quarta-feira, 31 de março de 2010

UM ABOIO SACRO-PROFANO

Os múrmuros das beatas a debulhar seus rosários ainda são ouvidos como ecos dentro da minha cabeça. As mãos rugadas tateavam as contas suavemente sem perder cada mistério. As vigílias são intensas e a Igreja-matriz parece imbuir-se de insônia. A semana santa é uma mistura de tristeza e alegria; do profano e sagrado que se abraçam nas feições culturais de meu povo.

Domingo de Ramos tudo que é palha de carnaúba, coqueiro e palmeira são levados pelos fiéis ao templo, reconstituindo liturgicamente a triunfal entrada de Jesus em Jerusalém, diziam que as palhas eram recolhidas e tornavam-se cinzas para ser usadas na próxima missa das cinzas.

Na quinta-feira maior, a missa do lava-pé retrata o ato de humildade de Jesus que lavou os pés de seus apóstolos.

Na sexta da paixão, tudo é penumbra, os mais velhos dizem pra os menores: hoje é tristeza! Não diga aleluia! Não diga glória! Sem aplauso e músicas alegres! Mas também é o dia do teatro popular – deveras comum nos vilarejos nordestinos – a Paixão de Cristo pelas ruas de pedras toscas e a crucificação defronte a Matriz.

Sábado de Aleluia é a malhação do Judas (eu adoro esse dia cultural), a cidade é tomada pela euforia de se malhar Judas Iscariotes que incorpora todos os nossos inimigos, o testamento do apóstolo traidor é uma sucessão de “presentes de gregos” dados a diversas pessoas e depois o grande final com enforcamento e cremação.

Domingo de Ressurreição ou de Páscoa é o dia da esmolas, o grande teste da bondade humana, dizem os mais velhos que Jesus nesse dia se veste de mendigo e testa o nível de altruísmo das pessoas. Não tem esse embuste consumista de páscoa, as pessoas se congregam e vão à missa. Depois disso, compram bolo de grude e de batata na pracinha pública.

DIVINA COMÉDIA URBANA

INTERIOR DE SANGUE E CIDADE CONCRETO

Encarno-me de domingo de ramos na segunda

A saudade das coisas interioranas

Deixa-me um tanto diminuto

Mas é que quando você é do interior

O teu corpo é sangue, carne e suor

Hoje refém da cidade do medo

Meu corpo é de ferro e concreto

E se estou certo, sinto-me um edifício

Gosto das seduções citadinas

Mas a simplicidade provinciana

É a tônica do meu amor maior

A essência da minha alma podre

Quero ser sereno

Como uma tarde de domingo no interior!

segunda-feira, 29 de março de 2010

Um dedo de prosa dentro da poesia!

ELEGIA PARA ARMANDO NOGUEIRA

Xapuri contenha essas lágrimas cristalinas

Você não tem que dizer a adeus, nem eu

Sei que é difícil conter a dor da perda

Eu também sinto como se uma adaga

perpassasse meu peito

Xapuri pegue aqueles escritos

Consuma-os com um absinto

A nostalgia já nos reveste no silêncio

Xapuri cante aqueles benditos

Aquelas incelências

Para o Armando

Para o Nogueira

Toque o maracá dos pajés

Invoque Tupã para acariciar nossos espíritos

E bola pra frente!

Mesmo futebol ficando um pouco chato,

Sem o nosso Armando Nogueira!

Xapuri coloque nos ombros o dia de hoje

Sobre este faça um novo amanhã

De onde gemine novos Armandos.

Ejaculação Precoce (Haicai)

Vomitei os meus versos
No universo paralelo
E singelo da alma.

Ejaculação Precoce (Haicai)

Cunharam a raiva

Dentro do meu hipotálamo

Só assim sou humano.

Ejaculação Precoce (Haicai)

O gume da língua

Perfura até o diamante

E a essência humana.

Ejaculação Precoce (Haicai)

Nada me comove

Somente a poesia matuta

É quem me desmonta!

sexta-feira, 26 de março de 2010

Ejaculação Precoce (Haicais)

Não é o cúmulo ser
O detentor da razão,
Amando a mentira?

Ejaculação Precoce (haicais)

Matei-me primeiro
E a vida riu num segundo
Dentro do meu túmulo.

