sexta-feira, 30 de novembro de 2007

DIÁLOGOS CORDELESCOS

Moacir –
Na cantoria sou monarca
Das mulheres sou xodó
Cantador como você
É chamado de bocó
Que só sabe budejar
Cantando uma nota só.

Letras que podem ser musicadas!

É NO BOB’S

Eu tomo milk-shake
Eu como sanduíche
Qual é o melhor canto
Pra matar seu apetite?

É no Bob’s

No Bob’s eu sou feliz
Eu como e digo bis

É no Bob’s

Eu como batatinha
Eu como sobremesa
O Bob’s é gostoso
É gostoso com certeza.

É no Bob’s

No Bob’s eu sou feliz
Eu como e digo bis

É no Bob’s

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

DIÁLOGOS CORDELESCOS

Moacir –
Sai pra lá catimbozeiro
Vê se busca o seu mister
No meu prato ninguém põe
Nem o garfo e nem colher
Eu nunca apanhei de homem
Muito menos de mulher.

Diabo –
Hoje eu faço o que quiser
Com caboclo da sua marca
Acabando com sua fama
Dentro e fora da comarca
E na data da sua morte
Eu vou pagar uma fuzarca

DIÁLOGOS CORDELESCOS

Diabo –
Vou deixa-lhe na salmoura
Tirá-lo da minha pista
Quero vê você chorar
Me pedindo que desista
E só assim você vai ver
Qual o valor de um artista.

Moacir –
Vamos lá seu vigarista
Vê se mostra o seu valor
Já derrubei muito poeta
Sou famoso e vencedor
Quero vê você tremendo
Procurando um cagador.

Diabo –
Tenho fama de doutor
Ninguém faz o meu roteiro
E nas disputas de viola
Não me tiram do primeiro
Hoje vou dar uma surra
Nesse nêgo maconheiro!

terça-feira, 27 de novembro de 2007

DIÁLOGOS CORDELESCOS

Diabo –
Que conversa mais sacana
Que história mentirosa
Banana não faz meu tipo
Há outra fruta saborosa
Que nasceu na sua mulher
E ela me dar toda prosa.

Moacir –
Minha mulher é gostosa
É bem feita e toda loura
Você já ficou com ela
E quase teve um piloura
Pois ela enfiou no seu rabo
Todo o cabo da vassoura.

DIÁLOGOS CORDELESCOS

Moacir –
Tenha calma, sarará!
Bicho da cara de pote
O seu canto é parecido
Com o canto do capote
E hoje eu corto o seu chifre
Só na base do serrote.

Diabo –
Quero ver o seu pinote
Quero ver o seu rebolado
Eu já conheço a sua fama
E rebusquei o seu passado
Pelo dia quer ser machão
E noitinha, afeminado.

Moacir –
Esse homem do meu lado
Tem coragem espartana
Briga até com São Miguel
Mas quando tá na choupana
Fica pedindo pra mim:
“Eu tô quero a tua banana!”

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

DIÁLOGOS CORDELESCOS

PELEJA DE MOACIR COM O DIABO


Diabo –
O meu cantar é estrondoso
Virulento e letal
Vou pra frente, vou pra trás
No mundo não tem igual
Eu sou homem aclamado
Sou um cantador magistral.

Moacir –
Também tenho cabedal
Pra compor e pra cantar
Faço versos de improviso
Bem à moda popular
Não há ninguém no planeta
Que possa me acompanhar.

Diabo –
Não souberam procurar
Esqueceram do meu nome
Sou melhor de todo mundo
Sou cantador de renome
E você não canta nada
Você sabe passar fome.

Moacir –
Você não tem sobrenome
Só sabe falar besteira
Mas isso é tão natural
Para um filho de rameira
Que na vida tem tentando
Tampar o sol co’a peneira.

Diabo –
Vou curar a sua cegueira
Com o meu pau de jucá
Vou carimbar teu espinhaço
Seu besouro mangangá
Quero ver você quebrado
Cabeça de carcará.

Letras que podem ser musicadas!

