quarta-feira, 14 de novembro de 2007

UM ABOIO

Tudo ali se resumia a um corpo estendido por sobre uma “cama-box”, um corte profundo na altura da jugular que ainda minava sangue. O braço direito ligeiramente curvado cuja mão segurava um pedaço do espelho e outro braço esticado com a mão aberta. Ventre para cima, olhos abertos, boca fechada e a cabeça totalmente inclinada para o lado da janela, como se desejasse enamorar os arranha-céus. Sobre o criado-mudo meio copo de uísque importado, várias pontas de cigarro no cinzeiro, várias fotos da cidade e uma carta de despedida que se resumia a seguinte frase: “entregar-se ao suicídio é estar disposto a lembrança ou ao esquecimento”.

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