quarta-feira, 31 de agosto de 2011

DIÁLOGOS CORDELESCOS


OS TEMPOS NÃO VOLTAM MAIS / VOMITANDO ZÉ LIMEIRA
 

Eu morei dentro do zero
Bem ali na Palestina
Me juntei com Severina
Concubina de Seu Nero
Um cantador de Bolero
Lá da beirada do cais
Do porto de Bananais
Terra da santa trindade
Hoje me deu uma saudade
Os tempos não voltam mais.

Recordo da Borborema
Que Dom João usava calça
Navegando a sua balça
Que nem uma piracema
Foi quando teve um dilema
Chamando seus serviçais
Ora, arranjem uns florais
Que vou assinar um papel
Eu sou Princesa Isabel
Os tempos não voltam mais.
 
Naquele mesmo lundu
Quem gritou foi Zé Dirceu:
“Os vinte por cento é meu”
No Palácio Jaburu
Foi quando Zé de Manu
Morava em Minas Gerais
Numa vila por detrás
Da grande Serra Pelada
Pois me caparam na estrada
Os tempos não voltam mais.
 
Jesus foi pra Maringá
Mas gostava do Leblon
Convidando Agamenon
Prum retiro em Calcutá
Eles comeram cará
Na casa de Caifás
Judas foi seu capataz
E padrim de casamento
Surge aí o novo Testamento
E os tempos não voltam mais.

O cangaceiro Corisco
Morava numa favela
Quando numa caravela
Atravessou o São Francisco
Construindo um obelisco
No brega de São Tomás
As putas lhe pediam mais:
Queremos uma futrica
Com meio metro de pica
Os tempos não voltam mais.

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