Encontrei Joca Silva na praça José de Alencar, ele é a própria expressão do andarilho. Um ser transitivo que não se encontrar lugar nenhum do mundo e está por toda parte do planeta. Eu digo que os olhos dele contam a sua própria história. Sábado dia 25 de novembro, entre goles de cerveja quente... Ele olhou-me nos olhos e disse: “vamos fazer uma música?” Naquela hora a cerveja que descia redondo, desceu quadrado. Quis esquivar-me, mas no final escrevi uma letra e ele musicou de supetão. Pena mesmo é que ele hoje já está com o pé na estrada, buscando como ele mesmo diz: beber um pouco de cada lugar. Ele queria ter conhecido minha namorada, mas como não conheceu me obrigou a escrever a letra pra ela. No final do processo criativo saiu essa música (bem ao estilo Joca um bregueiro de carteira):

SE NÃO FOR PRA SER CONTIGO
(CANÇÃO PARA MIRELLA)
LETRA: MOACIR MORRAN
MÚSICA: JOCA SILVA(*)

Teus olhos me seqüestraram
No meio da multidão
O teu amor é um brilho raro
Para minha escuridão
Já não quero mais ninguém
Já não quero mais sonhar
Se não for pra ser contigo
Não quero mais amar.

Se não for pra ser contigo
Não quero mais amar.

Êh, Mirella
Me guia com teu olhar
Me vira a cabeça
Me faz refém do amar.

Sou um pobre apaixonado
Cantador reles e cigano
Mas você é majestade
Do meu paço soberano
Já não quero mais cantar
Já não quero a poesia
Se não for pra ser contigo
Eu digo adeus à alegria.

Se não for pra ser contigo
Eu digo adeus à alegria.

Êh, Mirella
Me guia com teu olhar
Me vira a cabeça
Me faz refém do amar.

Receba minha canção
Como prova de amor
Um presente tão simplório
De um pobre cantador
Já não quero mais sorrir
Já não quero mais chorar
Se não for pra ser contigo
Nunca mais hei de casar

Se não for pra ser contigo
Nunca mais hei de casar

Êh, Mirella
Me guia com teu olhar
Me vira a cabeça
Me faz refém do amar.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Letras que podem ser musicadas!

PEQUENA CIRANDA

Não fique triste
Venha para roda
Venha sorrir, venha animar
Venha dançar ciranda
Fazer da dança
O nosso cantar.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

UM ABOIO

Será a queda do Império ou só um tombo?


Recentemente, o mundo financeiro sobre um baque deveras denso. A crise hipotecária no setor imobiliário dos EUA colocou todo planeta de alerta, o risco de inadimplência tem aumentado nesse setor vertiginosamente, causando entre os investidores uma desconfiança nas ações dessas empresas imobiliárias. Por conseguinte, a queda dos preços das ações e o extremo risco iminente nesse negócio provocaram um frisson nas transações financeiras. As bolsas de valores têm andando por sobre ovos e tratado do assunto com extrema cautela. E como se não bastasse à subida estronda do barril de petróleo ao patamar de 100 dólares e o enfraquecimento da moeda americana no câmbio mundial propiciaram uma insegurança global. Ressuscitando até o fantasma de uma quebradeira mundial nos moldes do ano de 1929. Esses sinais ligados diretamente a fatores econômicos não se restringem ao âmbito macro e microeconômico, trazem também na sua essência a fragilidade de um império em todos os seus contextos. A dominação hegemônica de um país passa a ser algo extremamente perigoso numa economia globalizada, a concentração de riqueza enfraquece a sustentabilidade econômica do mundo e põem todos os paises sob a mira de risco catastrófico e colossal. A cada dia a centralização de poder tem se mostrado deveras nocivo ao mundo. A recessão americana infelizmente pode ferir a todos, respingando por sobre paises que estão conseguindo se desenvolver.
Tudo isso pode ser até um tombo do Império, contudo se continuarmos nadando nesse mar de incertezas, o tombo pode virar queda e da queda a morte!

