MORRE MAIS UMA MARIA NOS TERMINAIS DE FORTALEZA
Ontem (21.11.2010) quando cheguei ao Terminal do Papicu, vindo da casa do meu irmão, fazia alguns minutos que havia acontecido o atropelamento. O corpo de D. Maria de Lourdes já estava sem vida e rodeado de gente. Busquei, ainda que não seja jornalista, sondar as duas versões. De um lado fatalidade do outro lado imprudência, alguns funcionários tentaram salvaguardar a integridade física do motorista o escondendo da ira dos revoltosos. Nada mais justo. Outros tentavam consolar os familiares, auxiliando de alguma forma a vítima. Testemunhei cada ato e os discursos proferidos pelos dois lados. Meditei com parcimônia.
A imprensa cearense cobriu o fato como algo corriqueiro e mais um na estatística. Jornal O povo, na sua cegueira jornalística, ainda colocou em discussão apenas a imprudência de motoristas e pedestres. Creio que existe mais um personagem nesse fato: o poder público. Pergunta-se: as medidas de segurança nos terminais são aplicadas adequadamente? Tem pessoal especializado suficiente para esclarecer a população? O ritmo estressante dos motoristas não afeta a qualidade de seu trabalho? A logística malfeita dos nossos coletivos não contribui muitas vezes que o usuário se arrisque para não perder um ônibus? Porque demorou tanto o atendimento médico? Milhares de questionamentos são feitos e todos deságuam na negligência governamental. Os grandes especialistas atentam-se ao fato em si, como se este fosse algo esporádico e sem uma origem muito mais complexa.
A verdade é que todos os dias, os usuários e funcionários de transporte coletivo – dentro ou fora de terminal – colocam as suas vidas em risco e ninguém vê isso. Fortaleza é uma bomba-relógio prestes a explodir, mas as autoridades (in)competentes insistem em pintar uma Fortaleza que não existe. Quantos ainda terão que morrer para que os especialistas estúpidos vejam que este fato transcende a imprudência do binômio (usuário e motoristas).
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