terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Um aboio

O Contador, Conselho Federal de Contabilidade e a “alegoria da caverna”: uma analogia contemporânea!

Imaginemos aquele sujeito muito reservado e de poucas palavras, ainda que simpático. Ele chega todos os dias, pontualmente, acomoda-se em sua mesa e passa o dia sobre um mar de papel, o que se houve dele é apenas os estalos de seus dedos a tocar a calculadora e o teclado do computador. Vezes por outra, sua atenção se volta para um Regulamento tributário e/ou de Procedimentos Contábeis. Na empresa tratam-lhe como um “apêndice”, ninguém sabe bem sua função, mas quando no seu setor tem algum problema toda empresa sente direta ou indiretamente. Até o próprio sujeito sente-se um “apêndice”, por desconhecer sua própria importância. Não seria esse sujeito análogo aos “prisioneiros da caverna” de Sócrates? O Contador continua acorrentado a crenças e preconceitos, contentando-se com uma réstia de luz cujas projeções (leis obtusas do governo que impede o contador de exercer suas reais funções) alimentam o seu tempo com falsas atribuições.
Como numa espécie de paráfrase da conhecida parábola socrática, podemos traçar nitidamente uma analogia com a condição profissional do contador de ontem e hoje. Por mais que se diga que houve um avanço na área contábil, por si só, esse avanço não libertou os contadores de uma enorme caverna que ainda vivem. E para não se ater apenas ao profissional em si, a crítica também recai sobre os órgãos de representação, inclusive o Conselho Federal de Contabilidade – CFC. O CFC é um órgão que, diferentemente, de tantos outros no país passou em branco na história, não há indícios de sua participação ativa em movimentos sociais e históricos, sobretudo na constituição de leis que estabeleceram diretrizes contábeis, econômicas e tributárias dentro do seio governamental. Onde estava o CFC nas Diretas Já? Na criação do Regulamento do Imposto de Renda? PIS? COFINS? ICMS? Certamente acorrentado a antigos padrões e de dentro de sua caverna o CFC contentou-se com as projeções das coisas, tomando-as como reais, tal como a parábola.

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