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

UM ABOIO

OSSOS DO OFÍCIO

Eu trabalho na área de contabilidade e uma das minhas funções é estar assessorando os clientes e alertando-os para a situação contábil de seus negócios. Certa vez, eu liguei para um cliente – um grande empresário do ramo de água mineral – e fui dar-lhe a notícia que os seus ativos estavam com uma boa liquidez. O cliente disparou a seguinte coisa: “Eu não quero saber da qualidade de minha água e sim como andam os meus negócios”.

Letras que podem ser musicadas!




Só há uma coisa que me faz sair de casa é um ovomaltine gelado no Bob’s e como tudo que é bom, sempre peço o maior. “O néctar dos bem-aventurados” nesse domingo, dia 18 de Novembro, quando saboreava aquela delícia tive um estalo de inspiração e compus uma música simplória, homenageando o melhor “milkshake” do mundo:

A VIDA COM SABOR DE OVOMALTINE

Tudo que é bom
Tem sabor de chocolate
É gelado
É cremoso
Cabe num copo
E é gostoso

Não fique assim
Com a vida sem sabor
Não desista
Não desanime
Beba a sua vida
Com sabor de ovomaltine

Refrão:
Eu quero na vida
Algo que me turbine
Eu quero a vida
Com sabor de ovomaltine.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

DIÁLOGOS CORDELESCOS

Co’o Renan ou sem Renan
O Brasil tem que avançar

É preciso uma faxina
No congresso nacional
Acaba co’o vendaval
Que tanto nos azucrina
Retirar essa cortina
Que só faz nos ofuscar
É preciso denunciar
Esse bando de tantã
Co’o Renan ou sem Renan
O Brasil tem que avançar

Bota todos na cadeia
Com sopapo e cacetada
Todos de boca calada
Sem o café, almoço e ceia
E todo dia mete a peia
Pro caboclo se alembrar
Que se um dia ele roubar
Grande vai ser o seu afã
Co’o Renan ou sem Renan
O Brasil tem que avançar

UM ABOIO

CONFISSÕES DE UM PEREGRINO ABOIADOR


Minha peregrinação é lânguida, mas tão saborosa quanto uma coca-cola gelada. As pegadas que marquei nesse chão parcimonioso contam por si só minha história. Os olhos negros guiam-me misteriosamente por caminhos que parecem claros, mas a sua claridade ofusca a verdadeira clareza que há. Por diversas vezes degustei desse solo: piçarra, argila e areia, em cada canto há um gosto novo de terra. Traguei os venenos e os antídotos misturando o jeito agridoce de viver. E foi isso, eu vivi. Entreguei-me ao imprevisto que previsivelmente será tecido pelas mãos de Deus, peguei carona, dormi no chão, comi de tudo e muitas vezes nada comi. Só assim percebi a pequinês de um mundo gigantesco e como eu um grão de areia errante, carregado pelo vento da audácia, tinha conhecido a parte mais minúscula do micro-planeta Terra. As alpercatas que cobriam meus pés da nudez morriam pelo caminho como se a sua única de viver fosse andar até soltar as tiras e desgastasse com o tempo.
Minha peregrinação é lânguida, mas tão prazerosa quanto uma ejaculação. E essa sensação é que fazer ter a certeza que eu nasci para caminhar sobre a face desse planeta.

Um dedo de prosa dentro da poesia

ACAMPANDO NA ESSÊNCIA DE TREMEMBÉ

Quero ser devorado pela brisa de Tremembé
Debulhar toda minha fé nas ondas desse mar
Jangada, balsa, canoa, proa, convéns e escaler
Agasalhar-me na areia-mulher, buscando pensar


Um novo jeito de festejar a vida como ela é
Ou como ela está, quero ser a maré desse mar
Do mar que se debruça fêmea em Tremembé
Um Tremembé que pinta o quadro do meu olhar

Fazendo-me sonhar com imaginável
Fazendo-me cantar sem melodia
Trocar a noite pelo dia

Escrever o que é ainda indescritível
Contentar-me mesmo na agonia
E percebe o que ainda é invisível.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

