segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

UM ABOIO

PSICOGRAFIA DO MEU (ALTER) EGO

O meu gibão - minha primeira couraça - é tão fulgurante quanto o sol desse sertão. Eis que troto por entre galhos secos, cinzas e espinhos. Eu e meu cavalo somos únicos igualmente a um centauro descendente de Filira e Cronos – guardião das reses dispersas – rasgando uma “caatinga de Tessália” num trote empoeirado. O meu sangue moiro naquele instante excitou-me a cantar um canto arrastado que magnetizava as reses. O aboio que ora canto me escancara, exibindo as marcas indeléveis e invisíveis inerentes nos olhos. Comparo-me a essa caatinga de Tessália cheio de sequidão, sulcos e mormaço, contudo tudo isso é um embuste natural para se ocultar as riquezas que se acumulam por todos os lados naquela região. Assim sou: guenzo, trôpego e cabisbaixo, mas dentro de mim arde o fogo do inesperado que me faz hercúleo; que me faz centauro e que me faz um aboiador de versos.

2 comentários:

Mirella Costa disse...

Poxa vida! Impressionada...

Mirella Costa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.