quarta-feira, 27 de outubro de 2010

DIÁLOGOS CORDELESCOS

ORAÇÃO PROFANA



Pelo canto do carão
E a rapidez da raposa
Pelas barbas de São Jó
E o pouso da mariposa
Eu rezo pra São Zezim
Que ele dê só para mim
Uma negra bem melosa.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

UM ABOIO REVOLTADO

ABAIXO A DITADURA!



Grupo Teatral Levanta Favela foi impedido de realizar espetáculo na rua por um policial.



A frase que intitula esse artigo era recorrente nos tempos de ferro do que se convencionou chamar de Ditadura Militar Brasileira que resistiu de 1964 a 1985, particularmente esse período não acabou por completo. Nas ruas, nos espaços públicos e no quotidiano de milhões de brasileiros o espectro ditatorial resiste ao tempo e ressurge, sobretudo, na truculência policial para com os cidadãos de bem em pleno gozo de seus direitos constitucionais. No dia 16 de outubro de 2010, na cidade de Porto Alegre no Estado do Rio Grande do Sul, bem no espaço público conhecido por “Praça Democrática” (que merda de ironia!) a estupidez de um policial chamado por “Sargento Basso” demonstrou que chamas da ditadura ainda ardem no consciente e subconsciente das corporações policiais. Naquele dia, o grupo teatral Levanta Favela fazia uma intervenção cênica perfeitamente legal, quando a burrice do Oficial supracitado completamente despreparado impediu a continuidade do espetáculo. Um absurdo. O vídeo (publicado no youtube) por si só já diz tudo deste babaca que se diz defensor da lei.

Quando vi esse acontecimento. Não nego, fiquei pesaroso com o futuro de nós artistas que temos a rua como proscênio. O nosso teatro democrático tornou-se um estorvo para o Estado antidemocrático. Antes o comunismo, agora a arte é coisa subversiva. É uma tristeza ver cenas como essas que infelizmente não são esporádicas. Aqui em Fortaleza já houve até violência física a artistas por parte de polícias. E daqui uns dias vai haver chacinas e perseguições até que seja decretado o cerceamento da arte na rua. Mas porque e para que isso? Os políticos têm visto o poder educativo do teatro no sentido de politizar e libertar o povo das mentiras propagadas pelos meios de comunicação corrompidos. Como eu disse o teatro de rua tornou-se um estorvo, já que é quase impossível corrompê-lo.

É preciso denunciar, lutar, gritar e dizer “não” ao sistema que busca suprimir os movimentos culturais de rua!

Minhas solidariedades ao grupo teatral Levanta Favela, a indignação de vocês também é minha!


Cordialmente,

Moacir Morran

UM ABOIO

A palavra democracia, sobretudo no período eleitoral, é repetida exaustivamente em todos meios de comunicação numa progressão geométrica que se tornou um termo chulo e mote para piadas prontas. A insignificância que palavra democracia ostenta não advém das suas repetições, mas sim de sua pouca aplicabilidade na vida real brasileira. Não tentem me convencer que as nossas eleições corroboram com os princípios democráticos, isso não passa de uma mentira. Desde menino testemunhei o poder econômico sobrepondo à vontade popular e manipulando os resultados eleitorais. As elites coronelistas (ainda no poder com uma nova face) eram capazes de vender a alma para o diabo literalmente, ao ver um inimigo político no poder. E para isso valia enterrar urnas com votos válidos que beneficiavam os adversários, o voto de defuntos, a ameaça de morte aos que não votassem no partido do coronel, a persuasão aos funcionários públicos e, sobretudo a compra de voto. Quem imaginar que essas práticas não existem mais, certamente, vivem em outro país. A minha cidade, por exemplo, ainda persiste esse jeito neolítico de fazer política e não é exclusividade de meu torrão. Moro há quase 4 anos na cidade de Fortaleza (Capital Cearense) e aqui também essas práticas são corriqueiras no cenário eleitoral. Acredito que em todo Brasil isso tudo ainda esteja em moda, alguns cantos com mais e outros com menos. Mas todos têm.

A democracia é ultrajada pelos mesmos que se dizem paladinos dos princípios democráticos e políticos. Infelizmente, não podemos dizer que todos os que vencem as eleições são os escolhidos por vontade popular. Quem diz o contrário desconhece as eleições brasileiras contaminadas de abutres.

