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terça-feira, 30 de agosto de 2011

UM ABOIO

SALÁRIOS, MENTIRAS & VIDEOTAPE: O que será de nossa educação?



Alguns vão lembrar aquele filme: ”sexo, mentiras & videotape” e não estão errados. Pena que o remake que está sendo dirigido pelo nosso governador infelizmente é uma versão trash que Steve Soderbergh ficaria de cabelo em pé! E por ter uma sinopse completamente diferente da obra de Soderbergh, o título deste filme inglório teria que se compatível ao contexto que vivemos atualmente. Vamos aos meandros do filme:



SALÁRIOS



            O preâmbulo desta nefasta obra cinematográfica, genuinamente cearense, começa com a polêmica aprovação do Piso Salarial dos Professores (uma das poucas ações benéficas do governo brasileiro desde os primórdios da República) e sua ardilosa contestação de constitucionalidade perante o STF. Contudo, o que o “Diretor” da película Cid Gomes não esperava era que o seu filme fosse transcender script adquirido vida própria. O STF contrariando as vontades despóticas do “Diretor” votou pela constitucionalidade do Piso, favorecendo milhares de professores. O “Diretor” ao perceber que sua obra tinha criado autonomia, decidiu comandar ao modo rústico dos “Ferreira Gomes” passando por cima do arcabouço jurídico e das atribuições políticas de um mandatário.

            Frente à atitude despótica de um “Diretor” que perdeu as rédeas de seu filme, os professores cobertos de razão instauram uma greve. A adesão da classe fora bastante significativa o que fez o “Diretor” explodir num narcisismo político que beira o limite da desinformação. Se o script havia criado vida própria, agora era o elenco que se rebelava e isso era ponta de um iceberg que poderia acabar por destituir o “Diretor”.



MENTIRAS

            Quando eu ainda era menino, os velhos ateneus criavam o falso arquétipo que a arte de ensinar era um sacerdócio. Os professores eram monacais que de seus templos de doutrinação deveriam fazer votos de pobreza, de humildade e de mordaça. O sacerdócio da educação tornava-se uma forma de omitir o dever do Estado de ofertar educação de qualidade, transferindo a responsabilidade para o cidadão e este deveriam se preciso sacrificar a própria vida pelo ensino. Alguns dos meus ex-professores viveram a essa mentira sem perceber que a cada dia eram subtraídos naquilo que é mais caro para o ser humano: a sua dignidade. Nunca foram reconhecidos pelos seus esforços extra-humanos, adoeceram com o pó de giz e as precárias instalações escolares e deram as suas vidas para eu (e tantos outros) pudessem sonhar com um país melhor. É preciso desfazer essa mentira: PROFESSOR É PROFISSÃO!

            “Diretor”, por favor, diga-me: “Professor não pode sonhar?” “Não pode ter casa?” “Não pode ter comida?” “Não pode receber salário?”. Acredito que nem os padres ou pastores viveriam em prol de seu sacerdócio sem casa, sem ajuda de custo, sem comida e sem sonho. Os padres e/ou pastores ainda tem outra vantagem fronte aos professores: o reconhecimento! Mas agora eu entendi que o “Diretor” quer que o seu elenco (os professores) trabalharem de graça. Amigo “Diretor” há tempos que o professores trabalham de graça para o Estado, porque o que eles recebem não pode ser chamado nem em ajuda de custo. Há professores no interior do Ceará que ganha R$ 150,00 por mês, por vezes menos que o bolsa-família. Isso não é trabalhar de graça?

            Outra mentira é a glamorização dos prédios educacionais com intuito ardiloso de dizer que a educação está evoluindo. Puro narcisismo político! A transformação educação não pode ser capenga ou incompleta, sob pena de nadarmos e morrermos na praia. Tornam-se em vão os investimentos nos prédios, se o humano que vai usá-los não consegue suprir suas necessidades primárias. A educação só vai mudar realmente neste país, no Nordeste e no Ceará quando for democratizado e quando falo democratizado não me refiro tão somente a decisões pré-estabelecidas por uma estância maior. As decisões educacionais não pode se concentrar nas mãos de poucos; como se estes tivessem a plena noção das necessidades de todos.



VIDEOTAPE

            E o termo acima é bastante adequado para se falar de um arcaísmo que se esconde nos anos eleitorais. A figura do professor nos discursos políticos é quase santa (outra vez algo ligado ao sacerdócio), a sua função social dentro do contexto de nação é tão importante (e às vezes até mais) que um médico, engenheiro, executivo e até mesmo um mandatário político. Pena que as analogias só ficam na seara de cargos e funções, o bom mesmo é que o salário dos professores fosse equiparado aos dos médicos, dos engenheiros, dos executivos e dos mandatários políticos. Eu não se vocês perceberam, mas os discursos políticos acerca dos professores são videotapes; ou melhor, uma espécie de déjà vu que se apresenta como déjà entendu que é proferida só para arrancar aplausos dos distraídos e bajuladores de plantão. O problema destes discursos-videotape que eles são alicerçados na hipocrisia e na incongruência política; que juntas ocultam o arcaísmo de que educação não dá votos e que sua disseminação pode tornar a nossa nação perigosamente autônoma: pesadelo de qualquer sistema corrupto.                   