UM ABOIO BELICOSO

Jaguaruana: a volta dos antropófagos incultos!

Minha esperança tinha até acenado com a atual administração pública de Jaguaruana, contudo os antropófagos incultos estão por toda parte! E a minha intuição mandou-me conter minha euforia e não desperdiçar minha esperança. Afinal, os antropófagos incultos não desistem de semear o atraso e a perseguição a arte. Sei dos seus rancores para comigo, mas quando eles pensam que eu estou desistindo, eis que surjo das cinzas como uma fênix. E puxo da manga aquela carta escondida, o golpe inesperado do jogador que blefa. Estarei representando Jaguaruana – mesmo contragosto dos Antropófagos Incultos – no Premio Literário de Autores Cearenses em duas categorias: na Categoria da Literatura de Cordel com a obra intitulada: Saudade de minha amada e na Categoria da Dramaturgia com a peça teatral: Sant’Ana: a mãe da Santa Maria e a avó do Senhor Jesus. Na expectativa de se tudo der certo, eu posso abocanhar uma categoria e levar o nome de meu torrão perante a classe artística e literária do Estado do Ceará. E assim neutralizar as energias negativas dos antropófagos incultos que por ora estão ganhando a batalha, mas certamente não ganharam a guerra!

Um dedo de Prosa dentro da Poesia!

Nada é tão fugaz
Que não fique um resquício
Nada é tão eterno
Que não chegue ao fim
Minha vida em ré menor
Tropeça nas cordas do acaso
E se caso, divorcio
das coisas mais importantes
dos compromissos inadiáveis
E deleito-me com a chuva vespertina
Rolo na areia fina de uma praia

Incorporo um Nero com minha harpa incendiária:
As receitas para o sucesso eu incinero
Os livros de auto-ajuda eu incinero
Os gestos refinados eu incinero...

Na verdade nada sou
Prefiro essa coisa de “estar”.

DIÁLOGOS CORDELESCOS

Essas duas estrofes foram encomendada para uma turma chama de JUMENTA COICEIRA:

Minha equipe é chapa quente
Só tem gente de primeira
Derrubar o boi na faixa
Para gente é brincadeira
Não tem essa de vacilo
Não tem essa de bobeira
Não se encoste enxerido
Vá pra lá com sua besteira
Que não sou de sua laia
Sou Jumenta Coiceira!

Gosto mesmo de balada
E não perco uma zoeira
Quando estou na vaquejada
Sou vaqueiro e bate-esteira
Se o negócio tá ruim
Eu não perco a estribeira
Aonde tô eu faço festa
Danço até na gafieira
A minha turma é invocada
Sou Jumenta Coiceira!

quinta-feira, 18 de março de 2010

Um dedo de prosa dentro da poesia!

Aqui estou regurgitando a verbosidade do meu vazio
As sílabas sibilam aqui por dentro como pássaros parcos
Pássaros parcos que passam e adormecem no papel frio
E covardemente tiram-me o sossego, torno-me um zarco!

Trotando páginas, frases, sentenças como um anjo vadio
Naufragando nos livros e folhas malditas em grande charco
Para andejar de pés descalços um universo com meu feitio
Navegando por entre mares bravios com o meu próprio barco.

Quem ousa burlar a toda uma vida sem entregar-se a morte?
Quem ousa flutuar sob um sol causticante com asas de Ícaro?
Quem ousa mergulhar nas profundezas da terra com metáforas?

Quem não ousa é porque não buscar o exercício da leitura
Não se entregar ao amontoado de palavras em papéis
E vive simplesmente uma vidinha pela metade!

