quarta-feira, 20 de junho de 2007

EDITE MOREIRA: MEU ADEUS DESAFINADO!

“Tardiamente, soube da trágica notícia do falecimento da Ilustríssima Dona Edite Moreira Barreto no dia 18 de Abril de 2007, queria desculpar-me com a grande maestrina que deve está a essas horas tocando “Mozart” para Deus. Contudo, numa atitude de reparação e muito mais uma homenagem a maior Musicista do Vale do Jaguaribe, escrevi de improviso uma pequena crônica.” Ei-la:
RETALHO DE MEMÓRIA DE UM POBRE OUVINTE


Ontem vasculhando o baú de minhas memórias, deparei-me com alguns sobejos de lembrança de meu torrão que sorrateiramente não foram devorados pelo esquecimento. Lembrei-me das noites cálidas, cujo silêncio era extirpado pelas ondas sonoras de um piano. O dedilhar suave e rápido de uma até então desconhecida, que eu ouvia atenciosamente sentado na calçada da Igreja-matriz. Ah que saudade! Eu era rude e não tinha noção do que era música clássica, valsa, bolero, polca, samba e muitos outros ritmos que passavam desapercebidos pelos meus ouvidos. Mas uma coisa, eu não perdia de vista, era que todas aquelas sonoridades possuíam uma qualidade melódica inquestionável, um som que era um bálsamo para qualquer ouvido. A pessoa por detrás daquelas músicas – eu dizia em pensamento - tinha um talento admirável. Com o passar do tempo, o próprio tempo encarregar-se-ia de me evidenciar quem era a pessoa. E disse-me o tempo ao pé do ouvido com nome e sobrenome: Edite Moreira Barreto. O qual tornou-se impagável na minha cabeça. Haveria de reencontrá-la no glorioso hino da Escola de Ensino Fundamental e Médio Manoel Sátiro, uma das suas composições: “Para nós és um divino crisol/ Cantaremos triunfante hosana pela Pátria na Terra do Sol”, aonde prestei meus estudo iniciais.

Edite sempre foi uma mulher garbosa, sempre elegante e com uma postura de dama. A sua presença propriamente dita já era digna de respeito e admiração. Uma pessoa da qual eu não tinha nenhuma proximidade, mas cultivava uma admiração a distancia e me resignava diante de sua capacidade musical. Depois de um tempo, as músicas durante a noite foram acabando. Ninguém mais ouvia o solfejo doce de seu piano. Dona Edite estava doente e impossibilitada de tocar, conseqüentemente, a cidade também desfaleceu junto a ela e suas noites tornaram chatas e desafinadas. E a Ilustríssima Edite assim como surgiu na minha vida, ela sumiu sem dar qualquer satisfação. No dia 18 de Abril de 2007, a nossa musicista é chamada por Deus para compor a sua sinfonia celestial e para ensinar os querubins às teorias musicais. E nesse momento, mesmo tardiamente, quero expressar toda a minha admiração a um dos maiores vultos da musicalidade Cearense, Brasileira e do Mundo. Uma conterrânea que carrego aqui dentro do peito e no meu baú de memórias.

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