segunda-feira, 19 de abril de 2010

UM ABOIO

BARRABÁS - O MESSIAS DE SANGUE - PARÁGRAFO 1

Não tenho medo da escuridão, dentro de mim arde à chama impetuosa da paixão por esta terra. Há mal nisso? Se houve... quero eu mesmo mergulhar no oceano magmático do inferno, pouco me importa as tábuas de barro, os profetas que vieram antes e virão depois de mim. Assim sou. Não quisera eu me tornar mais um hebreu qualquer escravizado pelo Império Romano. A passividade a meu ver traduz o sentimento medíocre de que não tem nem perspectiva de vida. A vida na sua dinâmica obscura suplica a cada um de nós o arrojo latente que corre nas artérias, manifestado quando se liberta o espírito e se quebra os grilhões do medo ilusório. Não é à toa que me chamo Barrabás tenho o odor e a cor desta Galiléia banhada de sangue. Esta terra é uma extensão do meu corpo, amo-a como genitora ao filho. Andei descalços por suas vielas e veredas, respirei toda a poeira ruiva inflando os pulmões com sua essência mais acentuada. A pobreza não me tirou a fortuna que emana das coisas simples de minha gente: o olhar castigado pelo tempo, o andejo firme e letárgico, a força que emerge da neurastenia aparente e a nossa incansável vontade de ser feliz. Somos um povo feliz com vocação para o infausto, nossa história casou-se com a dor e nunca mais pediu divórcio.

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