quarta-feira, 17 de março de 2010

ABOIO A MIRELLA COSTA DE LIMA

Os relâmpagos chicoteavam o céu naquele dia quinze de março de mil novecentos e oitenta e cinco, prenunciando uma enchente que mais tarde inundaria toda a cidade de Aracati-Ceará. Mas aquele dia quinze se reservaria para o nascimento de uma menina, a segunda de uma família antes de três (Seu Francisco, Dona Lúcia e a filha Marielle). A chuva torrencial ao som de trovões acolheu aquela menina que teria a alcunha da sabedoria: Mirella nome originário do latim que significa sábia. Mal nascera e o sangue peregrino de cearense correu-lhe o corpo e junto com sua mãe, fugindo das intempéries que sucederam a cheia de mil novecentos e oitenta e cinco, alojaram-se em Natal; capital potiguar. Quando se passou o tormento de mil novecentos e oitenta e cinco, voltaram para o Aracati, viveu sua infância e grande parte de seus estudos. Essa menina sentiu sua terra com os pés descalços, abraçou o vento bom com sua docilidade, degustou da arte, dos livros, da poesia e da música, atravessou sua puberdade como quem brinca amarelinha e de morena cor Brasil tornou-se também Amarellinha (risos). Na madrugada do dia quinze de dois mil e dez, o céu desabou em água como se quisesse reconstituir o primeiro dia de seu nascimento, ainda bem que fora apenas uma chuva normal sem relâmpago e trovões. O céu quis apenas acenar-lhe com um “feliz aniversário!” e lhe refrescar esses dias de solstício! Mas eu que escrevo esse texto quero lhe dizer algo além de um simples feliz aniversário, quero dizer-lhe que sua importância na minha vida sobrepõe qualquer constatação sua. Por mais que diversas vezes não pareça e tudo conspira para que se pense o contrário, digo-lhe convicto que eu sei muito bem o que eu quero! O crédito da confiança fica na sua mão, mas mesmo assim tudo que penso e faço é projetando a nossa felicidade. A menina que nasceu com os raios e trovões. Eu aprendi a lhe amar. Avisando-lhe que o dia quinze de março não é somente o seu dia, mas certamente mais um dia no ano para cortejar sua presença na minha vida.

UM ABOIO TITÂNICO AO TITANZINHO!

A moda agora é o Titanzinho! Para os que não conhecem tal local, o Titanzinho é uma praia localizada no bairro Serviluz, adjacente ao Porto do Mucuripe. Apreciada pelas suas generosas ondas que, aliás, são as melhores de toda orla, mas devo dizer de antemão que o Titanzinho está tendo toda essa projeção não por causa de suas ondas. O fato é a instalação de um possível estaleiro naquela praia que a tornou – do dia para noite - a jóia cobiçada da Coroa de todas as autoridades políticas do Estado do Ceará, subdivididos na turma do “contra” e na turma do “favor”. Confesso ao leitor que nunca fui ao Titanzinho não conheço de perto a situação social dali. Tudo que sei se resumi a depoimentos de pessoas, notas de jornais e pesquisas no Google. Aquela praia está localizada numa zona periférica completamente abandonada pelo poder público, o mesmo poder público que se digladia entre suas esferas (estadual e municipal), proclamando-se arauto do bem-estar social daquela localidade. O que se presumi dessa contenda obtusa, em minha opinião, é simplesmente o beneficio e interesse próprio. O Titanzinho?! O Titanzinho é somente um trunfo nesse jogo de negócios. Nesses anos todos, nunca se viu tantas figuras defenderem uma praia tão esquecida. É ecologista que nunca nem plantou um pé de feijão falando com desenvoltura; é engenheiro naval sem diploma da área dissertando o que é um estaleiro; é gente que nem sabe nadar que já sente saudade das ondas do Titanzinho; é analfabeto escrevendo o nome em abaixo-assinado; Governador dizendo que só há benefício e a Prefeita dizendo só há malefício. A grande pergunta que surge dessa contenda verborrágica é: e o povo lá do Titanzinho e de todo o Serviluz o que acham de tudo isso? É preciso escutar o povo espontaneamente, sem falso plebiscito e nem abaixo-assinado tendencioso. Outra pergunta é: quanto substancialmente sem justificativas subjetivas o Titanzinho vai ganhar e quanto vai se perder? Sabe-se que um investimento desse não há somente ganhos e nem somente perdas, mas um conjunto de perdas e ganhos que deverá ser analisada com parcimônia e, sobretudo isenção. Deve-se imediatamente esquecer a paixão, a hipocrisia e ranço político nessa questão. Independente dos que são contra ou favor, o Titanzinho merece certamente externar sua opinião.

Letras que podem ser musicadas!

CÂNTICO DO MEU FIM

O crespuculo cinge meu olhar
E não há nada a cantar senão a dor
O limiar do meu fim é o começo do caminho
Que não sei aonde vai parar!
Mas eu sei que a vida tem as suas asas
E quero ficar em casa
Esperando o meu amor chegar
Mas eu sei que a vida não é um grande entulho
O meu silêncio faz o barulho
Que meu coração cantou
Ao mundo!

