Que as gárgulas angelicais pairem
Sobre o céu plúmbeo e obeso
Cantando-me hosanas etílicas
E mostrando-me o quanto sou obsoleto.
Mas até nos arranha-céus batem um coração
Nos asfaltos além de carros, corre sangue
E até os postes sentem a crueldade da solidão
Chamam-me citadino, um verbo ferido e ferino
Ajaezado pela ilusão sólida do concreto e do cimento
Inflexível como as armações metálicas
Irredutível e imóvel como as estátuas pomposas
Banhadas pelas fezes dos pombos.
Serei eu, um humano extremamente humano
Capaz de abstrair da flor o seu lado mais pobre
E das fezes o seu lado mais perfumado?
Na verdade sou citadino, um verbo ferido e ferino!
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