sexta-feira, 21 de maio de 2010

DIVINA COMEDIA URBANA

Erga-se leviatã de concreto, arame e solidão
De sua lagoa de asfalto em que nado
Aturdido pelos embustes à moda do fado
Devora-me os resquícios da paixão!
Erga-se Leviatã de pedras, caibros e aglomerado
Que eu pulso dentro do seu coração
O seu canto sacrossanto é também minha canção
Que eu canto todo amarrado!
Meu sangue é a sua urina no muro
O seu passado copula o futuro
Na busca de um orgasmo temporal
E o que sou? Um poeta sem cabedal!
Um anjo pobre meramente impuro
Recheado por uma alma rural.

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