segunda-feira, 27 de abril de 2009

UM DEDO DE PROSA DENTRO DA POESIA

As mãos solíloquas desenham no vazio
Os delírios poéticos de uma alma racional
Divago num copo de vinho e num assobio
Reinvento, dentro de mim, meu carnaval

Ejaculo confetes no calor do meu cio
Ao som pesaroso daquela marcha funeral
Nada sou, se sou unitário, apenas vadio
Um canto esquecido no ponto cardeal

É necessário sempre uma reinvenção
Uma órbita difusa, louca e confusa
Em detrimento a toda e qualquer retidão

Prefiro mirar os olhos da Medusa
E nas noites de frio tirar a blusa
Do que me enganar co’a Deusa da razão.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

UM ABOIO

ESCOLHAS INTELIGENTES EM TEMPOS DE INCERTEZAS

Envolvidos numa grande crise financeira, muitos de nós tendem a renegar os investimentos no mercado financeiro e de ações, influenciados por notícias capengas e extremistas. A avalanche de má notícias abarrotam-se no cotidiano, sendo fomento até para o papo no botequim. Crise, crise, crise! Todos vêem o óbvio, mas poucos vêem o extraordinário de tudo isso. São nesses momentos inóspitos em que as diversas oportunidades aparecem como se pipocassem como mágica. A compra do carro, da casa própria, montar o próprio negócio e porque não: investir no mercado financeiro! A primeira vista, essa última atitude caracteriza-se como um suicídio, contudo se o investidor tiver prudência e paciência isso pode se tornar o crescimento e/ou a ressurreição dos seus investimentos.
Nas palavras brilhantes de Gustavo Cerbasi, escritor e consultor, que ministrou a palestra: “Escolhas inteligentes em tempos de incertezas”, as conclusões que iniciam o texto são corretíssimas, desde que tomadas as devidas precauções. Ele demonstrou – ao iniciar a palestra - a fórmula para abundância financeira: “Gaste menos do que você ganha e invista a diferença” e com essa palavras concisas e diretas trilhou as várias atitude inteligentes que um investidor deve realizar para afugentar o fantasma da crise: primeiro, planejamento inteligente é o equilíbrio: o uso racional de sua riqueza, buscando um ponto de equilíbrio entre despesas e receitas, propiciando excedentes de receitas para investimento e posterior luxo; acumulação inteligente é a disciplina: manter a ordem em seus gastos e receitas, evitando eventos improváveis e imensuráveis, através de orçamentos a pessoa acompanha o seu fluxo monetário, acompanhando de perto as distorções de seus gastos e/ou desperdícios de receitas; investimento inteligente é a eficácia, muitos investidores seduzidos por grandes companhias preferem investir seu dinheiro nelas, alimentando a ilusão de lucros imediatos e certos, por sua vezes essas companhias podem ser um investimento eficientes, contudo não são eficazes no retorno do investimento, não existe o melhor investimento, existe investimentos e o bom investidor tem que saber mediante suas circunstância qual cabe em seu orçamento; Diversificação inteligente é a consciência, é sempre bom que o investidor seja consciente dos investimentos que irá realizar, não mergulhar na onda dos modismos e nem de euforia exacerbada do mercado, ao escolher os seus investimentos o investidor procure conhecê-los e acompanhá-los com esmero. Afinal, a consciência irá pesar, se você por um momento de impulso investir no desconhecido, sonhando com a lucratividade exorbitante. Nesse caso, é preferível jogar na loteria, a probabilidade é idêntica.
Diante do que foi exposto, percebe-se que a crise não deve ser encarada com medo, mas com ousadia e precaução. Afinal, o mundo não pode parar. O fluxo financeiro tem que tomar o seu ritmo normal, remediando a catástrofe econômica, contudo o remédio está na motivação do consumo e dos investimentos que gira a grande maquina da macro e microeconomia. E essa motivação não se resolve simplesmente com planos econômicos, isenções tributárias, incentivos e empréstimos governamentais, se a não plantamos em cada um de nós.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Diálogos Cordelescos

