Eu tenho um dueto:
A minha carne e o meu espírito...
...No meio, esqueleto!
Eu tenho um dueto:
A minha carne e o meu espírito...
...No meio, esqueleto!
Dispõe sobre a criação do dia da Lei Orgânica do Município (LOM) de Jaguaruana-Ceará, homenagens, manifestações e comemorações alusivas, bem como a distribuição gratuita da LOM de Jaguaruana-Ceará na rede pública de ensino do município.
A Câmara Municipal de Jaguaruana decreta:
Art. 1º Fica instituído o dia 13 de maio como o dia da Lei Orgânica do Município (LOM) de Jaguaruana.
Art. 2º O Poder Público constituído, através de suas instâncias competentes e a participação da sociedade civil, promoverá uma ampla divulgação da LOM, através de audiências públicas, sessões solenes, homenagens, eventos, inserções alusivas a LOM nos diversos meios de comunicação disponíveis a população, bem como a distribuição gratuita na forma de livro da Lei supracitada na rede pública de ensino do município.
Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Câmara de Vereadores de Jaguaruana-Ceará, 23 de Abril de 2010
Justificativa
A Lei Orgânica do Município (LOM), segundo a concepção jurídica, corresponde a Carta Magna na esfera municipal, sua base legal está em consonância com a Constituição Federal e Estadual. O município ao estruturar seu arcabouço jurídico próprio, demonstra sua maturidade no sentido de defender os direitos e deveres de todos. A LOM não é simplesmente um amontoado de dispositivos legais, mas um contrato social do município com os seus cidadãos; sacramentando garantias sociais, deveres, poderes, atribuições a autoridades e instituições, entre outras dimensões extrínsecas e intrínsecas. A LOM garante ao povo do município a soberania, protegendo-o das intempéries políticas, das atitudes temerárias de autoridades que se usam da pessoalidade, das injustiças advindas das distorções ou desatenção ao arcabouço jurídico vigente. É uma arma que municia o cidadão, para que o mesmo extirpe os espectros da ilegalidade e da insegurança jurídica.
O poder executivo, legislativo e judiciário do município tem por obrigação de divulgar a LOM entre os munícipes, ainda que não haja uma obrigação subscrita na forma de lei. O conhecimento amplamente difundido da LOM corrobora a cidadania, dando ao povo vez e voz. Como um cidadão pode defender-se sem o conhecimento da lei? E as autoridades constituídas legalmente no município sabem da dimensão de importância da LOM? A Câmara de Vereadores e a Prefeitura o que têm feito para que se cumpra a LOM? Perguntas até então sem respostas. É necessário reverter essa situação que põe em risco a soberania e cidadania de nossa cidade. A saída é somente uma: conscientização através de medidas sócio-educativas para toda a população.
A Lei Orgânica de Jaguaruana fora promulgada no dia 13 de maio de 1990, completando no dia 13 de maio do corrente ano duas décadas de existência. A sua importância dentro de nossa vida é imensurável e assim será nas gerações futuras. A criação de um dia para comemorarmos o triunfo da liberdade jurídica sobre supressão totalitária, não se trata de uma mera vaidade política e sim a valorização de um momento histórico para o município. A LOM de Jaguaruana é o reflexo da Carta Magna Federal, constituindo-se um dos ingredientes para real democratização do país. Lembrar desse feito não é simplesmente um apego ao passado, mas uma homenagem de um conquista de todos!
Enfim Barrabás, porém só tornei-me o que sou hoje quando conheci o grande mentor da minha vida: Judas, o galileu. Todos pelos arredores daquela cidade o conheciam, o respeitavam e não nego que cultivei sempre uma admiração por sua figura emblemática. Aquela situação humilhante em que vivíamos fertilizava o momento presente para eclosão de mártires que se sacrificariam pela libertação de nosso povo. Queria Judas ou não, todos o tinham como um mártir. A sua liderança ligada aos zelotes, sobretudo entre os sicários era uma clara convicção de sua sina heróica entre os hebreus, representando a esperança em carne e osso naquela terra lastimada pelo rigor plutocrata dos romanos. As pessoas agarravam-se a religião para atenuar o sofrimento que parecia perpétuo. Nunca fui de rezar, apesar de judeu. Aliás, quando tive o primeiro contato com Judas fora numa cerimônia da sinagoga. Eu o procurei, já me sentia pronto para guerra. Na saída do templo o abordei tocando-lhe o ombro direito com um toque firme, seus seguidores me agarram de imediato e ele virando-se para mim pediu que seus parceiros me soltassem. “O que queres?” “Ser um sicário!” os risos estrondaram ao redor de Judas que permanecia sério. “É bom ver nos olhos desse jovem a coragem que falta a muitos galileus. Porque riem? Não encontro a jocosidade”. Cessaram os risos quase que simultaneamente. “Qual o seu nome, menino franzino?” “Jesus” “Jesus?! Só?” “Jesus Barrabás” “Bar-ra-bás, gostei de sua firmeza” “Obrigado, senhor” “Amanhã estarei na casa de Simão Jessé pareça lá, lhe farei um sicário”. Deu-me as costas e seguiu com um comboio para rio Jordão angariar provisões de boca para o seu