sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

UM ABOIO

OLHA O ARRASTÃO!

Um perigo iminente! Pessoas correndo, crianças chorando e outros morrendo... Um caos que surgiu de repente e se espalhou pelo centro da cidade como uma epidemia virótica. O caos tinha nome, os jornais vociferam em letras garrafais: arrastão. Mito ou verdade, creio eu, que o caos não questiona a essência do fato; ele acontece como aconteceu na Praça José de Alencar e desenrolou-se até a praça do Ferreira. Se for um mito o estopim do arrastão, ele por si só tornou-se verdade pelas proporções desastrosas nas quais ocorreram e se for verdade era bem melhor fosse um mito, que a nossa insegurança não chegou a um estado tão caótico. As autoridades incompetentes têm trabalhado para revitalização do centro, esquecendo-se da insegurança que é um tão elementar nesse país fuleiragem, mas a burrice tem dominado os Paços Municipal e Estadual. Estamos sendo governado por dois quadrúpedes, cada um na sua esfera mergulhados num mar de incompetência!

DIÁLOGOS CORDELESCOS

Moacir:
Vem pra cima vagabundo
Eu quero ver como é que é
Vou lhe dar um cangapé
E dois chutes no seu fundo
Tu pra mim tá moribundo
E já não vale um tostão
Vá plantar o seu feijão
Nas covas do seu roçado
Isso é que mourão voltado
Isso é que é voltar mourão.

UM ABOIO

Felicitações de Ano Novo de profissionais

Psicólogo: Nesse novo ano que seu Eros sejam tão imenso que suprima o seu Thanatos.

Matemático: Um novo ano com felicidades multiplicadas, conhecimentos somados e despesas subtraídas.

Empresário: Que esse ano seja tão lucrativo e até maior quanto do ano que passou.

Advogado: Desejo-lhe nesse “tenro espaço de tempo, cuja terra gasta uma translação completa em volta do sol” (vulgarmente conhecido por ano) infinitos votos de regozijo. Que nesse novo espaço de 12 meses, Vossa Senhoria possa ponderar sobre as incorreções pretéritas que estão embalsamadas em vosso sarcófago mnemônico (vulgarmente conhecido por memória).

Médico: Que esse novo ano seu quadro clínico permaneça estável.

Contador: Nesse ano novo que os ativos cresçam, bem como o seu poder de liquidez, e que o seu passivo diminua, tendo uma maior exigibilidade. No ano vindouro o seu patrimônio líquido tenha maximizações reais, possibilitando um crescimento estável que assegure a continuidade dos negócios.

DIÁLOGOS CORDELESCOS

Feliz ano novo de um Cantador:

Mais um ano que se acaba
Como palha em fogaréu
Mas um outro já desponta
No rosto do nosso céu
E que gente toda unida
Comemore essa partida
Com muito amor e escarcéu.

Um dedo de prosa dentro da poesia

Ah! Desabe sobre mim a insanidade poética
A ilógica apaixonante do que não se conhece
Algo dentro quer regurgitar a hipocrisia cientifica
Os hábitos dos salões e comensais.

Ah! Desabe sobre mim a embriaguez translúcida
Ao invés dessa lucidez regrada pela mentira televisiva
Quero um mundo antiquado sem o apelo pós-moderno
Sem a letargia veloz dos sistemas de (des)informação
Sem o alucinógeno nocivo das coisas ditas naturais.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Um dedo de prosa dentro da poesia

Os ventos uivam na cumeeira da casa
Parecem falar confidências à noite
E nós envolvidos nos lençóis felpudos
Confabulamos com os espíritos
O prazer que dar uma noite de frio

A chuva colidindo no telhado
Reforça a trilha sonora
E nos faz relaxar na penumbra.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Um dedo de prosa dentro da poesia

O cheiro de fezes está em minhas flores
Há açúcar nas minhas palavras de dores
Meu poema é uma grande janela aberta
Com erros nos versos faço a poesia certa

A imensidão poética é a minha solidão deserta
E o improviso entranhado na mente me flerta
Arrancando-me as feridas e todos rancores
Fazendo beber na vida de todos os licores

Ah! É isso sou um alcoólatra das palavras!
Um mendigo do verso malfeito, mas comestível
Um incrédulo que respeita e louva o Santo Deus

Que conhece o povo de Israel e os filisteus
Amante do desafino, da coisa que desentoa
Do poema moleque e de uma prosa boa.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

DIÁLOGOS CORDELESCOS

Diabo -
Lasca o pau nesse repente
Joga lenha na fogueira
Você tá com caganeira
Só de me ver na sua frente
Vou bater com meu tridente
Vou lhe dar um empurrão
Lhe jogar em um caixão
Pra depois ser enterrado
Isso é que mourão voltado
Isso é que é voltar mourão.

Letras que podem ser musicadas!

TUDO QUE É BOM É PRA DURAR

Quero te amar em Laos
Ao som de Manu Chao
Quero ser teu bem e mal
Na tua ressaca, ser uma sorrisal

Meu amor é verbo irregular
É despacho num alguidar
Meu amor é Mianmá
Me amar tem que ser com amor
Porque tudo que é bom é pra durar.

Que dure o temporário
Que dure o que é volátil
Que dure o que é fugaz
Que dure o momento que for preciso
Pra não se esquecer jamais.

Na minha boca quero a louca
Loucura de que vem do olhar
Quero as flores de Bagdá
O cheio de pólvora
Que flutua no ar

Meu amor é freudiano
É suave e draconiano
Meu amor é suburbano
Abano do meu calor
Por que tudo que é bom é pra durar

Que dure o temporário
Que dure o que é volátil
Que dure o que é fugaz
Que dure o momento que for preciso
Pra não se esquecer jamais.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

UM ABOIO

Aquele punhal frio podou-me as asas áureas das alucinações que me fertilizava os sonhos. Um anjo negro, extremamente feio, magro, torto e etílico com nome e sobrenome de pobre. Sou feliz, e esse é o único motivo que fez sobrevoar por sobre lugares e em todos eles conhecer a maravilha desse mundo. Fortaleço-me com as energias das pessoas com seus trejeitos, suas conversas e seus atos simples, se o mundo prestasse mais atenção para essas coisas talvez à vida seria um pouco mais confortante. Mesmo cortando minhas asas, não deixo de voar. O ato de voar vai muito além do bater de asas, é verdadeiramente entregar-se ao ar, desse ponto podemos ver que se entregarmos a vida ao bem e ao ar poderemos ver o verdadeiro contorno do mundo; um mundo sem a maquiagem hipócrita dos humanos.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

DIÁLOGOS CORDELESCOS

Diabo –
Nesse estilo, sou monarca
E ninguém me tira trono
Hoje vou tirar o sono
Desse cantador sem marca
Eu vou roubá-lo até a abarca
Não vai sobrar um tostão
Quero ver esse ladrão
No desafio derrotado
Isso é que mourão voltado
Isso é que é voltar mourão.

Moacir –
Vou jogá-lo na coivara
Com resto da sua família
Queimarei toda a mobília
Vou mandá-lo pro Saara
Pendurado numa vara
Feito um grande camarão
Hei de ouvir o seu perdão
Na minha frente, ajoelhado
Isso é que mourão voltado
Isso é que é voltar mourão.

DIÁLOGOS CORDELESCOS

Diabo –
Não me ponha nesse mico
Vou mudar a direção
Pulando para outro estilo
Conhecido por mourão
É o tal do mourão voltado
Quero ver sua precisão.

Moacir –
Eu vou e volto na poesia
Seja qual for o seu estilo
E na canção eu não vacilo
Não corro da cantoria
Tô pra ver na freguesia
Quem me segue na canção
Eu sou igual ao um furacão
Devastando um povoado
Isso é que mourão voltado
Isso é que é voltar mourão.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

DIÁLOGOS CORDELESCOS

Moacir –
No calor desse repente
Eu já tô cuspindo brasa
O cantador que não agüenta
Recomendo: vá pra casa!
Apronto o lombo meu amigo
Por que a minha pisa é rasa.

Diabo –
A minha poesia extravasa
E dá um giro no planeta
Mas a sua lira é capenga
O seu verso é tão zambeta
Você parece um gambá
Um caboré de chupeta.

Moacir –
Senta o pau! Ó seu capeta
Porco sujo, Ferrabrás
Capiroto, Barzabu
Pé-de-cabra, Satanás
Mequetrefe, não-sei-que-diga
Bicho-preto e bebe-gás.

Diabo –
Vá com calma meu rapaz
Não precisa avacalhar
É que o povo do Nordeste
Gosto muito de mangar
Já me deram tanto nome
Que não sei nem mais contar.

Moacir –
Tinhoso pra começar
Capa verde e Futrico
Gato-preto, Arrenegado
Fedegoso e Maçarico
Canheta, Tição, Tisnado
Feiticeiro e Zé Penico.

Letras que podem ser musicadas!

XOTE DO E-MAIL PERDIDO

Procurei aquele e-mail
Que você me enviou
Ah! Que desespero!
Procurei aquele e-mail
Mas ele não chegou.

A minha caixa de entrada
Está vazia
Assim como está
O meu coração
Desde que você
Me abandonou
Quando caiu a conexão.
Eu já não agüento
Tanta solidão
Por isso eu vou ficar on-line
Procurando o seu coração.

Procurei aquele e-mail
Que você me enviou
Ah! Que desespero!
Procurei aquele e-mail
Mas ele não chegou.

DIÁLOGOS CORDELESCOS

Diabo –
Quem é filho de mucama
Nunca vai ser majestade
Eu conheço sua raiz
E sei da sua orfandade
Fico triste e cabisbaixo
Com tanta mediocridade.

Moacir –
Aprendeu pela metade
O que se ensina na escola
Eu vou quebrar a sua cara
E triturar a sua viola
Depois desse desafio
Você vai pedir esmola.

Diabo –
Vou lhe pôr na caçarola
Quando azeite tiver quente
Hei de ver você fritando
E eu cantando alegremente
Ensinando pra esse povo
Como matar-se um demente.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

DIÁLOGOS CORDELESCOS

Moacir –
Vou falar do seu reverso
Na cadência do improviso
Vou dizer os apelidos
O tamanho do seu siso
A sua vida e o seu trabalho
Vou falar o que é preciso.

Diabo –
Mas não é por falta de aviso
Que a derrota lhe cai bem
No jogo de improvisar
Sou veloz que nem o trem
E cantador da sua raça
Eu peneiro com xerém.

Moacir –
Não vale nem um vintém
O seu talento e sua fama
O peso da sua poesia
Não mede nenhuma grama
O seu nome tá perdido
E sua honra tá na lama.

DIÁLOGOS CORDELESCOS

Diabo –
Pois agüente o meu torpedo
Entranhado em cada verso
Se acalme no tamborete
E procure o seu universo
Vou lhe dar a dimensão
De como é que sou perverso.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

DIÁLOGOS CORDELESCOS

Moacir –
No desafio, sou temido
E na viola ponho medo
E você tenha cuidado
Se tropeçar num lajedo
Pois se você cair de bunda
Eu, sem pena, passo o dedo.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

DIVINA COMÉDIA URBANA

Ó Ninfeta de cimento e concreto
Quero furtar-lhe um beijo
Tocar-lhe os seios
Sentir sua vulva

Ó Ninfeta de cimento e concreto
Leva-me por caminhos incertos
Mesmo estando certo aonde vai chegar

Quero tuas luzes, cada esquina e avenida
Bebidas, cigarros, putas e travestis.

DIÁLOGOS CORDELESCOS

Diabo –
Eu não sou de esmorecer
Com menino desnutrido
Vou lhe dar uma rasteira
Duas tapas no pé do ouvido
Lhe ensinar a dar respeito
A quem sempre é merecido.

sábado, 1 de dezembro de 2007

DIÁLOGOS CORDELESCOS

Diabo –
Te conheço cão cotó
Perna fina de alicate
Volte logo para escola
Vê se aprende ser um vate
Aprendendo a respeitar
Cantador do meu quilate.

Moacir –
Eu não fujo do combate
Gosto mesmo é de bater
Mula cega como tu
Vou botando pra fuder
E co’a minha palmatória
Quero ver você aprender.