domingo, 7 de outubro de 2007

UM ABOIO

Eu comi Kerouac


Eu nasci emergido em um líquido amniótico do movimento beat, apesar de não ser tão velho assim. Quem nunca teve vontade de se desvencilhar do seu meio social, entregando-se ao doce sabor do imprevisto. Talvez algumas pessoas vão dizer que não, porém sei que muito já pensaram nisso pelo menos na juventude. Quero dizer de antemão que nunca li nenhum dos autores beatniks, não tive o prazer de decifrar sua literatura tão primordial para o “boom” na cultura mundial. Mesmo sem essa noção segura do movimento, eu sentia no meu sangue o estilo beat e aquela vontade de não me ater a uma vida fechada e nocivamente calma. A estrada chamava-me quase em tom hipnótico. Não confundam! Esse sentimento não era unicamente sair pelo mundo a pé com as centenas de “sem-rumos” que transitam por aí. Eu queria mais, queria conhecer a Rota 66 que havia dentro de mim e que por preguiça urbana eu a havia esquecido. Posso afirmar também que não busco me inserir nesse movimento, mas que havia dentro de mim esse movimento isso eu tinha certeza!
Os itinerários que já fiz na vida, não se comparar com os dos escritores do movimento, mas tive sensações análogas. O sabor exótico de pôr literalmente o “Pé na estrada” não era simplesmente com intuito de aventura, era busca do conhecimento que era banida das escolas e universidades. Além disso, as cidades haviam abnegado-as, empurrando-nos para uma condição conformista da realidade. Uma tentativa de se encontrar! Todos nós temos um pouco de beat dentro da alma, a vontade subverter o padrão e de expressar a essência de nosso ser. E essa sensação para mim é afrodisíaca, um tesão incontrolável de enrabar Kerouac e seus companheiros, abstraindo todas as suas energia literais.

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