A primavera e o verão
Esquartejando a ilusão de um pobre peregrino
Já me embaça a visão e se perde o sentido
Do que não dar nem para sentir
Mas eu sei que a vida tem as suas asas
E quero ficar em casa
Esperando o meu amor chegar
Mas eu sei que a vida não é um grande entulho
O meu silêncio faz o barulho
Que meu coração cantou
Ao mundo!

sexta-feira, 12 de março de 2010

ADÁGIOS (IM) POPULARES

"A DIFERENÇA ENTRE O LUXO E O LIXO É UMA VOGAL".

"O DIREITO CONCRETO E O DIREITO ABSTRATO SÃO SEMELHANTES, AMBOS SÓ EXISTEM NAS BOCAS PANTANOSAS E NOS PAPÉIS"

quinta-feira, 11 de março de 2010

UM ABOIO REVOLTADO!

PREFEITURA DE JAGUARUANA FERE A CONSTITUIÇÃO FEDERAL!

Seria Jaguaruana outro país? Por vezes, tenho essa convicção através de manifestações que beiram a incompetência jurídica. Será que por lá as autoridades públicas conhecem a Pirâmide de Hans Kelsen? Hans... O que? Isso mesmo Hans Kelsen para os que não sabem as suas contribuições pertinentes no âmbito jurídico-científico, tornaram-se o alicerce como estruturação para as instituições jurídicas dentro de um Estado Democrático de Direito, inclusive no Brasil nitidamente evidenciado nos Art. 23 e 102 da Constituição Federal. A sua famosa Pirâmide cujo em seu topo está a Constituição, significa que todas as outras leis, normas, decretos infraconstitucionais estão todos subordinados ao topo da Pirâmide, ou seja, a Constituição Federal. Todo e qualquer dispositivo legal que estiver dissonante com a Carta Magna é inconstitucional e assim sendo perde sua característica de legalidade. Tracei esse cenário somente para evidenciar que no dia 10.03.2010, solicitei uma Certidão Negativa de Débito ao Fisco Municipal, o qual cobrou uma taxa de emissão do documento. Documento este que deve ser expedido de graça, uma vez que a Constituição Federal no seu capítulo I, art. 5º, inciso XXXIV e alínea b assegura esse direito. O Dispositivo Constitucional trata assim na sua redação: “São a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal”. Por isso, a pergunta no preâmbulo do texto e o amparo nos estudos de Hans Kelsen. Outro fato, que me deixou estupefato fora a questão no caso de o responsável pelo setor tributário do município desconhecer essa regalia constitucional, conhecida de todos que trabalham nesse ramo e que devem seguir o Princípio da Legalidade dentro da repartição pública. O responsável pediu-me que eu balizasse meus argumentos nos princípios legais, coisa é que função dele! Uma inversão total de papéis, ele como servidor tem que ter conhecimento integral da lei dentro da sua função. Quando o interroguei que ele me desse o dispositivo legal que formalizava aquela taxa, ele apenas disse que o município tinha um código tributário. Uma resposta vazia, assim como a função daquele setor. Além da Constituição Federal, o CTN (Código Tributário Nacional) não fixa em seu teor a cobrança dessa taxa, em seu Capítulo III não há nada ligada ao fato. Diante dessa total incompetência jurídica, devo eu como cidadão em um Estado de fato e de Direito denunciar esse abuso e esclarecer as pessoas que pagaram essa taxa para pedir em juízo o devido ressarcimento. Vamos acabar com esse desrespeito jurídico a maior conquista que um País Democrático tem: A Constituição Federal.

quarta-feira, 10 de março de 2010

UM ABOIO

VISÃO PROFÉTICA – Primeira Parte

Encontrava-se sentado em uma rocha ígnea, mirando o vale de jade e quartzo. Quando um pássaro quiróptero paira por sobre minha cabeça e com suas garras segura-me pela túnica. Carregando-me como se para outra dimensão, sua velocidade é tão imensa que as coisas ao meu redor iam ficando cada vez mais desfocadas. Pouco a pouco o cenário natural desconfigurava-se com cores que se misturava e se coligavam como um caleidoscópio. Depois o pássaro soltou-me e cair numa dimensão que mais parecia um quadro de Salvador Dalí. Naquele lugar pude ver projeções metafóricas que pareciam vaticínios, dos quais descrevo alguns:

“Uma figura teratológica rumina os anais, súmulas e encíclicas igualmente aos lepismatídeos, domado por um grão-vizir cujos olhos cintilam cor de ametista”.