acampamento. Aquele encontro não me marcou somente psicologicamente, propiciou-me a maior ruptura que um homem pode ter na vida: o corte umbilical da família. Meu pai já havia sido alertado de me encontro com Judas e quando cheguei a casa aconteceu o primeiro golpe afetivo da minha vida. O silêncio estava impregnado nas paredes quando adentrei a casa, vi minhas roupas amontoadas numa trouxa meu pai e minha mãe esperando-me na sala. Minha mãe comungando do meu estado das paredes mantinha-se calada, apenas seus olhos rompiam o silêncio com um choro que berrava por dentro de si. Meu pai então prosternou: “O que pensas da vida? Diz na nossa tradição que o pai é quem comanda a casa, seus filhos e sua esposa seguem na sua sombra”. “Pai” “Cale a boca, está vendo! Você não repousa sobre a minha sombra. Maldita hora que viste aquela morte, eu perdi meu filho”. “Não, pai” “Hoje soube que você tivera que um encontro com Judas, aquele assassino. Isso foi à gota d’água! Não quero um bandido na minha casa”. “Eles não são bandidos!” “Já disse cale-se, estão aí suas coisas, já que tem maturidade demais para escolher suas convicções, as tenha também para viver sozinho. Saia daqui!” As lágrimas caíram lentamente. Engoli o choro, olhei pela última vez nos olhos de meu pai que se esquivou, joguei meus olhos em minha mãe e o seu choro aumento ainda mais. Sai dali e depois de alguns passos me virei para vislumbrar a casa de minha nascença, mamãe estava na porta. Meu coração ficou ainda mais contrito, mas não se podia mais voltar atrás. Tomei para mim uma profecia que nem um profeta pregou, mas que estavam escritas nas tábuas do meu hipotálamo. A noite foi fria e adormeci debaixo de uma oliveira, ainda bem que não choveu. Banhei-me no rio Jordão e fui a casa de Simão Jessé. De longe várias vozes eram ouvidas, na porta da casa perguntei: “Judas, está?” “Quem és tu?” perguntou-me um estranho. “Barrabás, ele sabe quem é”. O estranho cochichou no ouvido de outro que adentrou a casa e em pouco tempo retornou ordenando-me que entrasse. Judas sobre um estofado ergueu-se e abrindo os seus braços pediu-me que lhe abraçasse, deixando escapar uma palavra que nunca me esqueci: “meu filho”. Depois do amplexo, olhei nos seus olhos e inquiri: “que eu preciso fazer para ser um sicário?” “Geralmente, fazemos um ritual de iniciação que chamamos de auto-banimento uma ação simbólica em que há um juramento de lealdade a nossa terra e o banimento familiar. Mas você fez o ritual antes entrar, demonstrou a verdadeira atitude de um sicário. Agora me dei um instante”. Judas dirigi-se a um cômodo e logo depois retornou com suas coisas, uma em cada mão: “primeira, tome essa sica nosso símbolo. Espero que saiba usá-la e outra coisa é o Torá, saiba que um homem sem crença seja qual ela for é um homem condenado a morte.” Encontrei-me com o grande amor da minha vida, naquele dia dormi com a sica como se fosse minha amásia.
Nem sempre fui Barrabás, escondia-me no medo que fora repassado a boca miúda por minha gente, contudo mesmo medroso havia algo dentro de mim que me provocava mal-estar. Eu tinha o contentamento tolo ante o domínio sanguinário dos etruscos que ia me torrava a última migalha de paciência. O ódio só veio explodir dentro de mim no silêncio párvulo que o medo me proporcionava, diante de um assassinato que presencie na adolescência: ”Era um homem pobre, nunca soube de seu nome, que tinha apenas uma ovelha. A qual seria abatida para o sustento de sua família, naquele dia um cobrador de impostos juntamente com dois centuriões confiscou-lhe a criação sob o pretexto de tributos sonegados a César. Os gritos exacerbados do homem chamaram a atenção de todos que formaram um imenso círculo ao redor do evento. Ali estava eu com meu pai, particularmente foi uma cena forte. O pobre pastor revidou segurando a ovelha com veemência como se fosse uma prole, no mesmo instante os centuriões intervieram imobilizando-o, logo depois um dos centuriões puxou uma sica e cravando-a no jugular do pobre homem deu por fim toda aquela discussão. A trupe criminosa retirou-se levando a mísera ovelha”. Naquele dia o ódio beijou-me a boca e conheci o grande amor da minha vida: a sica! A morte daquele homem verteu-se em uma alucinação que até hoje me persegue. Antes que eu continue devo salientar que não sou um sujeito transtornado e minhas faculdades mentais não são indomáveis. Aquela cena sangrenta foi meu ritual de passagem, a partir dali percebi que deveria ter discernimento de adulto... que precisavam de mim. Quem? Não sei. O que sei era que eu precisava de uma sica, com ela teria um poder extra-humano que ninguém podia me dar. No mesmo dia ao chegar a casa, peguei um naco de madeira e esculpi uma sica igualzinha ao do centurião. Aquele artefato concebido pelas minhas mãos tornou-se meu único passatempo. As tardes, eu ia para um terreno baldio manipulá-la incansavelmente, criando acrobacias e golpes friamente calculados. Passei dois anos de minha vida exercitando-me como se preparasse para uma guerra que ao primeiro momento só existia na minha cabeça.