UM ABOIO

Tudo ali se resumia a um corpo estendido por sobre uma “cama-box”, um corte profundo na altura da jugular que ainda minava sangue. O braço direito ligeiramente curvado cuja mão segurava um pedaço do espelho e outro braço esticado com a mão aberta. Ventre para cima, olhos abertos, boca fechada e a cabeça totalmente inclinada para o lado da janela, como se desejasse enamorar os arranha-céus. Sobre o criado-mudo meio copo de uísque importado, várias pontas de cigarro no cinzeiro, várias fotos da cidade e uma carta de despedida que se resumia a seguinte frase: “entregar-se ao suicídio é estar disposto a lembrança ou ao esquecimento”.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Um dedo de prosa dentro da poesia

Um oceano de magma banha-me a alma
Dissipa-me toda a couraça incorpórea da falsa cristandade
Posso ver minhas asas de cetim, já não mais o casulo
Bebo todos os absintos, provo de todos os céus
Encaro todos os infernos e nem todos eles são quentes

Sem essa falsa cristandade chego a Cristo sem burocracia
Formalismo, protocolo, floreado ficam para os incapacitados
Para os que não são dotados de poderes divinos
E buscam contentar-se com a burrice cientifica que têm.

Um dedo de prosa dentro da poesia

O meu reflexo numa água de cisterna
A minha vida trafegando no sertão
Tudo perfeito e compondo a paisagem
Foi Deus quem pintou essa imagem
Na tela móvel do meu pobre coração

Mandacarus vigiando o mormaço
E o sol a cintilar nas minhas pupilas
Meus pés a Portinari deixam risco
Na face seca de um chão arrisco
Que me banha com a sua argila.

Minha terra é tão psicodélica
Distorce o real como cera de vela
A estiagem é pintada a dedo
Sem lápis, tinta, pincel e segredo
E os olhos do meu povo são as telas.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Letras que podem ser musicadas!

SEU ZABUMBA DE AMOR.


Ó meu amor, eu tou ficando louco
E é tão grande sufoco
Se eu não te vejo
Fico assim, tão maluco, adoentado
Sou um pobre apaixonado
Que tá doido pra te ver (bis)


Não faz assim, comigo não
Não me maltrata
Como um zabumba num baião

Ó meu amor, eu quero tua mão
Te levar pro meu sertão
Esse o meu desejo
Quero também te fazer muito feliz
Isso é o que sempre quis
Ser todinho pra você (bis)

Não faz assim, comigo não
Não me maltrata
Como um zabumba num baião

Ó meu amor, vem pro meus braços
Que eu já bem cabisbaixo
Sem o teu o amor
E vou morrer se não tiver teu beijo
Esse o meu desejo
Que eu quero com você (bis)


Não faz assim, comigo não
Não me maltrata
Como um zabumba num baião.

UM ABOIO TRISTE

Amigo de Bairro; Amigo de Sangue. Meu Adeus ao Marcelo!

Um retrato mnemônico ainda preserva as cores e esconde-se por entre o emaranhando de neurônios do meu cérebro, no intuito de manter-se vivo e não ser devorado pelo monstro do esquecimento. Na minha tão paupérrima infância, ele estava ali... nunca fomos amigos tão chegado. Mas éramos do mesmo bairro e de certa forma compartilhávamos a mesma miséria. Eu era da Rua 2 que era primeira via do conjunto habitacional e ele era da Rua 1 a segunda, um paradoxo assim como tudo que é bom e poético. Tivemos uma educação diferente. Eu me restringi aos livros e loucuras indescritíveis aqui e ele batalhou e cresceu na vida como um brasileiro que nasce sem muitas perspectivas, mas com uma monumental vontade de viver. Seguimos caminhos adversos, porém análogos em um sentido; a honestidade e a decência, sobretudo ele. Eu ainda posso tropeçar pelo caminho, ele já não corre esse risco.
Marcelo é mais para se tornar um número (as pessoas depois que morrem viram números estatísticos) nos índices que entopem nossas cabeças. Para mim, era uma pessoa íntegra, um jovem que galgava seu caminho com retidão e respeito. Com o consentimento da mãe, os seus órgãos foram doados para amenizar a fila de espera pelo transplante de muitas pessoas. E até na morte Marcelo dá uma lição de vida para todos nós.

