Constelações de faróis ofuscam-me os contornos citadinos
Os roucos dos motores sonorizam a filmagem da vida em movimento
E eu de peito aberto entrego-me ao ritual consumista de um supermercado
Ostentando créditos ilusórios contidos num pedaço de plástico
Penso eu que tais créditos são mais reais que minha própria essência humana
Encarno-me na alma hipócrita dos que se dizem urbanos
Corre por entre as minhas artérias a água podre da sarjeta
A baba grossa que desce da boca de um mendigo
E o suor lastimoso dos estivadores a carregar seus fados
Perante isso, lacero minhas roupas na via pública
Exibo minha genitália as donzelas e beatas tão pudicas
Gritando para todos os lados: Enfim eu também sou a cidade!
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