Não tenho medo da escuridão, dentro de mim arde à chama impetuosa da paixão por esta terra. Há mal nisso? Se houve... quero eu mesmo mergulhar no oceano magmático do inferno, pouco me importa as tábuas de barro, os profetas que vieram antes e virão depois de mim. Assim sou. Não quisera eu me tornar mais um hebreu qualquer escravizado pelo Império Romano. A passividade a meu ver traduz o sentimento medíocre de que não tem nem perspectiva de vida. A vida na sua dinâmica obscura suplica a cada um de nós o arrojo latente que corre nas artérias, manifestado quando se liberta o espírito e se quebra os grilhões do medo ilusório. Não é à toa que me chamo Barrabás tenho o odor e a cor desta Galiléia banhada de sangue. Esta terra é uma extensão do meu corpo, amo-a como genitora ao filho. Andei descalços por suas vielas e veredas, respirei toda a poeira ruiva inflando os pulmões com sua essência mais acentuada. A pobreza não me tirou a fortuna que emana das coisas simples de minha gente: o olhar castigado pelo tempo, o andejo firme e letárgico, a força que emerge da neurastenia aparente e a nossa incansável vontade de ser feliz. Somos um povo feliz com vocação para o infausto, nossa história casou-se com a dor e nunca mais pediu divórcio.
Nosso mundo abirobado
E a igreja na eucaristia
Fazendo pedofilia
No momento que é sagrado
Nosso Cristo foi pichado
Perante a posteridade
A frente fria e a tempestade
Vitimando nossa gente
Esse ano começou quente
Não tem coisa pior
Que a fila de um banco,
Na Caixa é pior!
Na Caixa é pior!
Não tem coisa pior
Que a fila de um banco,
Na Caixa é pior!
Na Caixa é pior!
Não tem coisa pior
Que um gerente fuleiro
O da Caixa é pior!
O da Caixa é pior!
Não tem coisa pior
Que investir num banco
Na Caixa é pior!
Na Caixa é pior!
Eu odeio a Caixa
Odeie você também
Lá você é nada
E é tratado como ninguém!
Não tem coisa pior
Que a fila de um banco,
Na Caixa é pior!
Na Caixa é pior!
Não tem coisa pior
Que um gerente fuleiro
O da Caixa é pior!
O da Caixa é pior!
Não tem coisa pior
Que investir num banco
Na Caixa é pior!
Na Caixa é pior!
Danou-se Rio de Janeiro!
Com tanta calamidade
O seu povo sucumbiu
Ao horror da tempestade.
Como um golpe da maldade
Um desastre aconteceu
Foi lá no morro do Bumba
Que muita gente morreu.
Naquele dia em que choveu
A chuva do mês num dia
Os morros não resistiram
Aquela água que descia.
Mas algo errado havia
Na origem daquele morro
Um aterro sanitário
Que lhe serviria de forro.
Dificultando o socorro
Daquele deslizamento
Cravando naquela gente
Os grilhões do sofrimento.
Dois pesos e nenhuma medida
Em casa de Ferreiro não tem nada inoxidável
Prudência e caldo de galinha são bons pra quem não opção
Dizem que o mundo é gay e tem tanta violência, imagina se o mundo fosse um lutador de muatay.
Depois da tempestade, vem a catástrofe!
Ó cidade
derrama-me garganta abaixo o teu bálsamo
extraído das suas nuanças e de seus vícios
Não me amparo no puritanismo insípido
Na má-educação polida e disfarçada
Prefiro a cicuta dos templos amaldiçoados
A fumaça negra que me resseca os pulmões
Ó cidade
Enjaula-me nas suas entranhas inflexíveis
Quero ser um feto marginal
Regurgitando palavras vazias e músicas inauditas
Pouco me importa as coisas retílíneas
a perfeição lógica nos fatos irracionais da vida
Eu não sou tão somente a cidade
e a cidade não é tão somente eu
Somos gêmeos siameses que nunca tiveram juntos.
MINHA FLOR DE CAJUEIRO
Para Mirella Costa
Ó minha flor de cajueiro
Ó minha chuva cristalina
Vem cá me deixar verde
Vem com todo amor
Abrandar a minha sina
Há quanto tempo
Que não te vejo
Eu tenho sede
De te encontrar
De matar essa vontade
No meu peito
De consumir o teu calor
Nesse aconchego
Balançando numa rede:
Quero te amar.
Ó minha flor de cajueiro
Ó minha chuva cristalina
Vem cá me deixar verde
Vem com todo amor
Abrandar a minha sina
Fico penando
Quando estou longe
No meu sertão
Me ponho a cantar
Cantando com muita saudade
Pelo amor dessa beldade
Balançando numa rede:
Quero te amar.
Ó minha flor de cajueiro
Ó minha chuva cristalina
Vem cá me deixar verde
Vem com todo amor
Abrandar a minha sina