“A figura teratológica tem uma silhueta singular aparentemente análogo ao peixe marinho por conta de suas barbatanas e escamas, pois nove olhos cada um com uma cor específica: branco, vermelho, verde, azul, amarelo, preto, lilás, cinza e ocre. Na garra direita traz uma lança áurea incrustada de rubis e cheia de gravuras de Têmis, na outra um escudo com o brasão estranho com desenhos religiosos. Em seu tórax havia uma tatuagem que a meu ver transmitia o medo, era uma gravura tribal de um guerreiro. (...)

AFORISMO FORA DE LINHA

AFORISMO FORA DE LINHA

O mundo todo vive um novo neomercantilismo, cuja mercadoria mais preciosa é a prepotência no atacado e no varejo.

Enquanto o mundo gira, o homem delira com sua falsa superioridade na cadeia natural dos seres vivos.

Meu sertão não tem a silhueta da sequidão, há um embuste poético em tudo isso. Algo que desafia a visão de todos!

Um dedo de prosa dentro da poesia!

PRAZER, SOU SER HUMANO!


Olhe meu suplício uníssono nesse tempo solstício
A esbanjar meu vício da mais pura intransigência
Atado aos tentáculos da ciência, guardiã do meretrício
Que carrego vitalício dentro da minha consciência!

Eis que sou a própria prepotência desde o início
A raiva é o meu frontispício, toda minha essência
Amante da delinqüência, meu verdadeiro ofício
Sou sacerdote do homicídio vestido de benevolência

E tu me segues como um espelho do que há de mais puro
Como a verdade que se eleva diante de tudo no mundo
Não passo da mentira pútrida aclamada no escuro!

Sou o retrato cândido do que há de mais imundo
De fraque opaco, bem penteado e calibre duro
O emblema de um estadista meramente vagabundo.

terça-feira, 9 de março de 2010

Um dedo de prosa dentro da poesia!

FELIZ ANIVERSÁRIO!

Pra que se comemorar um dia de vida,
Se toda a vida já é uma grande celebração
Comemore-a todos os dias
Ao encher os pulmões de ar,
Diga:
- muito obrigado!
Não precisa de festivais!
Não precisa de cantos forçados
E exaustivamente repetidos
Que graça tem isso?
Se dentro de sua alma nada lhe toca.
Se tudo isso é manifestação ostentosa
E nada me acrescenta na vida!
Vida essa que escorre pelos dedos
E se vão como grão de areia ao vento.

A única coisa que eu posso fazer
É cortejar a vida ainda que miúda
Estúpida e pouco afável
É minha e ninguém tasca!
Não ponham o dedo
Não olhem atravessado
Cuidem das suas
Que da minha cuida a arte
O improvável, o descuido
A ausência e o exagero!

Não preciso de seu feliz aniversário!
Eu preciso de sua amizade
Não preciso de seu mais um ano de vida
Eu preciso de seu amor
Não preciso de desejos ao soprar as velas
Eu preciso só do sopro da vida
Derramando-se sobre mim

E o resto... o resto que se exploda!

No meu aniversário quero a simplicidade
Da “Ultima crônica” de Fernando Sabino!