A gente ainda está muito longe de realizar uma eleição verdadeiramente limpa, sem as influências especulativas de corporações econômicas, a malandragem de uma elite politiqueira e o grande cinturão de pobreza que fragiliza uma parcela enorme de eleitores.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

DIÁLOGOS CORDELESCOS

COCO TRAVA-LINGUA MORRANIANOS


EMBOLADOR 1
Traça, trança, trapo, trampo
Trampo, trapo, trança, traça
Taça, tipo, topo, tapa
Tapa, topo, tipo, taça
Gata, gota, grota, gruta
Jaça, jeba, joça, juta
Juta, joça, jeba, jaça.

OS DOIS
Quero ver você travar
Quero ver você dizer
Mato, massa, maracá
Malva, muco e mussambê (bis)

EMBOLADOR 2
Pacho, passa, paço, praça
Praça, paço, passa, pacho
Macho, mito, mata, manto
Manto, mata, mito, macho
Selva, silvo, salto, santo
Cacho, caco, cara, canto
Canto, cara, caco, cacho.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Um dedo de prosa dentro da poesia!

O CAMPO


Aonde o monstro de concreto não chega
E nem o contingente de automóveis
Ali aonde se imagina apenas o atraso
É ali que se deteriora qualquer metafísica
E ver-se emergir do imaginável
Frutos que transcende a imaginação
Ali que ainda pareça imóvel
Está onipresente em todo planeta
Na sua geladeira
Na sua televisão
Na sua casa
Na sua rua
No seu trabalho
Se ali não existisse,
certamente nada mais existiria!

UM ABOIO

AS EMPRESAS E O FALSO MARKETING: a distância exorbitante entre o que se prega e o que se faz.




Tudo é colorido, pessoas sorrindo e produto perfeito. As empresas se colocam atraentes nas suas políticas de marketing, contudo os seus cotidianos evidenciam a essência de sua incompetência e de mentira. Enquanto se diz que o cliente estar em primeiro lugar, na verdade é o lucro que persiste no topo das prioridades e este é defendido com veemência, ainda que se tenha que violentar o cliente ou fazê-lo de babaca. É mais pura realidade! Todas as empresas, sobretudo as brasileiras, fazem um marketing meia-boca só para ludibriar os seus clientes. E digo, sem me sustentar pela emoção, é uma constatação científica. Há anos trabalho com ambiente empresarial e observo o nítido desprezo com a satisfação do cliente. E as vítimas não são tão-somente os clientes, os que as empresas chamam por conveniência de colaboradores (que na verdade são trabalhadores e ponto final) são enganados por falsos discursos motivacionais que se desmancham no dia-a-dia da empresa.

Podem muitos acha que isso é apenas o discurso de um cliente inconformado com algum produto e/ou serviço. Se fosse, o texto em questão não perderia o seu valor, afinal o que um cliente diz ou deixa de dizer é importante no ambiente empresarial, sem esse “feddback” nem o marketing sobreviveria.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

UM ABOIO

ABORTO E HOMOFOBIA NAS ELEIÇÕES


As eleições presidenciais têm girando sobre dois temas que estão na iminência de virarem leis: descriminalização do aborto e criminalização da homofobia. Sabe-se que há uma insatisfação dos segmentos religiosos, sobretudo dos católicos e evangélicos, acerca da tramitação, votação e aprovação de ambas as leis. A exigência que esses segmentos têm colocados aos Presidenciáveis para que não aceitem essas leis é natural, contudo não se pode dizer que é adequada. Afinal, qualquer um dos presidenciáveis eleito terá uma Câmara e um Senado já formado que independente de qualquer vontade presidencial pode colocar as leis em pauta. Ainda que um Presidente vete, ele pode ter o seu veto revogado e ser pressionado a sancionar, dependendo das circunstâncias. Seja quem for o Presidente do Brasil, creio eu, que as mencionadas leis terão seu curso natural dentro do Poder Legislativo e se chegarem à mesa do Presidente serão sancionadas.