Um dedo de prosa dentro da poesia

Mais um fragmento de minha infância
Desprende-se do mosaico do meu ser
É mais uma pessoa que encerra seu ciclo
Deixando-me a contemplar os mistérios da morte.

Os meninos da minha rua estão morrendo
E eu também desfaleço ao lado de cada um deles
Qual será minha hora ou hora de mais um amigo?
Meu sertão é um cemitério de lembranças embalsamadas.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

UM ABOIO

MEU SALVE AOS PERSONAGENS DA COMÉDIA URBANA
Até para um pseudo-urbano como eu, às vezes morar na cidade grande têm seus momentos lúdicos e de completo relaxamento. Surgem diante de nossas retinas, personagens da comédia urbana que nos arranca o seu sorriso, mesmo quando ele está retido pelo stress de um fim de expediente. São figuras que sofrem do mesmo mal urbano e por vezes mais degradante, mas que num surto de ousadia distorcem o marasmo citadino, expressando uma felicidade escondida dentro da alma como um antídoto para não esmorecer diante de tantas adversidades. Eles não são poucos e estão espalhados por todos os lados. Eu, como um pescador de personagens, divirto-me com esses fulanos, fazendo os seus espetáculos por toda parte, gratuitamente. A cidade é um inferno de asfalto e concreto vestida de monóxido de carbono que ao som de seus ruídos inconvenientes, devagarzinho devora a sanidade de qualquer pessoa que se entrega ao seu ritmo e tempo. Essas figuras que se atrevem a burlar o stress e negar uma posição de marasmo são focos de resistência; verdadeiros revolucionários, cuja causa é contagia o maior números de pessoas com atrevimento de ser alegre. Num mundo completamente sem graça, sério, engravatado e cínico. A alegria passa a ser um artigo de luxo, com a vantagem de ser distribuído de graça tanto no varejo quanto no atacado, mesmo quando os sem-graça torcem seus narizes diante do comportamento desses personagens da comédia urbana, por incrível que pareça a alegria não se desfaz e nem diminui. Ai! da cidade grande que não tiver seus persongens, as suas figuras emblemáticas que entorpem as ruas com seu riso desdentado e lindo, certamente, estará fadada a um suicídio em massa.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Letras que podem ser musicadas!

Aratu, caranguejo, siri
Siri, caranguejo, Aratu

Aratu, caranguejo, siri
Siri, caranguejo, goiamum

Nação Caranguejo, é ô
Nação Aratu, camará

Nação Caranguejo, é ô
Nação Goiamum, camará

Eu vou pro mangue e não volto nunca mais
Beber água e tomar lama, no fundo dos manguezais

Eu vou pro manguetown
Eu vou caçar urubu
Eu vou pro manguetown
Eu vou caçar urubu.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Um dedo de prosa dentro da poesia

Mais um trago de haxixe
E a fumaça preenche a minha história

Mais uma dose de absinto
E me sinto flutuar na memória

Mais um prato de ódio
E me encaro mais humano

Mais uma injeção de nicotina
E algo descortina aqui por dentro

Mais um soco de poesia
E eu renego todas as drogas
E louvo uma vida alternativa.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

UM ABOIO

QUERO A CULTURA DE PAZ!

No mínimo sorumbático. Ultimamente, as pessoas andam buscando a cultura da barbárie, sobretudo os citadinos que moram nos grandes centros urbanos e capitais, e entre os jovens essa procura é ainda maior. Os grandes centros urbanos, como Fortaleza, dispõem facilmente de lojas que propagam vergonhosamente essa cultura, contribuindo diretamente com os altos índices de violência na juventude e conseqüentemente no meio social. Os punhais, soqueiras ou manoplas, insígnias sinistras que por si só transmitem a violência e filmes de duelos de vale-tudo são mercadorias ao alcance de qualquer um. Particularmente, eu vejo tudo isso com bastante desconfiança e creio que o governo e as autoridades com força de política deviam desinibir tal comércio. Andei freqüentando espaços desse tipo e fiquei estupefato em perceber a diversidade do horror, uma visita inocente e você sai daquele antro um verdadeiro matador. Além disso, pude ver uma geração toda fascinada com aqueles produtos quase numa sensação de êxtase. Hoje ser bárbaro é estar na moda, é seguir a tendência de um mundo estúpido e irracional. Sinto-me quadrado; um estranho no ninho. Nunca aprendi a brigar, evito por medo entrar em confrontos violentos. Não nego, cultivo o medo, sou fraco e um degradado dentro de uma sociedade belicosa.

