sábado, 25 de junho de 2011

DIÁLOGOS CORDELESCOS


Os imensos rios da fé estão secando
No pequeno olhar deste meu Nordeste
Já se ver a tristeza no celeste
Que com sol, a viola vai tocando
Na peleja que se ver retumbando
Em um palco de dor e inanição
Vejo a seca no canto do carão
E na lágrima que desce do poeta
Vislumbrando a sua lira tão completa
Sucumbir com as dores do sertão.

O mormaço soprando pela mata
Apagando o bom verde do lugar
O roçado parece não vingar
Nos tentáculos da seca insensata
A lamúria cabocla já desata
Nos aboios dolentes do vaqueiro
A tanger barbatão nesse braseiro
Pra enganar a vil morte enfurecida
Que se esconde na rama ressequida
Preparando o seu bote traiçoeiro.

Vejo a fome dançando pela casa
Ao som da valsa mélica da dor
Ouço a voz ressoar de um cantador
Numa noite em que a lua está tão rasa
Sua lira bonita lhe dar asa  
Pra fugir do sofrer que lhe entristece
As mulheres na igreja fazem prece
Gloriando o querido São José
A esperança agarrou-se numa fé
Energia divina que enobrece.

Nordestino tristonho pede arrego
Quando, ver que já vai perder a guerra
Ceifa os laços plantados nessa terra
Procurando no sul outro aconchego
Vai pra lá na esperança dum emprego
De plantar uma vida diferente
A saudade é lembrança recorrente
Não lhe deixa esquecer o seu sertão
Que é lembrado nas cordas do violão
Do seu canto saudoso e reluzente.    

Coração nordestino é transitivo
Que flutua nos mares da esperança
Semeando na terra a temperança
Ao viver num estado de cativo
A saudade da casa, o lar nativo
É uma dor que machuca o coração
Mas também é o que dá sustentação
Para o sonho da volta não morrer
Vai vivendo o que dá para viver
Só pensando nas coisas do torrão.

Apesar dos estorvos nesta vida
A tristeza não mora nessa gente
Sendo um povo que vive sorridente
Mesmo em frente da coisa mais sofrida
Viva a minha nação forte e querida
Construtora das obras do país
Sem perder a cultura de raiz
Fez-se grande, sagaz e varonil
Tradução maior deste meu Brasil
O meu povo nasceu pra ser feliz.

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