Agora é preciso que se esclareça uma coisa que a meu ver é bastante pertinente. Os segmentos religiosos que são contras tais medidas jurídicas têm pregado uma catástrofe social recheados de cenas indecoras de relações homoafetivas e infanticídios em massa. Essa constatação hiperbólica me fez lembrar uma das coisas mais importantes no Direito (como ciência jurídica): o princípio. O princípio pode até diferir e mudar de uma pessoa para a outra, contudo sua essência lexicológica e o seu valor são imutáveis, no sentido de nortear as pessoas segundo aquilo que acreditam. Sei que não sou a pessoa mais correta para discorrer sobre fato, contudo quero deixar registrado o meu parecer. Para explicar melhor isso darei um exemplo e depois esboçarei meu parecer: vamos supor que somos uma sociedade judaica e que religiosamente a consumação de carne suína além de pecado (que já é) fosse também crime. O Estado, por sua vez, demonstrando seu laicismo decrete uma lei em que se descriminalize o consumo de carne suína, será que essa lei mudaria o hábito do judeu devoto? Por que não? Nesse caso os princípios judaicos iriam sobrepor a norma por questões culturais e espirituais. Como bem explicitou Geraldo Ataliba, os princípios são a chave e essência de todo direito; não há direito sem princípios. As simples regras jurídicas de nada valem se não estiverem apoiadas em princípios sólidos. Também creio nisso. Outro exemplo seria se o Estado descriminalizasse o incesto - relação sexual entre pais e filhos, irmãos entre si (em ambos os casos, mesmo entre adotivos) – você iria após a aprovação da lei ter relações com sua irmã e/ou irmão? Creio que não! Afinal, culturalmente e religiosamente você fora moldado para abominar essa prática. Mesmo depois de promulgada, as pessoas não teriam uma crise de princípios. Sabe-se que existem sociedades, tribos e civilizações que tem o incesto uma prática comum, se acontecesse o inverso no caso uma criminalização o Estado teria comprar um verdadeiro problema. E aí vai.

Claro que os princípios eles vão se firmando e se construindo socialmente através do tempo e não posso deixar de afirmar que as leis, no futuro, vão mudar os princípios das futuras gerações. Não se sabe se para bom ou para ruim.

Agora afirmar que surgirá uma catástrofe social com a aprovação das duas leis em questão é propagar irresponsavelmente um fenômeno que ninguém tem certeza. Um casal homoafetivo não irá para as vias e espaços públicos praticar atos libidinosos só por causa de uma lei, nem tampouco a maioria das mulheres vai praticar abortos a esmo e/ou por canalhice (entra de novo aqui os princípios de cada um). Por mais que sejam os legisladores que fazem as leis, na verdade é você que transforma o verbo em ação de acordo com a sua personalidade. Outro fato é que os abortos no Brasil acontecem e são inúmeros praticados na clandestinidade. Será que essas pessoas que já praticam aborto clandestino e irresponsável estão preocupadas com a lei?

Bem, os temas são polêmicos e percebe-se que é necessária uma discussão ampla de toda sociedade. Não tive a pretensão de justificar tendências de A ou B, apenas de expressar a minha opinião, segundo os meus princípios.

Fonte:

“Mudança da Constituição”, RDP 86/181 apud Revista do Advogado da Associação dos Advogados de São Paulo, nº 51, Outubro/97, artigo “Princípios e origens da lei de arbitragem” de autoria de Selma Maria Ferreira Lemes, p. 32.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

DIVINA COMEDIA URBANA

A cidade, ontem, beijou-me a boca

Queria ter bebido uma garrafa de vinho
Mas ela se foi sem me dizer nada
Onde está a cidade?
Será que está lá na esquina?
Onde está a cidade?
Será que no porto... do Mucuripe?

Anteontem a vi de passagem
Apertada num coletivo
Indo... sei lá para onde?


Às vezes me pergunto
Onde adormece a cidade?
Onde ela janta ou almoça?
Onde cidade?
Onde


Eu procuro inutilmente
E não acho a cidade.

domingo, 17 de outubro de 2010

UM ABOIO SACRO-POLÍTICO OU POLÍTICO-SACRO

POLÍTICA E RELIGIÃO NO PROCESSO ELEITORAL DE 2010: SERÁ QUE HÁ UMA GUERRA SANTA ELEITORAL?

