quinta-feira, 12 de julho de 2007

DOIS PONTOS INVERSOS - I

DISCURSO DE UM HOMEM DE CIÊNCIA

Meus olhos não vêem além do que me dizem, do que eu consigo alcançar através da razão cartesiana. Não acredito no pote de ouro no fim do arco-íris, nem no que está além do horizonte. O céu é o limite, o que há além dele não é do meu feitio. Aonde não houver racionalidade não existe nada! O abstrato é uma coisa fantasiosa para contrapor tudo que é legítimo e racional. Não há espaço para o achismo, a poesia, o devaneio, a filosofia e as incertezas nascidas dessa fraqueza humana de buscar o mistério. Apesar dessa material biológica que carrego, sinto-me de aço, chip, plasma e fios. Viva o contemporâneo, a digitalização da vida e a virtualidade do cotidiano. A ciência cuida da minha vida, protegendo-me do obscurantismo e das abstrações, sobretudo, poéticas. Pra quê a poesia?
Poesia não faz carros, nem casa e nem prédio. Poesia não traz conforto e nem acesso à Internet. Poesia traz dúvida, nega axiomas, perturba a cabeça e quase indecifrável!

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