quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

DIÁLOGOS CORDELESCOS

ZILDA ARNS - HOMENAGEM EM CORDEL - COMPLETO

Vou render a homenagem
Para quem merece tê-la
No momento em que Zilda Arns
Tornou-se mais uma estrela
A brilhar com galhardia
E no ritmo da poesia
Meu intuito é enaltecê-la.

Os meus versos só são afagos
Pois não chegam à sua altura
Uma lira bem simplória
Que não tem a envergadura
Nem tampouco o seu quilate
Mas é um presente de um vate
Que é ofertado com ternura.

Meu coração está contrito
E a poesia melancólica
O Brasil ficou de luto!
E toda a Igreja Católica
Chora a repentina morte
De uma mulher de alma forte
E trajetória apostólica.

Quem não conhece Zilda Arns
Precisaria conhecer
Um exemplo brasileiro
Que não se pode esquecer
E na lira do cordel
Falo dela no papel
Para quem quiser saber.

Foi no ano de trinta e quatro
Século vinte acabado
Zilda Arns nasceu pro mundo
No tempo está registrado
O marco da heroína
Que a poesia nordestina
Hoje faz ser recordado.

Ela nasceu em Forquilhinha
Bem ao sul deste Brasil
E lá mesmo, começou
A sua vida estudantil
Formando-se em medicina
E devagar nascia a sina
De uma mulher varonil.

E lá em Santa Catarina
Começou na Capital
No hospital de crianças
A sua vida laboral
Nem passava por seu tino
Que este seria o seu destino
No contexto social.

A sua larga experiência
No tratamento da infância
Abriram novos caminhos:
Uma tenra militância
Que marcou sua trajetória
Dentro da nossa história
Com grande significância.

O seu fruto mais fecundo
De altruísmo e pujança
É por todo conhecida
Por Pastoral da Criança
Um movimento sutil
Que ajudou todo o Brasil
A nutrir-se de esperança.

Seja no Norte e no Sul
Em todo Centro e Nordeste
Seja cidade e sertão
Atingindo até o Sudeste
A Pastoral da Criança
Tem reduzido a matança
Da fome, miséria e peste.

O trabalho social
Que é feito pela entidade
Combate a desnutrição
Nos que possuem pouca idade
Sua rede de filantropia
É quem tem parado a sangria
Da nossa mortalidade.

Atuando na saúde
E também na nutrição
As crianças do Brasil
Ganharam mais proteção
Cuidado no nascimento
E no desenvolvimento
Como qualquer cidadão.

Com medidas tão comuns
E a alimentação singela
A saúde das crianças
Campo, cidade e favela
Foi obtendo mais resultado
Do que nem era esperado
De toda aquela cautela.

A pastoral da criança
Espalhou pelo país
O trabalho em mutirão
Cravejando a sua raiz
Nos ensinos de Jesus
E até hoje se conduz
Nas coisas que o Mestre diz.

Mas não só no social
Há também educação!
Pra criança, pais e agente
Os princípios de cristão
Pra se viver de verdade
Como uma comunidade
Construindo uma nação.

E tendo sempre a sua frente
Dona Zilda, a fundadora
Que cuidava da entidade
Com amor de genitora
Que defendeu com nobreza
A supressão da pobreza
Na sociedade opressora.

Por sua grande relevância
Nos trabalhos sociais
O mundo lhe concedeu
Prêmios internacionais
Dentro e fora do Brasil
Premiaram seu perfil
Suas idéias geniais.

E agora me vem o fato
A deixar-me diminuto
O triste fim de Zilda Arns
Foi pra mim um golpe bruto
O meu céu já não é celeste
E toda nação se veste
Tão somente a cor do luto.

O Terremoto do Haiti
Vitimou nossa heroína
Que andejou pelo Brasil
Parecendo peregrina
A cultivar a semente
Da bondade na gente
Como quem tem uma sina.

Uma sina que é marcada
Com toda vivacidade
De ressoar o evangelho
Através da caridade
E de respeitar o irmão
Plantando no coração
O grão da fraternidade.

Bondade não é privilégio
Para qualquer ser humano
Tem que ter a humildade
Se quiser ser soberano
E Zilda Arns do seu jeito
Tornou-se exemplo perfeito
Como o bom samaritano.

Esperar que no Brasil
Nunca apaguem a sua fama
Que tudo que ela deixou
Componha um historiograma
Destes diversos Brasis
Que ela buscou na raiz
Tirá-los do mar de lama.

Seu corpo rendeu-se a morte
Mas a sua alma transcendeu
O seu legado é indelével
E não cabe num museu
Algo importante pra mim
O fato triste não é o fim
Um novo ciclo nasceu.

Eu já cultivo a certeza:
Novas Zildas hão de vim
Como sol que nasce hirto
Namorando o meu jardim
Como a manhã que anuncia
O início de um novo dia
No perfume do jasmim.