          Ao ver a religião agindo tão diretamente na disputa eleitoral, lembrei-me de algumas passagens bíblicas que vão de encontro ao que os líderes religiosos têm feito nos últimos dias. Observa-se nitidamente a convergência entre dois elementos dispares outrora: política e religião. Líderes religiosos, atualmente, têm declarado os seus votos aos candidatos nas suas homilias, cultos e na mídia, alguns com o intuito tendencioso de mudar os votos de seus rebanhos numa espécie de voto de cabresto religioso. Não estou aqui para recriminar os líderes religiosos que exercem sua liberdade de expressar o voto, contudo se utilizar de sua função para fins de beneficiar A ou B, induzindo seus adeptos na escolha de seus candidatos ao confundi-la com questão de fé – para mim – é um pecado hediondo. É tolher a livre escolha e misturar duas instituições de natureza antagônica: Igreja e Estado.

          O próprio Cristo no Evangelho de Mateus versículo 15 ao 22, já dava sinais de que Igreja e Estado tinham caminhos diferentes, nessa parte esta aquela magistral frase: “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” apesar de inúmeras significações que há somente nessa frase, percebe-se a intenção de Cristo de afirmar que há uma separação nítida do Estado e do que se convencionou chamar de Igreja. Jesus sabia que a mistura de religião e política naquela época (e ainda hoje) era nitroglicerina pura, era comprar uma briga que não era do seu métier. Sem falar que na época que a invasão romana incitava o ódio entre os hebreus e apenas uma palavra contra os romanos de qualquer líder religioso resultaria num genocídio em massa. Certamente Jesus era contra a invasão romana e os fariseus ao testá-lo também sabiam disso, contudo a sabedoria do Redentor o fez se pronunciar de uma forma indireta acerca de sua insatisfação sem cair para lado tendencioso. Algo que falta aos líderes religiosos de hoje. Outro fato em que Cristo explica essa separação está no interrogatório com Pilatos, quando este acha que o Nazareno queria ser rei dali, o Cristo o corrigi dizendo que o seu reino não era naquele mundo. O Estado e/ou reino da terra seria representado por homens responsáveis pelas coisas que se limitam ao mundo sem vínculo de espiritualidade, já o Reino dos céus somente o Senhor é rei responsável pelas coisas de espiritualidade. No livro de Jeremias versículo 5 há seguinte recomendação: “(...) maldito o homem que confia no homem, e faz da carne seu braço, e aparta do coração do Senhor!”, essa frase serve para os lideres que dizem confiar nos seus candidatos. No versículo 7 do mesmo livro, complementa-se com a seguinte frase: ”Bendito o homem que confia no Senhor, cuja confiança é o Senhor.” Percebe-se mais uma vez uma nítida separação.

           Hoje, observando lideres religiosos endeusando ou creditando fé cristã a candidatos A ou B e, pior, criando na disputa eleitoral uma falsa impressão maniqueísta de que há o candidato do capeta e o candidato de Deus é brincar com a crença, vilipendiando as instituições religiosas. Não se pode aceitar essa atitude mesquinha e podre. Reitero as instituições religiosas não deve ser apolíticas, longe de mim isso. As igrejas têm posições que devem ser defendidas por serem alicerçadas na fé, questões como: defesa da vida, a não liberdade sexual, proteção da família, entre outras. Defender idéias e evidenciá-las nos seus ritos no sentido de conscientizar seus adeptos é uma atitude sadia e digna de elogios, agora defender nomes e ou partidos é deturpar as funções das instituições religiosas e colocar em xeque as suas credibilidades.

           Espero que essa campanha eleitoral esdrúxula sirva de lição para todos nós sobre os limites do Estado Laico e das Instituições Religiosas, coisa ainda nebulosa dentro de nossa sociedade. Depois que passar essa guerra santa eleitoral vai ser necessário retorna esse debate sobre Igreja e Estado, desprovido dos sentimentos e sob a luz da decência.

sábado, 16 de outubro de 2010

DIALOGOS CORDELESCOS

VOMITANDO ZÉ LIMEIRA

Eu trago no peito um punhal encravado
O sangue jorrando por todos os cantos
Sou loiro bicudo e meus filhos são bantos
Mas venho cantando feliz o meu fado
Batendo na lata do velho assanhado
A flor de tabaco só querem cheirar
Mas eu não sou besta, pois vou é semear
Vendendo na praça por zero tostão
E quem não puder que recorra na mão
Batendo a cabeça no velho tear.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

