quarta-feira, 14 de abril de 2010

DIVINA COMÉDIA URBANA

Ó cidade

derrama-me garganta abaixo o teu bálsamo

extraído das suas nuanças e de seus vícios

Não me amparo no puritanismo insípido

Na má-educação polida e disfarçada

Prefiro a cicuta dos templos amaldiçoados

A fumaça negra que me resseca os pulmões

Ó cidade

Enjaula-me nas suas entranhas inflexíveis

Quero ser um feto marginal

Regurgitando palavras vazias e músicas inauditas

Pouco me importa as coisas retílíneas

a perfeição lógica nos fatos irracionais da vida

Eu não sou tão somente a cidade

e a cidade não é tão somente eu

Somos gêmeos siameses que nunca tiveram juntos.

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