quinta-feira, 22 de abril de 2010

Um dedo de prosa dentro da poesia!

SONETO DISSONANTE PARA EDITE (*)

Acordem meu acorde que adormece nessa acústica
Ad libitum! meus versos nessa seqüência agógica
Que cantarei “Edite” al fine nas entranhas de Bach
Nos testículos caídos de Ludwig van Beethoven

Aos que me ouve nesse soneto tão sinistro
Hão de sentir na carne as vibrações musicais
Avolumando-se para formar um Te Deum
Que se rende ao piano oculto de Dona Edite

A saudade, data vênia, é um inverno de Vivaldi
E a falta de Edite é uma pausa músical interminável
Meu drama é mais extenso que uma sinfônia

As mesmas ouvidas na avenida Simão de Góis
Que deleitavam os fantasmas da Igreja-matriz
E apascentavam os coros das rasga-mortalhas.


(*) Três anos da morte da nossa maior musicista.

Nenhum comentário: