segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Letras que podem ser musicadas

MEU USB E O TEU COMPUTADOR
(MARCHA CARNAVALESCA)

HOMEM:
Meu coração é “wireless”
Mas só pra você
Tua presença me enobrece
Faz meu HD enlouquecer
Vem e me acesse
Faça de mim, teu provedor
Eu quero pôr meu USB
Só no teu computador. (BIS)

MULHER:
Venha pra mim, meu servidor
Quero brincar no teu portal
Vamos salvar o nosso amor
No diretório Carnaval
Ó que linda união!
Que eu estampo no meu navegador
Eu quero ver teu USB
Só no meu computador. (BIS)

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

UM DEDO DE PROSA DENTRO DA POESIA

UM SONETO OLÍMPICO

Tomei um porre de vergonha
Ao vê tudo aquilo na televisão
Testemunhei aquela visonha
Tão digna de um palavrão.

Soltei os cachorros na rua
Deu vontade de chorar
“Esculhambei” até a lua
Ao vê coisa tão rudimentar.

O nosso Brasil lá em Pequim
Nem parece uma potência
Pense num país chinfrim

Olha que tanta incompetência!
E antes que eu perca a paciência
Vou colocar nesse soneto um fim.

DIALOGOS CORDELESCOS

Eita país fuleiragem
Vê se larga o mau agouro
Lá em Pequim não ganha nada
É tão pouco o nosso ouro
Nosso esporte aqui não cresce
O Brasil bem que merece
É uma medalha de couro.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

DIÁLOGOS CORDELESCOS

Eu sinto falta do balanço da minha rede
Das conversas no alpendre de Geni
Onde se ficava esperando
O tão querido vento-aracati
Das histórias de Trancoso
Dos cordéis: O Pavão Misterioso
Da minha gente a sorrir.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

NOVOS ADÁGIOS

“Em terra de cego, quem tem um olho vê televisão”

“Nunca diga desta Coca-cola não beberei”

“Melhor o câmbio flutuante do que ele na mão”

“Aonde se ganha o pão não se come o hambúrguer”

“Boca é pra falar e ouvidos é para o IPOD”

quarta-feira, 30 de julho de 2008

UM ABOIO

A MPB hoje se transformou em MFB (Música Frutífera Brasileira). O gosto libidinoso do “Chupa que é de uva”, a cadeira ardente do “Senta que é menta”, o velocímetro do “Creu” acionado pelo rebolado da mulher-melancia, moranginho, jaca e a mulher de todos os gostos no melhor estilo “sou de tutti-frutti”. Diz um adágio popular que uma maçã podre compromete todo o pomar, em tempos de frutos tão podres fica uma pergunta no ar: onde estão os frutos bons? O pomar da MPB (hoje MFB) tem frutas excelentes pena que só as frutas podres se tornaram vendável.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

DIÁLOGOS CORDELESCOS

ODE A SANTANA - CÂNTICO UM

Nos jardins Jaguaribano
No sertão do Seridó
Essa santa é popular
Nos terreiros de Pai Santo
Todos tocam no seu manto
Querendo se abençoar.

Quando chega o mês de julho
Eu não paro de louvar
Minha Santa Avó bendita
Padroeira e Santíssima
Que está nesse altar.

Nas veredas causticantes
No aboio de um vaqueiro
Que não pára de rezar
Sinto a glória em cada casa
E a fé batendo asa
Sob a procissão a cantar.

Quando chega o mês de julho
Eu não paro de louvar
Minha Santa Avó bendita
Padroeira e Santíssima
Que está nesse altar.

domingo, 27 de julho de 2008

Um dedo de prosa dentro da poesia

TIPOGRAFIA - 1


Almas, ao contrário do que se pensam, também são feitas de
tintas e papéis
Têm o cheiro tóxico das máquinas de Gutenberg
E o tateio onírico das mãos sujas de um tipógrafo

Almas são folheáveis, avolumam-se em periódicos,
Revistas, jornais amarelados
Livros e panfletos quadrados
À procura de olhos famintos e sucintos;
Antropófagos de almas.
Almas folheáveis que só encontram sentido
ao serem devoradas.
Saciando também o próprio sentido
do tipógrafo; esse fazedor de almas.

sábado, 31 de maio de 2008

Letras que podem ser musicadas

UMA PINCELADA DE POEMA


Os meus pés à Portinari

Ao pisarem o chão dali

Me fizeram ruminar

O que não dar pra digerir

E o que era inédito

Parecia déjà-vu

E o que era déjà-vu

Eu nunca vi se repetir.


