quarta-feira, 13 de outubro de 2010

UM ABOIO AO TIRIRICA

O efeito Tiririca e o falso discurso da crise política momentânea



                Talvez muitos hão de perguntar se o escriba que ora subscreve tem métier político para dissertar sobre o assunto que se intitula esse artigo. Digo-lhes de antemão, não tenho. Tenho vivência política, sem comprovação acadêmica, como leitor, observador e eleitor. O efeito Tiririca reascendeu o falso discurso da crise política momentânea, como se esta fosse nova e nascida da candidatura de um palhaço. Casuísmo! Ledo engano! O nosso sistema política vive uma crise crônica desde o período Pré-cabralino, quiçá antes dele. Os votos dados ao Tiririca são: voto de protesto? voto de deboche? As rotulações dos votos ostentadas pelos analistas é a forma paliativa de se discutir ao mais profundo na essência política. Acredito que muitos votaram conscientes, outros não, muitos eram analfabetos, outros tinham curso superior e talvez até pós-graduação. Em linhas gerais, a votação do Tiririca foi normal como as demais, contudo o frisson só se deu porque ele tinha a chance de ser eleito. Aí está o cerne! Ninguém falou do Maguila, Mulher-pêra, Adrielly Fatal e mais: de tantos os outros que já se candidataram e foram muito mais toscos que o Tiririca. O leitor pode até dizer que questão está no caso que o Tiririca vai levar mais três deputados com ele. Qual a culpa do Tiririca? Será que foi ele que fez a lei eleitoral? Ele pode ter sido usado com tais propósitos, mas se a lei abre esse precedente o erro está nos dispositivos legais. E essa manobra eleitoral é feita todos os anos por todos os partidos políticos, com intuito de assegurar vagas nos cargos eletivos. Não foi nenhum pecado original (caberia aqui o termo: pecado eleitoral). Mas no Brasil prevalece a cultura do bode expiatório que no final jogam a culpa no povo, traduzindo aquele velho hábito de jogar a sujeira para debaixo do tapete. A crise política sempre existiu e existiria amiúde, enquanto não se mudar a legislação político-eleitoral. Desculpe-me os analistas, mas o buraco é mais em baixo, a política não vai mudar depois da vitória do Tiririca e nem mudaria com a sua derrota. Ela sofre uma crise constante que a empurra para a mudança! E todo ano os legisladores vão costurando os buracos ocasionados pela crise política, sem nunca resolvê-la de imediato.

                     Os analistas deviam saber que o efeito Tiririca é o resultado e não vetor!

                     Outro fato pertinente reside no fato que se diz que o Tiririca é analfabeto! (essa é a melhor de todas) Na minha cidade a maioria dos prefeitos eleitos durante a nossa história era analfabetos, daqueles que não sabia fazer um “o” com a quenga como diz no interior. O Poder Judiciário, sabedor da realidade, nunca os impediu de se diplomar, pelo contrário ratificavam as decisões eleitorais. Essas coisas para mim são bravatas judiciais, não dão em nada! O que também contribui para a crise política! A lei da ficha limpa, por exemplo, é mais um remendo para grande colcha de retalhos esburacada da nossa política e mesmo assim ela ultrajada pelo Poder Judiciário, Legislativo e Executivo.





Recomendo aos analistas: esqueçam o Tiririca! Tá na hora de pensar nossa política sem casuísmo!

Um comentário:

Mirella Costa disse...

Adorei o artigo! Uma análise bastante pertinente do nosso infeliz sistema eleitoral.