DIÁLOGOS CORDELESCOS

VOMITANDO ZÉ LIMEIRA

Eu hoje morri na barriga da vida
Nascendo de novo nos buchos das moças
As águas do mar já ficaram insossas
Não sei cozinhar nem a carne moída
Eu fico feliz com a triste partida
E choro a alegria do povo a cantar
Somente no fim é que vou sossegar
Solando meu mambo, no xote e na salsa
Eu corro veloz dirigindo uma balsa
Mamando na teta da estrela do mar.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Letras que podem ser musicadas!

Você é mais que o horizonte
Profusão de cores no olhar
Um índio nú à Rousseau
E eu quem sou?
Se meu ser advém do teu amar.
Não me deixe como as mulheres de Portugal
Chorando e enchendo o mar
Eu quero está em você
Como um paladar.


Quero está em tua caravela
Mergulhar no teu desconhecido
Você para mim é art nouveau
E eu me perco no que sou
Sem teu amor estou perdido
Não diga adeus como quem vai pra guerra
Feito mulher que espera o marido
Se tu morres, eu também morro
Só o amor não terá morrido.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

UM ABOIO AO TIRIRICA

O efeito Tiririca e o falso discurso da crise política momentânea



                Talvez muitos hão de perguntar se o escriba que ora subscreve tem métier político para dissertar sobre o assunto que se intitula esse artigo. Digo-lhes de antemão, não tenho. Tenho vivência política, sem comprovação acadêmica, como leitor, observador e eleitor. O efeito Tiririca reascendeu o falso discurso da crise política momentânea, como se esta fosse nova e nascida da candidatura de um palhaço. Casuísmo! Ledo engano! O nosso sistema política vive uma crise crônica desde o período Pré-cabralino, quiçá antes dele. Os votos dados ao Tiririca são: voto de protesto? voto de deboche? As rotulações dos votos ostentadas pelos analistas é a forma paliativa de se discutir ao mais profundo na essência política. Acredito que muitos votaram conscientes, outros não, muitos eram analfabetos, outros tinham curso superior e talvez até pós-graduação. Em linhas gerais, a votação do Tiririca foi normal como as demais, contudo o frisson só se deu porque ele tinha a chance de ser eleito. Aí está o cerne! Ninguém falou do Maguila, Mulher-pêra, Adrielly Fatal e mais: de tantos os outros que já se candidataram e foram muito mais toscos que o Tiririca. O leitor pode até dizer que questão está no caso que o Tiririca vai levar mais três deputados com ele. Qual a culpa do Tiririca? Será que foi ele que fez a lei eleitoral? Ele pode ter sido usado com tais propósitos, mas se a lei abre esse precedente o erro está nos dispositivos legais. E essa manobra eleitoral é feita todos os anos por todos os partidos políticos, com intuito de assegurar vagas nos cargos eletivos. Não foi nenhum pecado original (caberia aqui o termo: pecado eleitoral). Mas no Brasil prevalece a cultura do bode expiatório que no final jogam a culpa no povo, traduzindo aquele velho hábito de jogar a sujeira para debaixo do tapete. A crise política sempre existiu e existiria amiúde, enquanto não se mudar a legislação político-eleitoral. Desculpe-me os analistas, mas o buraco é mais em baixo, a política não vai mudar depois da vitória do Tiririca e nem mudaria com a sua derrota. Ela sofre uma crise constante que a empurra para a mudança! E todo ano os legisladores vão costurando os buracos ocasionados pela crise política, sem nunca resolvê-la de imediato.

                     Os analistas deviam saber que o efeito Tiririca é o resultado e não vetor!

                     Outro fato pertinente reside no fato que se diz que o Tiririca é analfabeto! (essa é a melhor de todas) Na minha cidade a maioria dos prefeitos eleitos durante a nossa história era analfabetos, daqueles que não sabia fazer um “o” com a quenga como diz no interior. O Poder Judiciário, sabedor da realidade, nunca os impediu de se diplomar, pelo contrário ratificavam as decisões eleitorais. Essas coisas para mim são bravatas judiciais, não dão em nada! O que também contribui para a crise política! A lei da ficha limpa, por exemplo, é mais um remendo para grande colcha de retalhos esburacada da nossa política e mesmo assim ela ultrajada pelo Poder Judiciário, Legislativo e Executivo.





