quarta-feira, 27 de outubro de 2010

DIÁLOGOS CORDELESCOS

ORAÇÃO PROFANA



Pelo canto do carão
E a rapidez da raposa
Pelas barbas de São Jó
E o pouso da mariposa
Eu rezo pra São Zezim
Que ele dê só para mim
Uma negra bem melosa.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

UM ABOIO REVOLTADO

ABAIXO A DITADURA!



Grupo Teatral Levanta Favela foi impedido de realizar espetáculo na rua por um policial.



A frase que intitula esse artigo era recorrente nos tempos de ferro do que se convencionou chamar de Ditadura Militar Brasileira que resistiu de 1964 a 1985, particularmente esse período não acabou por completo. Nas ruas, nos espaços públicos e no quotidiano de milhões de brasileiros o espectro ditatorial resiste ao tempo e ressurge, sobretudo, na truculência policial para com os cidadãos de bem em pleno gozo de seus direitos constitucionais. No dia 16 de outubro de 2010, na cidade de Porto Alegre no Estado do Rio Grande do Sul, bem no espaço público conhecido por “Praça Democrática” (que merda de ironia!) a estupidez de um policial chamado por “Sargento Basso” demonstrou que chamas da ditadura ainda ardem no consciente e subconsciente das corporações policiais. Naquele dia, o grupo teatral Levanta Favela fazia uma intervenção cênica perfeitamente legal, quando a burrice do Oficial supracitado completamente despreparado impediu a continuidade do espetáculo. Um absurdo. O vídeo (publicado no youtube) por si só já diz tudo deste babaca que se diz defensor da lei.

Quando vi esse acontecimento. Não nego, fiquei pesaroso com o futuro de nós artistas que temos a rua como proscênio. O nosso teatro democrático tornou-se um estorvo para o Estado antidemocrático. Antes o comunismo, agora a arte é coisa subversiva. É uma tristeza ver cenas como essas que infelizmente não são esporádicas. Aqui em Fortaleza já houve até violência física a artistas por parte de polícias. E daqui uns dias vai haver chacinas e perseguições até que seja decretado o cerceamento da arte na rua. Mas porque e para que isso? Os políticos têm visto o poder educativo do teatro no sentido de politizar e libertar o povo das mentiras propagadas pelos meios de comunicação corrompidos. Como eu disse o teatro de rua tornou-se um estorvo, já que é quase impossível corrompê-lo.

É preciso denunciar, lutar, gritar e dizer “não” ao sistema que busca suprimir os movimentos culturais de rua!

Minhas solidariedades ao grupo teatral Levanta Favela, a indignação de vocês também é minha!


Cordialmente,

Moacir Morran

UM ABOIO

A palavra democracia, sobretudo no período eleitoral, é repetida exaustivamente em todos meios de comunicação numa progressão geométrica que se tornou um termo chulo e mote para piadas prontas. A insignificância que palavra democracia ostenta não advém das suas repetições, mas sim de sua pouca aplicabilidade na vida real brasileira. Não tentem me convencer que as nossas eleições corroboram com os princípios democráticos, isso não passa de uma mentira. Desde menino testemunhei o poder econômico sobrepondo à vontade popular e manipulando os resultados eleitorais. As elites coronelistas (ainda no poder com uma nova face) eram capazes de vender a alma para o diabo literalmente, ao ver um inimigo político no poder. E para isso valia enterrar urnas com votos válidos que beneficiavam os adversários, o voto de defuntos, a ameaça de morte aos que não votassem no partido do coronel, a persuasão aos funcionários públicos e, sobretudo a compra de voto. Quem imaginar que essas práticas não existem mais, certamente, vivem em outro país. A minha cidade, por exemplo, ainda persiste esse jeito neolítico de fazer política e não é exclusividade de meu torrão. Moro há quase 4 anos na cidade de Fortaleza (Capital Cearense) e aqui também essas práticas são corriqueiras no cenário eleitoral. Acredito que em todo Brasil isso tudo ainda esteja em moda, alguns cantos com mais e outros com menos. Mas todos têm.

A democracia é ultrajada pelos mesmos que se dizem paladinos dos princípios democráticos e políticos. Infelizmente, não podemos dizer que todos os que vencem as eleições são os escolhidos por vontade popular. Quem diz o contrário desconhece as eleições brasileiras contaminadas de abutres.

A gente ainda está muito longe de realizar uma eleição verdadeiramente limpa, sem as influências especulativas de corporações econômicas, a malandragem de uma elite politiqueira e o grande cinturão de pobreza que fragiliza uma parcela enorme de eleitores.