Essa disputa de poesia acontece no Festverso 2006, realizado no orkut. Tive o azar e a sorte de pegar um dos maiores poetas desse Brasil, cearense da gema: Arievaldo Viana. Ei-la:

Arievaldo Vianna X Moacir Morram

AV:
Eu fui nascido e criadoLá no Quixeramobim!
Eu nunca fui cabra ruim,
Sou manso, ordeiro, educado.
Mas, quando desafiado,
Me transformo em Carcará,
Pego a enxada e a pá
E abro o canal da rima!
Sou filho de Evaldo Lima,
Cantador do Ceará!

MM:
Para quem não me conhece:
Sou do sertão do Ceará
Eu nunca fui carcará
E não sou de fazer prece.
Mas minha fé não esmorece
Nessa luta, tão mundana!
Eu sou de Jaguaruana,
Que faz rede de dormir,
A minha alcunha é Moacir,
Sou de origem africana.

AV:
No meu tempo de criança,
Eu assistia reisados,
Lendas de reis encantados,
Que não me saem da lembrança:
Os Doze Pares de França
Com turcos a pelejar,
Cantador improvisar...
E tudo me comoveu!
Se você já se esqueceu,
Eu vou te fazer lembrar.

MM:
Rebuscando a tradição,
Eu me lembro de Trancoso
E do Pavão Misterioso,
Como marcas de um brasão,
Que simboliza a nação
Tão digna, desse lugar,
Que soube bem preservar
Tudo aquilo que era seu!
Se você já se esqueceu,
Eu vou te fazer lembrar.

AV:
Lembro a famosa “Chegada
de Lampião no Inferno”
Um clássico, logo, eterno,
Por sua forma engraçada.
Lembro a Peleja inventada
De Aderaldo a travar
A língua, para enganar,
E o Pretinho se perdeu...
Se você já se esqueceu,
Eu vou te fazer lembrar.

MM:
Está no livro da mente,
Todo escrito com a lembrança,
O passo de cada dança,
O segredo do repente!
E cada aboio estridente
Que se escuta, num cantar,
É a tradição popular
Que, pro povo, não morreu!
Se você já se esqueceu,
Eu vou te fazer lembrar.

AV:
Quem bebeu água de pote,
Atirou de bolandeira,
Trepou-se na cumeeira,
Chamou turma de "magote”,
Chamou sapo de "caçote”,
Foi pra novena rezar,
Viu a fogueira estalar,
Em noite escura de breu...
Se você já se esqueceu,
Eu vou te fazer lembrar.

MM:
Tem Mateus e Catirina,
Tem Jaraguá e Papangu,
Embolada e cururu,
Tem sanfona e concertina!
Tem até Festa Junina
Pra quem gosta de dançar!
E hoje eu vou te ensinar
O que não tem no liceu:
Se você já se esqueceu,
Eu vou te fazer lembrar.

AV:
Tem quixó e tem preá.
Tem arataca e mocó.
Tem macumba e catimbó.
Tem batata e tem cará.
Jangadas, do Ceará,
Deslizando pelo mar!
Tem quenga, tem lupanar,
Tem Zé Ramalho e Alceu...
Se você já se esqueceu,
Eu vou te fazer lembrar.

MM:
Procissão para Maria,
Na Igreja e no Candomblé,
A batida do toré,
Vodu e Feitiçaria,
Que revelam a magia
De um mosaico secular!
E que é preciso estudar
Do começo ao apogeu!
Se você já se esqueceu,
Eu vou te fazer lembrar.

AV:
Relembre o Cego Aderaldo
E o Pinto do Monteiro,
Um professor verdadeiro
Do poeta Arievaldo...
Uma feijoada, seu caldo,
O compadre vai provar...
É um prato secular,
Que o africano nos deu.
Se você já se esqueceu,
Eu vou te fazer lembrar.