Ao perceber essa tendência incontrolável pela cultura de barbárie, lembro-me da filosófica nietzschiana que já tratava desse assunto com maturidade. Hoje todas as vertentes sociais falam de violência com maestria, metem o bedelho nesse assunto, despejando suas criticas e seu inconformismo. Contudo, muitas dessas vozes são pais que até estimulam essa cultura de barbárie que iguala o negro pobre da favela com o branco da classe alta, independente de suas condições sociais. Ataca o problema da violência que está ligada umbilicalmente à insegurança não se dar apenas através de transformações sociais profundas como educação, saúde, distribuição de renda e/ou trabalho. Se fosse uma questão social, não haveria meninos de classe média e alta propagando a violência. As transformações não devem ficar simplesmente no campo sociológico, temos que transpor! Transformar o campo cultural e psicológico. Encarar a violência de frente, mergulhando fundo nas relações sociais dentro e fora das famílias, decepar a cultura de violência e enaltecendo uma cultura de paz. Creio que se começarmos por esse caminho, dessa forma, poderemos realmente principiar uma mudança constante e definitiva na erradicação da violência, promovendo a paz na sua mais bela expressão.

DIÁLOGOS CORDELESCOS

Eu risco meu traço por dentro do vento
Nas dunas, falésias do meu Aracati
Que tem cheiro e gosto do bom murici
Que aduba com rimas o meu pensamento
Escrevo meus versos a todo o momento
Não tem tempo ruim para se versejar
Meu canto estridente é raiz milenar
De um povo que é feito de toda mistura
Que faz sua história com arte e cultura
Cantando galope na beira do mar.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Um dedo de prosa dentro da poesia

Soneto aos Políticos



O lábaro sórdido da hipocrisia está hasteado nos teus olhos
Quem tateou tua forma, dando-te uma vida dentro das sombras?
Quantas mentiras e embustes adornam tuas frases no púlpito?
Que elementos sombrios compõem o teu corpo e tua mente?

Ah é este ser tão delinqüente que tem foro privilegiado
Um pseudopaladino que labuta em causa própria
Arauto da promiscuidade política e da corrupção
Quantas vidas hão de ser ceifadas para te enriquecer?

Minha vontade é praticar um homicídio qualificado
Fragmentar cada centímetro do teu corpo sadio
Beber teu sangue podre num cálice sagrada e brilhante

Enterrar-te numa imensidão de fezes e carniça
Decepar-te lentamente com toda a crueldade
Saciando assim a vingança da minha nação.

Um dedo de prosa dentro da poesia

Como um Édipo desvairado
Queria perfurar meus olhos
E entregar-me ao acaso, como um beatnik

Queria um trago de haxixe
Peidar na boca pros que são chiques

Como um Nero ensandecido
Queria incendiar todo um país
Enquanto toco minha harpa desafinada

Ah que vontade de vagar por aí
Com um desejo de fazer nada

Como um Zumbi de Palmares
Recriar meu próprio gueto
E sonhar com meu país: o meu país

Ensaiando os primeiros brilhos
Brilhos de um povo feliz.

sábado, 3 de novembro de 2007

UM ABOIO

Dicas de Auto-ajuda:

Se você quiser chegar ao sucesso, primeiro busque-o. Não perca tempo lendo livros sobre como chegar ao sucesso, certamente através deles você não chegará!

Se você busca livros de auto-ajuda então, antes de tudo, auto se ajude!

Quer dinheiro fácil e sucesso rápido, escreva um livro de auto-ajuda. Diga cinco ou seis frases óbvias e subjetivas, três ou quatro ações impossíveis e no resto livro faça o tradicional “encher lingüiça”.

