Desce do céu um anjo metálico, cujo ventre está cheio de gente
Ao longe ouço o seu ruge, como se invocasse a cidade para contemplá-lo
Às vezes, penso que estou num quadro de Salvador Dali
Sei lá, um Picasso grafiteiro de boné e cavanhaque.
O estrondo de cores que borram minha visão
Mostra-me uma cidade em profusão
Do Foie Gras à cumbuca de feijão
E eu boiando nessa mistura
Comendo e vomitando essa cultura
Buscando refúgios no porão.
Ressoa um canto, quase santo, de um bêbado
Que desperta os transeuntes sonolentos
Quantas vozes têm a cidade?
Quantos cantos são cantados?
Quantos os outros são silenciados?
Sinto-me numa concha acústica,
Cuja sinfonia tem um maestro underground.
Nenhum comentário:
Postar um comentário