segunda-feira, 17 de setembro de 2007

UM ABOIO

MONOLÓGO DO LEVIATÃ (OU DO MEU EU)
Dentro de minhas entranhas há um enorme leviatã. Não passo de um mero casulo dessa monstruosidade intrínseca a minha alma. Esse meu lado recôndito é a essência verdadeira do meu “eu”... Tudo mais são gestos que falseiam a personalidade, guardada dentro desse corpo esguio. Deságua em mim toda hipocrisia, a mentira e má-educação e eu me deleito de tudo isso como um alucinógeno... Um ser repugnante que deveria ser execrado do meio social de qualquer ser humano. Como espécies humanas descartáveis que suas morte em nada fariam falta a qualquer um.

Há um leviatã que vejo refletido no meu espelho; meu “eu” demoníaco, assassino e vampiresco. Cuja maldade é o único ar que ele respira, sua razão indispensável para a vida. Sou o sementeiro da ilusão doentia e espalho a peçonha dos sentimentos não sentidos. Não mereço o amor, compaixão e nem a mais minúscula atenção de qualquer ser. O isolamento e o desprezo declarado devem desabar sobre mim como um fado de 10 mil toneladas, esmagando-se cada osso, cada víscera e cada órgão. Não há fim mais desejado e adequado do que todas as dores perpétuas do mundo cravejadas no peito desse leviatã que escreveu esse mísero texto.

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