quinta-feira, 16 de julho de 2009

ABOIO

As coisas não são! No máximo, elas ostentam uma transitoriedade que parece perpétua, mas suas essências são tão movediças quanto o gelo exposto ao calor. Nada é concreto, tudo tem a suavidade e flexibilidade nas suas formas, no seu jeito de ser e nas suas atitudes. Até as paralelas já próximas ao infinito cruzam-se para subverter a lógica e copular com a poética. Nada é só sim, nada é só não, há espaço para um talvez e certamente há outro universo de possibilidades. Por que se contentar com o não e o sim, com o escuro e o claro, com o denso e o leve? Essas lógicas dualísticas atrofiam os limites imensuráveis dos seres humanos, reduzem o campo de visão e atuação de qualquer um. O mundo rasteja-se letárgico para um desenvolvimento pífio, trazendo nas costas erros imperdoáveis. Desde que homo sapiens resolveu sair das cavernas e abraçar uma ciência capenga que se apóia numa bengala dualística, o coitado do primata construir durante todo esse tempo a sua própria sepultura. Nossa ciência é assassina, ela mortifica a coisa mais importante dentro do ser humano: a superação, a ousadia de ir além do limite e de subverter o que os olhos ainda não vêem com clareza. Isso não é ciência! Ciência cristaliza, impediu muitas vezes durante a história de homem ir mais além.

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