Os meus braços à Picasso

Capinavam o mato de Monet

Foi aí que fiquei tão diferente

Tão idêntico a você.



sexta-feira, 25 de abril de 2008

ADÁGIO (QUASE) POPULARES

Depois dessa imensa invasão das músicas pornográficas de forró em nosso meio, não custa nada criar um novo adágio em tempos de Aviões e Solteirões:

Chupa! que é de uva!
Senta! que é de menta
E escuta! que é de merda!

terça-feira, 22 de abril de 2008

Letras que podem ser musicadas

O sol explodindo no rosto azul do sertão
O mormaço tão tirano, batizando a fronte de um cristão
E o terço tremulante nas mãos de um ambulante
Que de joelho caminha na procissão.

Meu sertão não é tão seco
Nem tão quente e faminto
Meu sertão tem cores que pinto
Longes das convicções
Meu sertão é tão imenso
Que não cabe em nenhum momento
É um universo em formação.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Diálogos Cordelescos

Ó minha água de quartinha
Ó meu alpendre ventilado
Mucunzá numa cumbuca
A vacaria no cercado
O cheirinho de café
Tudo isso não chega ao pé
Do meu amor abençoado.

UM DEDO DE PROSA DENTRO DA POESIA

O sol se põe nos seus olhos
Esconde-se nas suas pupilas
Fugindo de mim
Evitando a lâmina das minhas pálpebras

Ó Sol, monarca covarde
Invade esse céu de chumbo
Desfila diante dos meus olhos
Preciso sentir tua presença
Ainda que por alguns segundos.

Letras que podem ser musicadas

Hey! Irmão
Não caia na maldição
Do sistema

Hey! Irmão
Não viva essa vida, não
Com Dilemas

Tome a sua posição
Saia de cima do muro
Renove a visão
Você tem que construir
O seu futuro.

Chega de falsos Deuses
De pastores sem razão
A vida é mistério
Muito além da oração

Hey! Irmão
Não caia na maldição
Do sistema

Hey! Irmão
Não viva essa vida, não
Com Dilemas

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

UM DEDO DE PROSA DENTRO DA POESIA

VESPERAL IRRACIONAL


Meus pés desnudos costuram a rua
Num frevo disforme e desproporcional
Refazendo as reações momescas
Que os meus ancestrais pintaram no tempo
E sepultaram no sangue do povo.

Nasceu, antes de tudo, o carnaval
Uma chama que metamorfoseia
A hipocrisia e o puritanismo psicotrópicos
Levando o povo a descontruir o positivismo
Que azeda a nossa vida como sociedade

Os valores são invertidos, transvertidos e destruídos
A alegria e a liberdade abraçam-se bêbadas na avenida
Celebrando a nossa facilidade de ser feliz.

Na quarta-feira voltamos à mentira e o puritanismo
Recolhemos-nos às gaiolas
Voltamos a vegetar e interpretar tão mal
A nossa essência humanamente fajunta.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Divina Comédia Urbana

Desce do céu um anjo metálico, cujo ventre está cheio de gente
Ao longe ouço o seu ruge, como se invocasse a cidade para contemplá-lo
Às vezes, penso que estou num quadro de Salvador Dali
Sei lá, um Picasso grafiteiro de boné e cavanhaque.

O estrondo de cores que borram minha visão
Mostra-me uma cidade em profusão
Do Foie Gras à cumbuca de feijão
E eu boiando nessa mistura
Comendo e vomitando essa cultura
Buscando refúgios no porão.

Ressoa um canto, quase santo, de um bêbado
Que desperta os transeuntes sonolentos
Quantas vozes têm a cidade?
Quantos cantos são cantados?
Quantos os outros são silenciados?
Sinto-me numa concha acústica,
Cuja sinfonia tem um maestro underground.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

UM ABOIO CARNAVALESCO

O escarcéu momesco avizinha-se, regido pela influência lunar e anuência da Igreja. A festa da carne domina todo o território como se o povo fosse tomado por uma epidemia virótica. O carnaval, com toda a sua profanidade, provoca nas pessoas a liberdade de transfigurar o ser. As performances, as fantasias, as músicas e os ornamentos compõem o cenário para a maior manifestação cultural do país. Na minha mísera visão, eu amo o carnaval! Tenho uma ligação quase umbilical com a festa. Então, nesse carnaval envolva-se nessa grande alegria com liberdade e respeito ao próximo. Afinal, o grande sinônimo do carnaval é a confraternização.

