As palavras, por vezes, são como navalhas
Cortam o silêncio, abruptamente, sem dó
E decepa a sangue frio o pedestal de otimismo

As palavras amontoam-se num espaço
Transformando o que é uno em universo
O vazio branco do papel
Torna-se a órbita preferida dessas palavras

Mas a palavra não fica muda
Não se contenta só com escrita
A palavra escorre da boca
Foge do interior e entregar-se aos ares.

terça-feira, 10 de julho de 2007

Um dedo de prosa dentro da poesia!

SOB O SOL DE "BARREIRAS"

P/ TOM DO CEARÁ, CANTOR E COMPOSITOR CEARENSE

Sob o sol de “Barreiras”
É o violão quem me guia
Na doce e pura melodia
Do perigo que é viver
Ah! Ser ou não ser!
Vou velejar na maresia
Do oceano que me leva a você

Sob o sol de “Barreiras”
Eu cauterizo a ferida
E essa verdade distorcida
Que não dá para crer
Tudo isso vai morrer
Com o soar da poesia
Que eu ouço de você.

Sob o sol de “Barreiras”
Eu provo um novo som
Uma bomba de mil “megaton”
Que me faz reviver
Recriando-me em um novo ser
Nos versos do grande Tom
Sua música me faz torpecer.

UM ABOIO

FORTALEZA: UM MISTÉRIO URBANO
A cidade corre por dentro de minhas artérias. Meu coração a bombeia com força, jogando-a para todas as partes do meu corpo. Somos como irmãos siameses que interligados pelas vísceras compartilhamos toda uma vida, todos os sentimentos e andamos juntos para todos os lugares. A cidade finalmente devorou-me como um tupinambá pré-cabralino ou será que foi eu quem a devorou? Segue o mistério embrenhado nos porões escuros do meu subconsciente.

DIVINA COMÉDIA URBANA

TROVAS PARA UMA CIDADE-CANTADORA


Canta, canta minha cidade
Solta voz como um tenor
Transborda essa vontade
Mostra teu lado cantor.

Canta, canta minha cidade
Que nem é de nascimento
Mas te guardo de verdade
Dentro do meu esquecimento.

Canta, canta minha cidade
Sem o som de um instrumento
Mostra tua musicalidade
Até num engarrafamento.


Canta, canta minha cidade
A tua melhor melodia
Eu aprecio tua beldade
Nessa louca cantoria.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

DIVINA COMÉDIA URBANA

ANTROPOFAGIA URBANA

Meus nervos estão banhados de concreto
Minha pele é a epiderme do asfalto
Tenho me encarnado na cidade
E cidade tem se encarnado em mim

Sinto os meus passos nas marcas dos pneus
Sinto minhas tripas nos ruídos do motor
Sinto meu bafo expelido da sarjeta
Sinto meu “eu” em cada transeunte

Cada dia, penetro na cidade
E a cidade entranha-se em mim
Não sei até onde vivo essa voracidade
Uma antropofagia à tupiniquim.

UM ABOIO

SEFAZ-CEARÁ NÃO TEM SERVIÇO AUTOMÁTICO PARA ANALISE DO SUPERSIMPLES


Desculpe-me a audácia, mas creio que a Sefaz tem dificultado o processo de adesão do supersimples aqui no Ceará. A RFB (Receita Federal do Brasil) desde os meados de Junho/2007 disponibilizou um link em seu site para verificação de pendências impeditivas para migração do supersimples, as empresas podem analisar sua situação perante o fisco federal e num tempo hábil buscar sanar suas pendências. O fisco municipal seguindo a mesma linha do Federal, disponibilizou um link em que a empresa pode averiguar suas dependências e resolvê-las com um tempo bastante satisfatório. O que não se dar para aceitar é fato do Fisco Estadual está dificultando o processo de verificação de pendências, não quero acreditar que a incompetência reina dentro desse órgão do gabinete do secretário ao vigilante. Prefiro que se tenha uma resposta convincente para essa palhaçada. Palhaçada?! Talvez não, os palhaços são artistas competentes e não devem servir de analogia com esse fato vergonhoso e medíocre. A verdade que as empresas e diretamente o contribuinte é grande prejudicado de tudo isso, pagamos pela falta de inteligência da Sefaz, mas tudo bem... Fazer o que? Nesse país onde os valores estão inversos, é perfeitamente normal pagamos sempre essa conta.

