ODE DA SOLEDADE
Soledade;
Até os monásticos regozijam a concupiscência
Quando os murros íngremes amputam-lhes o horizonte
Nem me recordo de minha última quimera
Recuso-me de vez entrever Pablo Neruda
E onde tu estavas quando cortei os pulsos
As paredes tornaram-se meu próprio mausoléu
Esperei as tuas flores, mas elas não vieram
Por quê?
Soledade;
Frívolo. Entre os silvícolas me sobreponho jocoso e frio
Desgarrado de teus templos e devaneios santos
O meu infortúnio é a minha passagem para a heroicidade
Mesmo que eu seja um herege mítico de Deus
E onde tu estavas quando me prostrei inebriado
Nas catedrais e lupanares de um Deus onipresente
E mais uma vez esperei tua benção, mas ela não foi dada
Por quê?
Soledade;
Que o céu desabe sob meu frontispício magro
E os imbecis podem vomitar na minha poesia
Já esqueci como se faz um soneto
Meu brasão está quebrado, e o livro?
Onde tu estavas quando me afoguei
Os arranha-céus arranharam minha alma
E você nem veio para costurar os retalhos
Por quê?
Soledade;
Sou um homem corroído pelos abutres de seda
Um poeta de bar, amante das amazonas
Soledade;
Soledade, soledade regressas mais tarde
Nenhum comentário:
Postar um comentário