UM ABOIO CARNAVALESCO

Hoje a saudade saiu
De chinela japonesa
Saltitando pelas ruas

Hoje a saudade saiu
Coberta de confetes
Cantando aquelas modinhas

Ah! Como eu queria ver Seu Chico
E o estandarte trêmulo sob o sol

Ah! Como eu queria ver Dona Anunciata
A grande Vedete do meu carnaval

Ah! Que saudade de ver uma cidade
Carnavalizando o que há de mais sagrado:
O sorriso, o suor e a orgia!

UM ABOIO CARNAVALESCO

Meu samba é de dor, é pútrido
Tem cheiro de pus gosmento
O rataplã do tamborim amaldiçoado
E a mulata cadavérica dançando
Na passarela sangrenta do mundo

Deixem meu samba passar
Como uma rajada de canhão
Deixem meu samba passar
Como um chute nos culhões.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Um dedo de prosa dentro da poesia

Aquele beijo com sabor de um trident
Me fez pensar de uma maneira inconseqüente
De ter filho, de ter filho, de ter filho

Aquele abraço que tem forma de casaco
Me fez pensar que está solteiro é um saco
Eu quero teu brilho, eu quero teu brilho, eu quero teu brilho

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

O Baú do Aboiador

CIRANDA DE DESPEDIDA

Ó minha gente, eu venho lá de longe
Aonde o sol é o monge
Desse templo que é o sertão
Na minha mão
Trago um ganzá
E quem quiser dançar
É só juntar a mão co’a mão. (Bis)

Venha pra roda
Vem cirandar
Entra na roda
Meu amor, entra na roda
Quero ver você na roda
Quero ver você dançar. (Bis)

Ó minha gente, eu já vou me embora
Que é chegado a hora
De partir “proutro” lugar
E no coração
Levou a saudade
Porque na verdade
Um dia eu sei que vou voltar.(Bis)

O Baú do Aboiador

SANTÍSSIMA ANA

Ó Santíssima Ana
Cubra-nos com o teu manto
Interceda por essa gente
Abrandando o nosso pranto
Vinde a nós pecadores
No louvor da oração
Aliviar nossas dores
Com tua proteção

Ó Ana Bendita seja
Bendita sempre será (Bis).

Eu sou o teu devoto
No meio da procissão
Com os pés descalços
Levo a fé no coração
Vinde a mim nessa hora
Faz-me esse favor
Ó mãe da Nossa Senhora
Derrama em mim teu amor.

Ó Ana Bendita seja
Bendita sempre será (Bis).

DIÁLOGOS CORDELESCOS

CANTADOR DE VIOLA 1:
É no canto, é na força, é na graça, é na gana
É no braço, é no pé, é no corpo, é na alma que emana
É no chão, é no ventre, é na terra, é na cabana
É na cabana, é na terra, é no ventre, e no chão
É xaxado, é xote, é forrobodó, é baião
É baião, é forrobodó, é xote, é xaxado
É Quadrão, é Quadrinha, é Quadrilha, é Quadrado,
É Quadrado, é Quadrilha, é Quadrinha, é Quadrão.

CORO:
É Quadrão, é Quadrinha, é Quadrilha, é Quadrado,
É Quadrado, é Quadrilha, é Quadrinha, é Quadrão.

CANTADOR DE VIOLA 2:
É na lira, é no verso, é na nota, é no canto
É no altar, é na igreja, é no padre, é no santo
É na canção, é na boca, é no riso, é no pranto
É no pranto, é no riso, é na boca, é na canção
É sagrado, é bendito, é puro, é louvação
É louvação, é puro, é bendito, é sagrado
É Quadrão, é Quadrinha, é Quadrilha, é Quadrado,
É Quadrado, é Quadrilha, é Quadrinha, é Quadrão.

CORO:
É Quadrão, é Quadrinha, é Quadrilha, é Quadrado,
É Quadrado, é Quadrilha, é Quadrinha, é Quadrão.

