segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

UM ABOIO

DE VOLTA AO PASSADO: A PONTE DE ARACATI
Antigamente, balsas faziam a ligação interestadual entre o Ceará e o Rio Grande do Norte nas águas do Rio Jaguaribe na cidade de Aracati. Aquela cidade histórica sonhava na época com uma ponte que lhe arrancasse o isolamento. Até que no dia 27 de julho de 1959 seria inaugurada a famosa Ponte Presidente Juscelino Kubitschek (JK), sendo um marco histórico para todo o Aracati e região circunvizinha. A terra de Adolfo Caminha encontrava-se com um dos emblemas do progresso e já não se sentia uma cidade isolada por um rio de todo resto do Ceará. Um fantasma aquoso que assombrava a cidade era sobrepujado. Por anos a fio a Ponte JK manteve-se firme, suportando todas as intempéries. Depois de anos de completo desprezo, na gestão de Lula a Ponte JK recebeu uma atenção (a obra foi orçada no valor total de 29,4 milhões de reais), contudo uma atenção que se tornou um grande estorvo. Alvo de ingerências, letargias e investigações pela Polícia Federal a obra da nova ponte e a restauração da antiga estão completamente atrasadas e é a prova cabal de que o Estado, representado por bestiais autoridades, transformou-se no covil da ignorância.
            Quinta-feira, dia 30 de dezembro de 2010, fui testemunha de um retorno ao passado. Precisamente fui levado para antes de 1959, a fila quilométrica de carros e a espera por mais de duas horas para chegar à cidade de Aracati, levou-me a imaginar que a Ponte JK nem existia mais. E eu estava certo!   Afinal de contas, as autoridades políticas haviam conseguido o impossível: a viagem no tempo. Eles conseguiram deixar o Aracati na década de 50. Um triunfo científico e um despautério social; faces distintas de uma mesma moeda! Contudo pior que tudo isso foi à desculpa injustificável e as mentiras das autoridades. Uma das mais hilárias foi a do Bismarck Maia (Secretário de Turismo do Estado do Ceará) demonstrando uma falsa preocupação com o caso (acredito eu que ele não seja cego e o caos ocorrido no final de ano já era anunciado), colocou-se disposto a resolver o grande estorvo. Entendo Bismarck, sabendo de sua veia política e oportunista, que suas palavras poderiam ter sido ditas muito antes e se o seu empenho tivesse sido há tempo, talvez não estivesse nesse imbróglio. Não que seja toda culpa dele, mas seria bom que ele assumisse pelo menos a sua omissão, como Secretário de Estado e, sobretudo, filho de Aracati. Aliás, culpado nessas horas é um sujeito invisível. A verdade que a cidade de Aracati não merece esse desprezo, ainda mais de seus filhos políticos que poderiam fazer alguma coisa.
Não sou filho de Aracati, mas já morei por alguns anos naquela cidade prazerosa e cultural. Encontro-me bastante indignado com a negligência governamental ferindo uma cidade que estimo de coração!

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