Recomendo aos analistas: esqueçam o Tiririca! Tá na hora de pensar nossa política sem casuísmo!

terça-feira, 12 de outubro de 2010

UM ABOIO

As almas hibernam depois do meio-dia de domingo. Os cachorros não ladram, as casas se fecham e as ruas solilóquias parecem ansiar a vinda abrupta da segunda-feira. Nas cidadezinhas o primeiro dia da semana é o segundo dia; o domingo é do Senhor. Aliás, as únicas coisas a quebrar a inércia dominical eram os badalos do sino da Igreja-matriz, anunciando a missa da noite. Nisso, os cães voltam a latir pelas vias, as casas se abrem sorrateiras, as almas enfeitam-se para eucaristia e o passeio na pracinha. Ouve-se o arrastado das alpercatas, os toques dos sapatos e os estalos dos saltos, pisando nas pedras toscas do velho calçamento. A melodia das ladainhas, espalhadas pelas mãos de D. Edith no órgão, entranhavam-se nas almas que seguiam para a Matriz. Depois da missa, um passeio despretensioso pela pracinha, jogando conversa fora, paquerando as meninas tímidas e comer pipoca do Nezim. Talvez fosse para alguns aquela singeleza um tanto enfadonha e muitos vociferavam como sendo o pior dos marasmos. Porém havia algo poético naquilo e mais: aquela vida mansa e, aparentemente, inerte talvez fosse à única paz tão almejada por grandes nações!          

domingo, 10 de outubro de 2010

Um dedo de prosa dentro da poesia

PROCISSÃO DE SANT’ANA

De longe vislumbro andantes fagueiros
Entoando benditos e ladainhas
E seguindo no olhar o andor florido
Cuja Santa segue hirta e louvada

As mãos para o alto com resignação
Os homens com o chapéu contra o peito
Mulheres cantando com galhardia
E o vigário na comissão de frente

Para alguns é uma cena provinciana
Manifestação por demais simplória
Mas para mim não. Vejo diferente!

É uma expressão singular e pulcríssima
Uma ação holística de raízes
A melhor expressão da poesia.    

sábado, 9 de outubro de 2010

Um dedo de prosa dentro da poesia!

Nossa Senhora Sant’Ana
Glorioso São Joaquim
Casal de fé soberana
Intercedam por mim
Ó salve a vossa filha
Maria, mãe de Jesus
Ó salve o Deus-menino
Caminho, verdade e luz!

Amo meu Deus
Amo Jesus
Amo Maria, Sant’Ana e Joaquim

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

DIÁLOGOS CORDELESCOS

Na inconstância que está colada à vida
Meu poema também vai se moldando
Com nuanças sutis que vão juntando
Popular e erudito nessa lida
Ao tornar toda essa arte mais unida
Sem fronteira, sem forma e divisão
Hei de ver o caboclo do sertão
Respeitado e no espaço merecido
Não pra ser explorado e constrangido
Mas sim visto quão um homem cidadão.

O folclore tem que sair da extinção
E ganhar os espaços no Brasil
Pra mostrar minha gente varonil
Que a cultura que nasce deste chão
É a riqueza absoluta da nação
É herança, é valor e identidade
Fiquem logo sabendo da verdade:
A nação que renega a sua cultura
O futuro é cair na sepultura
Renegando o direito à eternidade!

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Um dedo de prosa dentro da poesia!

Açoita-me com esta lingüeta de magma
Ó fenrir que saiu das profundezas do bosque
Rasga meu tórax e ceifa-me a pouca luz
Que nascerei numa maldição de Andaluz
E talvez morra novamente na fogueira
Que mal há? Que mal tem?
                               Eu sou além de brixtã
Um solfejo da noite
Sortilégio do dia

Pouco importa se estou viva!
Pouco importa se estou morta!

Até as minhas cinzas
                         Interferem
                                    na
Rotação e translação
Dos seres terrestres!