Aqui no Ceará, estão enviando cartas às empresas para esclarecer sobre as dívidas e possíveis pendências impeditivas, isso é a evolução inversa. Daqui uns dias, talvez, retornem com o pombo-correio (o e-mail com asas). Essa atitude é deverás inconcebível... Mandar cartas (já que é pra ser retrógado é melhor usar o termo: missiva ou epístola) é um gasto desnecessário, dinheiro do contribuinte que desce pelo ralo da incompetência. O que custava disponibilizar um link no seu site assim como fizeram o Município e o Federal. Sinceramente, não dar pra se entender essa burrada estratosférica! Espero que esse processo neolítico do Governo Estadual dê certo, pelo bem do processo de migração do SuperSimples. E que Deus nos salve e proteja dessa burrice que se instalou no Fisco Estadual.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

O BAÚ DO ABOIADOR

Segue um trecho de um "galope" em que falo dos Repentista e Cantadores:

No mar azulado, surgiu Caravela
Singrando veloz, ancorou nessa América
E trouxe pra gente a herança ibérica
Do bardo cigano de vida singela
Cantando nas vilas, cantiga tão bela
Com versos perfeitos se punha inventar
Trazendo notícias de todo lugar
Pro povo tão pobre daquele reinado
Assim foi descrito do tempo passado
Nos dez de galope na beira do mar.


Porém há quem diga que há outra origem
Quem vem dos costumes do clã mulçumano
Não sei se é verdade ou terrível engano
A origem é incerta, há muita “fuligem”
Deixando de lado, a verdade e a vertigem
Eu vou de mansinho no meu versejar
Trotando na linha do que é popular
Eu falo duma arte tão pura e bacana
Que é linda, robusta, viril, soberana
Nos dez de galope na beira do mar.

Palavra cosida no verso repente
Faz rima correta na estrofe divina
Pintando a poesia de raiz nordestina
Jorrado da boca no tempo presente
Na vida terrestre não tem quem invente
Cultura tão linda, um valor singular
Se a gente soubesse que é bom preservar
O canto berrante de dois cantadores
Que cantam a vida com todas as cores
Nos dez de galope na beira do mar.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

DIÁLOGOS CORDELESCOS

Trecho da peça: "Sant'Ana: a mãe de Maria e Avó do Senhor Jesus" Autoria de Moacir Morran.

CANTADOR DE VIOLA 1:
Será que é o fim da história
Ou começo de uma nova
Um registro da memória
A esperança se renova
Nos olhos dessa menina
A nova era se comprova.

CANTADOR DE VIOLA 2:
Agora se fecha um ciclo
Mais um outro já se aflora
O que foi bom eu reciclo
No germinar desta aurora
Cantando em verso e prosa
O que aconteceu por ora.

CANTADOR DE VIOLA 1:
O nascer desta menina
Que seu nome, não sei não
E co’as graças do Senhor
Viu-se aqui sua conceição
Feliz por Ana e Joaquim
Eu canto com devoção.

CANTADOR DE VIOLA 2:
Eu improviso co’a alegria
Em sextilha popular
Espargindo a melodia
Pra tudo que for lugar
Pois meu canto rude e forte
É o rio correndo pro mar.

quarta-feira, 4 de julho de 2007

DIÁLOGOS CORDELESCOS

Moça do rio Serafim
Eu já não sei o que loucura
O que eu sinto por você
Vou levar pra sepultura
Essa vontade é tão grande
Não tem ninguém que segura.

Moça do rio Serafim
O meu destino é sofrer
Bendizer e cortejar
O meu amor por você
Servir-lhe a vida toda
E só por si vou morrer.

Moça do rio Serafim
Sua água me batiza
O seu beijo é ferro quente
Que me marca e martiriza
É uma ferida que dói
Mas depois se cicatriza.

DIVINA COMÉDIA URBANA

FORTALEZA-MULHER


Por entre a névoa de monóxido de caborno
Ofusco-me com teus olhos a cintilar como faróis
Diante de tantas partículas sujas no ar
Encontro-me com teu rosto límpido
A respirar ares de uma outra Fortaleza
Teus aranhas-céu desvirginando um céu tão pulcro
Mostra-me tua grandiloqüência urbana
Debruçada e desnuda para o Atlântico

Ó Fortaleza, mulher sedutora
Dá-me teu beijo mais cálido
Marque-me com o teu batom!

segunda-feira, 2 de julho de 2007

DIÁLOGOS CORDELESCOS

"Rio Serafim" é um dos pseudônimos do Rio Jaguaribe, no caso rio Serafim é o principal rio da cidade de Jaguaruana - Estado do Ceará.


Moça do rio Serafim
Vestida de chita e sol
Quero ver tu dormires
Debaixo do meu lençol
Só despertar de manhã
Co’o canto do rounixol.

Moça do rio Serafim
Do olhar muito encantado
Quero te dar uma casa
E um terreno capinado
Dou o que tenho nessa vida
Só pra ficar do teu lado.

Moça do rio Serafim
Venha banhar no meu rio
Nas correntezas do amor
Venha nadar no meu cio
Cola o teu corpo co’o meu
E expulsa de ti esse frio!