sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Dialógos Cordelescos

Cabeça de prego, nariz de martelo
Esmola pro são, trabalho pro cego
Se eu falo que “sim”, na verdade lhe nego
Perdendo o cabaço me torno donzelo
Na casa de taipa refaço um castelo
Devoro o dragão que se fez pro jantar
Jantando a comida que fiz pra almoçar
Almoço que é feito pro início do dia
Quem quer tomar banho que traga bacia
No lago barrento que corre pro mar.

Eu vejo no fundo dum lago barrento
Um peixe pitando o cigarro da vida
E o mundo pagão disputando corrida
Na linha tão curta do meu pensamento
Se vejo um humano, prefiro o jumento
Escrevo no chão com tintura solar
Com pó das estrelas que se pode achar
No ventre ferido do solo de Plutão
Que fica vizinho aos confins do sertão
Bem perto da casa naquele lugar.

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