Dialógos Cordelescos

Eu tenho nas mãos uma nave de chumbo
Que corre veloz igualmente a nambu
O seu combustível é mel de chuchu
Que vem misturado com grãos de mofumbo
O corpo da nave parece co’um bumbo
A Nasa tá louca querendo comprar
Mas eu não sou besta, só quero alugar
Co’a grana que ganho coloco no banco
Só vou sossegar com Tio Sam de tamanco
Dançando na pista pro povo mangar.

Letras que podem ser musicadas

ANDARILHO

Quantas pedras há no caminho para se esquivar?
Quantas sandálias são precisas para caminhar?
Não quero saber do fim
Há outras estradas em mim
Que eu preciso atravessar

Cada artéria é uma estrada
Que me leva ao coração
Minha vida é uma mistura
Do real sem sal e sal com ilusão
Do real sem sal e sal com ilusão.

Quantas mãos são necessárias para ajudar?
Quantas bocas eu preciso para escutar?
Não quero seguir sozinho
Quero ser o próprio caminho
Sem um ponto para chegar

Cada membro é uma seta
Que aponta para uma direção
Minha sombra de andarilho
Que só vivem em transformação
Que só vivem em transformação.

UM ABOIO

A boca ressequida roga-lhe no silêncio do quarto um cálice de cicuta, talvez para saciar uma sede da alma. Já não lhe importa as coisas imagéticas ao seu redor, não se conformava com seus contornos citadinos e a cruz de axiomas que caleja seus ombros. Ansiava a cicuta numa cerimônia inaudita, cujos olhos encharcados comandem o ato. Queria o amargor da cicuta por sobre a língua e obedientemente descendo pelo esôfago para destruir cada célula que compõe o “eu”. Seu “eu” pronome pessoal paradoxalmente impessoal, covarde, facínora e que se ocultara nas diversas máscaras que mundo lhe vendeu, havia se cansado das “verdades” e sonhava saborear as “mentiras”. Uma vida entregue ao vácuo, mesmo rodeado por um turbilhão de coisas. Seu “eu”, a vida inteira, prefiro drogar-se com a inépcia cientifica dos abutres catedráticos. Entre o antídoto da razão e a cicuta da poesia... A razão seduziu-lhe com um discurso bem polido, usando-se de axiomas, cujos seus alicerces eram tão inseguros quanto os castelos de areia na beira do mar expostos a maré alta. Renegou os anseios da alma pelo simples fato de haver paradoxos com a razão. Quantas vezes a cicuta esteve ali e ele a renegou obedecendo a uma ordem vigente, que a desordenava como ser humano. No decorrer da vida fora agraciado com os títulos, comendas e diplomas que lhe empanturram o ego e lhe amofinou o espírito. Hoje enjaulado num paletó opaco e asfixiado por uma gravata de seda, deseja vomitar o antídoto e provar por um instante a cicuta, sentir o amargo numa vida deveras doce. Divorciar-se da “verdade” e fornicar com a “mentira”, mergulhar no pecado como um porco que se lambuza numa poça de lama. Esquivar-se do sucesso e beijar na boca do fracasso, sem medo de encará-lo.
A sua boca sabia que beber um cálice de cicuta era algo fatalmente nova, a sua vida seria extirpada em minutos e sua alma iria transcender com espasmos mais intensos do que o prazer de uma trepada.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Dialógos Cordelescos

Cabeça de prego, nariz de martelo
Esmola pro são, trabalho pro cego
Se eu falo que “sim”, na verdade lhe nego
Perdendo o cabaço me torno donzelo
Na casa de taipa refaço um castelo
Devoro o dragão que se fez pro jantar
Jantando a comida que fiz pra almoçar
Almoço que é feito pro início do dia
Quem quer tomar banho que traga bacia
No lago barrento que corre pro mar.

Eu vejo no fundo dum lago barrento
Um peixe pitando o cigarro da vida
E o mundo pagão disputando corrida
Na linha tão curta do meu pensamento
Se vejo um humano, prefiro o jumento
Escrevo no chão com tintura solar
Com pó das estrelas que se pode achar
No ventre ferido do solo de Plutão
Que fica vizinho aos confins do sertão
Bem perto da casa naquele lugar.