QUANDO SERÁ “THE END”?

            As próximas cenas deste filme infame já trazem contornos extraordinários. O poder judiciário entrou no filme como vilão coadjuvante tentando criminalizar um direito constitucional dos professores, através de uma decisão inverossímil que se assemelha aos efeitos especiais hollywoodianos: será um golpe do “Diretor” procurando tomar a direção do filme? Não sei!

            Só sei que sinto vergonha de se representado por um Governador (apesar de não ter votado nele) que humilha as pessoas que mais admiro e devo imensurável gratidão: os professores!

quarta-feira, 29 de junho de 2011

UM ABOIO

A INTERIORIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR E O DESAFIO DE SE IMPLANTAR A UFERSA NA CIDADE DE JAGUARUANA


Moacir Morran



Recentemente, na história educacional do Brasil as instituições de ensino superior se concentravam nos grandes centros urbanos, sendo a sua maioria esmagadora concentrada nas capitais. Uma espécie de êxodo educacional era uma prática comum, se o estudante quisesse transpor o incipiente ensino médio teria que sair do interior para um grande centro urbano e mais se desejasse obter um título de engenheiro, por exemplo, ele teria que voar ainda mais longe até as capitais. As universidades federais eram ainda mais concentradas, se comparadas com as estaduais. Essa má distribuição educacional (mil vezes pior que a má distribuição de renda) gerava o pior dos males econômico: uma população ativa desqualificada. Por causa disso hoje quando vivemos o que os economistas chamam de pleno emprego o país está à beira de um apagão de mão-de-obra, ou seja, a concentração educacional contribuiu para o atrofiamento do número de pessoas qualificadas no mercado de trabalho, que hoje superaquecido não consegue empregados. Na Era Lula procedeu-se o aumento de Universidades e Institutos Federais, sobretudo pelo interior do Brasil; uma atitude deverás correta. Ainda que se tenham muito a avançar, contudo a interiorização da educação superior iniciada recentemente é um sinal benéfico de que estamos no caminho certo.

A Universidade Federal Rural do Semi-árido (UFERSA) é uma das soluções para se minimizar a má distribuição educacional no país, sobretudo em uma área tão injustiçada pelos parcos recursos do governo. Até hoje a tal iniciativa se restringia apenas ao Estado vizinho do Rio Grande do Norte, nos últimos dias surgiu à ótima notícia de sua expansão além das fronteiras potiguares. O Ceará, enfim, ganhará um Campus Avançado da UFERSA. A única cidade que desde o início do processo se prontificou a receber a UFERSA foi Jaguaruana, no Baixo Jaguaribe Estado do Ceará, inclusive sendo também a única a realizar uma audiência pública sobre o fato. E Jaguaruana a merece por diversos motivos, contudo há um que é primordial: não há uma universidade pública federal na região que compreende a cidade, cujos locais circunvizinhos são: Russas, Palhano, Itaiçaba, Fortim, Icapuí e Aracati. Um contingente citadino que até hoje está fora da política de inclusão educacional superior, amargando um êxodo de talentos que necessitam sair de seus recintos para se qualificar nos grandes centros urbanos.

Algumas vozes hão de rosnar que Jaguaruana é uma cidade pequena que lhe falta o glamour dos grandes centros urbanos e/ou cidades-pólo. E é aí que se sobrepõe o melhor dos motivos para que seja lá a implantação da UFERSA, como podemos pensar na inclusão educacional superior nos pequenos rincões, se não forem colocadas Universidades lá? O Semi-árido brasileiro é composto de inúmeras cidades pequenas e será que elas não merecem dispor de uma entidade de educação superior? O governo federal tem afirmado que elas têm direito sim através da UFERSA e seus diversos Campi espalhados no Rio Grande Norte, por exemplo.

O povo de Jaguaruana está eufórico com a possível vinda da UFERSA, a juventude tem se mostrado esperançosa. Os meios de comunicação local demonstram o seu pode de mobilização ao vincular anúncio de incentivo a UFERSA. Há mobilizações na internet, através das redes sociais, blog e e-mail. Os políticos tem se comprometido também com a luta. Nunca tinha visto na minha vida uma cidade inteira tão unida por um ideal e só por isso tenho certeza: A UFERSA será implantada na cidade de Jaguaruana.