MM:
A História, oral e escrita,
Nesse país de mistura,
É o que alimenta a cultura,
A popular e a erudita!
Coco, Frevo e Pau-de-Fita,
E saraus, pra te encantar...
Tanta coisa pra citar
Que encheria o Coliseu!
Se você já se esqueceu,
Eu vou te fazer lembrar.

AV:
Folguedos da Cavalhada,
Papangu, Mineiro-pau,
Canjica, angu e curau,
Em bela noite estrelada!
Na fogueira iluminada,
Num fole velho a tocar,
Num violeiro a cantar
Cantigas que aprendeu!
Se você já se esqueceu,
Eu vou te fazer lembrar.

MM:
O pastoril, o Xaxado,
Ciranda e Maracatu!
Um caldinho de aratu,
Um carneiro bem guisado.
Um alpendre ventilado,
E uma rede pra deitar
Olhando, de noite, o luar,
Que, lá em cima, apareceu!
Se você já se esqueceu,
Eu vou te fazer lembrar.

AV:
Lembro do feijão tropeiro,
Do cuscuz com rapadura,
Da nossa Literatura,
Do cordel mais brasileiro!
Lembro o trovão de janeiro,
Quando a chuva vai chegar
No Nordeste, meu lugar,
Recanto que Deus me deu...
Se você já se esqueceu,
Eu vou te fazer lembrar.

MM:
Todos os Cordéis da vida,
Cantorias do sertão,
As obras de um artesão,
Todo tipo de comida,
A tradição aprendida
Como sangue, a circular...
É que nos faz avançar
E descobrir nosso "eu"!
Se você já se esqueceu,
Eu vou te fazer lembrar.

Mote de Seu Ribeiro

sábado, 4 de abril de 2009

UM ABOIO ETÌLICO

Essa manhã nasceu azul e eu vomitei verde. Náuseas matinais são sinais de decantação, as coisas estranhas são regurgitadas, como se o estômago realizasse uma faxina interna. Minha boca pútrida é suavizada pelo creme dental barato e a água da torneira me batiza o rosto enfadado pelo sono. Meu dia ainda nem começou, por mais que o sol desfile no céu. Café da manhã? Um gole de conhaque, agora sim, o dia surgi-me com os seus primeiros brilhos. O cheiro azedo de bebida pelo corpo avisa-me que um banho demorado poderá, certamente, deixar-me novo. Para quem sabe mais uma ingestão de álcool.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Um dedo de Prosa dentro da poesia

DECLARAÇÃO DE AMOR AO SAFADO!

Teu céu é mais brilhante
Que um monte de tampinhas de Coca-Cola!

Os teus olhos são tão lancinantes
Quanto um bilhetinho de escola!

O teu beijo é indescritível e inexato
Dentro de um plano cartesiano!

O teu jeito covarde e ingrato
É o teu lado mais humano!

UM ABOIO

A crise do mundo e o mundo em crise!

Não se fala em mais nada! Crise, crise e crise... Daqui pra frente tudo será pior! De repente uma fagulha de raciocínio estala na minha cabeça: onde estavam os grandes gênios e executivos do mundo dos negócios que não previram essa catástrofe? Antes da crise, o que chamam de a grande bolha, via todos os gênios sorridentes prognosticando um período de prosperidade perpétua. O céu limpo da micro e macroeconomia afugentava qualquer probabilidade de uma tempestade, o capitalismo trotava nos campos financeiros como um corcel negro pujante. Parece-me que os gênios se esqueciam da maior essência da economia: “administrar racionalmente os recursos escassos” e esbanjavam rios de dinheiro em negócios obscuros e tendenciosos. A viseira da falsa bonança financeira adornava os olhos dos nossos gênios.
Quando a crise cravou suas garras no mundo, todos os gênios acharam uma explicação tardia para grande palhaçada financeira! E agora buscam lamber os pés dos governos suplicando dinheiro; o nosso dinheiro para reverter à situação. Como diz um amigo meu: “é muito bom errar com dinheiro dos outros, desse jeito qualquer um é executivo”. Eu apenas prefiro dizer: “Salve a minha ignorância!”