O Baú do Aboiador

Senhores, boa noite
Chegamos com alegria
Agora pra saudar
A nossa Santa Maria
Nascida nesse dia
Com as bençãos do Senhor
A mãe do Redentor
Que veio nos salvar
Salve Sant'ana e Joaquim
Que foram unidos pelo amor
Que graças caiam em mim
Com esplendor.

DIVINA COMÉDIA URBANA

Universo talhada em um pequeno biscuit
Meu beijo com sabor de quiwi sem outra boca
Ó boneca de louça que samba no frenesi
Das racionalidades de uma cidade louca
Eu sei que meu corpo não é daqui

Toda visão é falsa e a dúvida é uma balsa
Que nos leva a decantar ainda mais nossa alma
Mas a cidade que de suas mãos nada escapa
Devora-me nas horas mortas em que busco a calma
E escondo-me por trás de uma capa.

A cidade me enraba
A cidade me enraba
A cidade me enraba...

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

DIVINA COMÉDIA URBANA

Constelações de faróis ofuscam-me os contornos citadinos
Os roucos dos motores sonorizam a filmagem da vida em movimento
E eu de peito aberto entrego-me ao ritual consumista de um supermercado
Ostentando créditos ilusórios contidos num pedaço de plástico
Penso eu que tais créditos são mais reais que minha própria essência humana
Encarno-me na alma hipócrita dos que se dizem urbanos

Corre por entre as minhas artérias a água podre da sarjeta
A baba grossa que desce da boca de um mendigo
E o suor lastimoso dos estivadores a carregar seus fados

Perante isso, lacero minhas roupas na via pública
Exibo minha genitália as donzelas e beatas tão pudicas
Gritando para todos os lados: Enfim eu também sou a cidade!

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Um dedo de prosa dentro da poesia

O MEU SOM!


O meu som é cáustico e a acústico
Tão epispástico quanto crustáceo
Não é pra qualquer um
É semente de tucum
Não é pra um qualquer.

O meu som é traste e é embuste
É a luz vem do lustre e da lamparina
O meu som é sacerdote
Que reza e assassina!
Um celibatário que come uma vagina

O meu som é pau, é pedra e é nada
É polca, é bossa, é bosta
Boiando numa privada!

O meu som é uma picada
É o fim da picada
O começo da mordida
Uma trepada escondida
Num simples conto de fada!

DIVINA COMÉDIA URBANA

Que as gárgulas angelicais pairem
Sobre o céu plúmbeo e obeso
Cantando-me hosanas etílicas
E mostrando-me o quanto sou obsoleto.

Mas até nos arranha-céus batem um coração
Nos asfaltos além de carros, corre sangue
E até os postes sentem a crueldade da solidão

Chamam-me citadino, um verbo ferido e ferino
Ajaezado pela ilusão sólida do concreto e do cimento
Inflexível como as armações metálicas
Irredutível e imóvel como as estátuas pomposas
Banhadas pelas fezes dos pombos.
Serei eu, um humano extremamente humano
Capaz de abstrair da flor o seu lado mais pobre
E das fezes o seu lado mais perfumado?

Na verdade sou citadino, um verbo ferido e ferino!

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

DIÁLOGOS CORDELESCOS

Diabo:
Sou mais forte que a maré
E tão imenso quanto o mar
Quando começo a cantar
Todo o povo bota fé
Você canta em cabaré
Pra bandido pé no chão
Sua morada é no lixão
Onde vive atormentado
Isso é que mourão voltado
Isso é que voltar mourão.

UM ABOIO

A vela da vida verte-se em espermacetes, por causa da força incandescente do tempo que nos abocanha sem distinção. Somos reféns de uma mortalidade que nos castra a possibilidade das coisas ao longo prazo. Há uma migalha de tempo para que a gente possa traçar um itinerário, possibilitando-nos realizar ações que crismaram nossa passagem terráquea sejam elas boas ou ruins. O fragmento de vida que nos é dado é subtraído em algumas mãos e multiplicado em outras; seja um dom divino ou não, a vida é antes de tudo uma chance ao espírito para poetizar sua história dentro da carne.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Um dedo de prosa dentro da poesia

Quero com você arranhar o meu inglês
Sob o púlpito de um livro em português
Sob sílabas, vogais e consoantes
Quero entoar o meu amor lingüístico ao meu amor polissilábico.