segunda-feira, 8 de março de 2010

UM ABOIO - DIA INTERNACIONAL DAS MULHERES

Quero fugir dos clichês mesmo sabendo ser um pouco impossível. Não quero expôs a mulher num púlpito de superioridade e muito menos numa vala de inferioridade, nenhum dos extremos são cabíveis as mulheres. A melhor palavra é paridade! Quando da construção do mundo, Deus moldou a mulher com a costela de Adão. Ele poderia ter sido feita do pé e a mulher seria inferior, ou talvez da cabeça e aí ela fosse superior, mas ao fazê-la da costela Deus quis a paridade. Nesse centenário do dia internacional das mulheres, não as quero vangloriá-las em detrimento dos homens, mas colocá-las no mesmo degrau. Não há diferença! Não há fragilidade sexual, física, psíquica! Não há sensibilidade exacerbada! O que há são dois seres (homem e mulher) completamente distintos, mas tão iguais! Peças incompletas que quando encaixadas tem maior sentido.
Esse dia não é o dia das mulheres, mas apenas um recorte história da ousadia feminina que deve ser lembrado por todo sempre. Eu acredito na força das mulheres e sei que juntas com os homens, certamente, poderemos fazer um mundo muito melhor! Parabéns por todos os dias do mês, todos os meses do ano e dos anos da vida!

BAÚ DO ABOIADOR

MANHINHA JAGUARUANA

Deixa eu tecer, manhinha!
No batelão, manhinha!
Mais uma rede, manhinha!
De algodão, manhinha!

Quando era novo, manhinha!
Quis ser tecelão, manhinha!
Fazer tijubana, manhinha!
Rede de algodão.
Hoje crescido, manhinha!
Sou um tecelão, manhinha!
Mas não me deixam, manhinha!
Fazer rede não!
Fazer rede não!
Faço olho-de-peixe
Com precisão
Faço natura
Sou um tecelão
Mas eu te peço
De coração
Deixa eu tecer, manhinha!
No batelão
No batelão

Deixa eu tecer, manhinha!
No batelão, manhinha!
Mais uma rede, manhinha!
De algodão, manhinha!

DIÁLOGOS CORDELESCOS

Desde menino que eu sei
Como se faz poesia
Sei fazer com simetria
Aprendi como uma lei
E por isso que versei
Esse fato com tristeza
Pra mostrar a malvadeza
Que nos traz devastação
Olhe a boca-de-leão
Matando nossa riqueza.

Essa planta tão ferina
Que saiu de sua savana
De procedência africana
Para selva nordestina
Sua presença desatina
Toda nossa natureza
Tornando-se com certeza
Nosso principal vilão
Olhe a boca-de-leão
Matando nossa riqueza.

Pobre da carnaubeira
Ceifada por essa planta
Que lhe cobre como manta
Todo o corpo da palmeira
Dominando-a por inteira
Sufocando-a com frieza
Nunca vi tanta vileza
Nas quebradas do sertão
Olhe a boca-de-leão
Matando nossa riqueza.

Letras que podem ser musicadas!

Canção de Capoeira nº 3

Refrão:

Canta a dor
Canta a dor
Na senzala, negro nagô! (Bis)

Olha o ódio no chicote
Preconceito gera dor
Negro aprende capoeira
Pra lutar contra opressor
Pra viver em liberdade
Pra viver com mais amor
Pra acabar com a maldade
Na cadência do tambor!

Canta a dor
Canta a dor
Na senzala, negro nagô! (Bis)

Que se quebrem as correntes
Dos grilhões do preconceito
O meu povo também gente
E merece ter respeito
Respeitando o candomblé
Que é dançado no terreiro
Respeitando a cultura
Cada um tem o seu jeito.

Canta a dor
Canta a dor
Na senzala, negro nagô! (Bis)

Abre a roda, camará
Pra se ver nosso valor
Sob a luz do Orixá
Vou cantar em seu louvor
No atabaque, vou tocar
Porque sou bom tocador
E nesse arte, eu vou mostrar
O meu povo lutador!

Canta a dor
Canta a dor
Na senzala, negro nagô! (Bis)

sexta-feira, 5 de março de 2010

DIVINA COMÉDIA URBANA

TREPADA URBANA

Cidade fálica que sem dó
Rompe o hímen da minha vagina
Vagina tão pudica
E que nem pentelhos tinha!
Como abro as pernas para cidade
Com um olhar docilmente de vadia
Buscando comer um pedaço da fatia
Que dizem chamar: prazer
Ah! Como é fácil se subverter
Numa cidade tão linda
Que desfalece, sem perecer
Ah! Como eu queria cidade
Ser um pouco você!

quinta-feira, 4 de março de 2010

DIALOGOS CORDELESCOS

COCO TRAVA-LINGUA MORRANIANOS

OS DOIS:
Quero vê você travar
Quero vê você dizer
Mato, massa, maracá
Mutum, muçum, mussambê!(Bis)

EMBOLADOR 1:
Tato, teto, tico, tinto
Tinto, tico, teto, tato
Fato, farto, farra, fardo
Fardo, farra, farto, fato
Soca, sidra, sebo, sapo
Pato, poça, peça, papo
Papo, peça, poça, pato.

