quinta-feira, 18 de novembro de 2010

DIVINA COMÉDIA URBANA

Beijei todas as orquídeas de conhaque

Naquela noite que saímos pela cidade
A minha e a sua vida como caiaque
Navegaram nesse asfalto da casualidade.


Entre saque e assalto, pureza e promiscuidade
A Deusa de concreto me alerta para o seu ataque
O ataque onírico cheio de paixão e banalidade
De uma cidade muda que grasna mil sotaques.


Eu só mais um, mas também sou um milhão
Não me aceito como um número natural
E nem um índice qualquer da população


Sou carne, osso, espírito e vendaval
Completo que insiste em ser fração
Citadino que nunca deixou de ser rural.

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