OS DOIS:

Quero vê você travar
Quero vê você dizer
Mato, massa, maracá
Mutum, muçum, mussambê!(Bis)

EMBOLADOR 2:
Checo, chefe, chave, chato
Chato, chave, chefe, checo
Treco, trinca, troca, trunfo
Trunfo, troca, trinca, treco
Hora, haste, hirto, hasta
Peco, porca, pira, pasta
Pasta, pira, porca, peco.

quarta-feira, 3 de março de 2010

PARÓDIA DO ABOIADOR

Letra original:

A Jardineira
Composição: by Benedito Lacerda-Humberto Porto

Ó jardineira porque estás tão triste
Mas o que foi que te aconteceu
Foi a camélia que caiu do galho
Deu dois suspiros e depois morreu
Vem jardineira vem meu amor
Não fiques triste que este mundo é todo seu
Tu és muito mais bonita
Que a camélia que morreu


Paródia:


ANJO:
Ó minha Sant’Ana
Porque estás tão triste
Mas o que foi que te aconteceu (Bis)

SANT’ANA:
Foi meu esposo
Que foi pro deserto
Peregrinar e escafedeu! (Bis)

ANJO:
Vem minha Sant’Ana
Vem com amor
Não fiques triste que esse mundo é do teu
E o milagre que esperas
Nosso Deus te concedeu!(Bis)

terça-feira, 2 de março de 2010

UM ABOIO

Aviso aos navegantes: o respeito à manifestação do pensamento é um direito constitucional pétreo, contudo ocultar a autoria usando-se de nomes falsos e anonimato é proibido, perdendo o valor de seu pensamento perante a posteridade. O artigo 5º inciso IV da Constituição Federal trata em sua redação: “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”. Alguns na minha cidade continuam escondendo-se por trás de alcunhas tendenciosas e “descendo a lenha” nas pessoas de uma forma criminosa. Essas pessoas, que se prestam a esse papel, não têm moral nenhuma para admoestar ninguém e muito menos serem arautos da ética. São pessoas covardes, sem personalidade definida e de discursos atabalhoados, com intuito sorumbático de caluniar e difamar as pessoas no seu âmago.
Em Jaguaruana já costumeiro as missivas malditas que surgem nas madrugadas frias e voam até frestas das portas adormecidas. Dir-se-ia que Jaguaruana é terra em que há o maior número de escritores ocultos do planeta Terra. A época de eleição – por incrível que pareça – torna-se um momento profícuo para o exercício nefasto da pena, preconizada por nossos infaustos escritores ocultos. As missivas malditas espalham suas peçonhas para todos os lados, como uma metralhadora giratória. É folclórica, uma marca vergonhosa de nossa politicagem mais pútrida. As missivas malditas sobrepujam a constituição, retirando das pessoas atingidas às garantias constitucionais: do direito de resposta, a presunção da inocência, inviolabilidade da imagem, entre outras, são verdadeiras assassinas do direito que cada cidadão possui. É preciso entrar em extinção esse tipo de prática, nossa cidade merece coisas menos execráveis do que essa prática abominável.

segunda-feira, 1 de março de 2010

DIÁLOGOS CORDELESCOS

COCO TRAVA-LINGUA MORRANIANOS

EMBOLADOR 1:
Salsa, salto, saco, saca
Saca, saco, salto salsa
Valsa, vala, vale, vante
Vante, vale, vala, valsa
Zaga, zebra, zebu, zarco
Balsa, base, bote, barco
Barco, bote, base. Balsa.

OS DOIS:

Quero vê você travar
Quero vê você dizer
Mato, massa, maracá
Mutum, muçum, mussambê!(Bis)

EMBOLADOR 2:
Cinto, cela, cola, calça
Calça, cola, cela, cinto
Quinto, quarta, quanto, quando
Quando, quanto, quarta, quinto
Rifa, riso, rã, razão
Pinto, pato, pá, pavão
Pavão, pá, pato, pinto.